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sexta-feira, 31 de maio de 2013

A Verdade destina-se às massas ou a poucos escolhidos?

(...) Não vou instar-vos a aceitar aquilo que tenho como a Verdade absoluta; deixo-o ao vosso critério, pois somente este é valioso, somente este é duradouro, e somente ele vos deve guiar, sustentar e proteger. 

(...) Repito que não tenho discípulos. Cada um de vós é discípulo da verdade, desde que compreenda a Verdade e não se ponha a seguir outros indivíduos. Não tenho seguidores. Espero que não considereis a vós mesmos como meus seguidores, porque, se o fizerdes, estareis pervertendo e traindo a Verdade que eu defendo. Não tenho discípulos; não tenho seguidores; mas, se compreenderdes a Verdade que vos ofereço, em toda a sua simplicidade e grandeza, e amardes essa verdade pela sua própria beleza, tornar-vos-eis então discípulos dessa Verdade. Não tenhais cuidados sobre quem é discípulo e quem não o é. Que empenho o vosso de julgar os outros! Aspirais à qualidade de discípulo com o fito de serdes persuadidos ou dissuadidos, com o fito de vos arrimardes em alguém, de serdes protegidos por alguém; mas, meu amigo, quando dependeis de outra pessoa, ai de vossa vida!

Espero, pois que esteja agora perfeitamente claro que não necessito de discípulos nem de seguidores; porque eu sustento que ser discípulo de um indivíduo qualquer é trair a Verdade. A única maneira de alcançar a Verdade é ser discípulo da própria Verdade, sem necessitar de intermediário. Não vos choqueis, não vos sintais desapontados – a Verdade nem sempre é aprazível. A Verdade é rude para aqueles que não compreendem, mas a Verdade é amável, delicada, generosa e encantadora para aqueles que compreendem. Nessas condições, amigo não existe a categoria de discípulo, a não ser para aqueles que compreendem que ser discípulos não é seguir indivíduos, porém só a Verdade em seu sentido absoluto, a Verdade infinita. E vós que tanto vos deleitais como vosso culto das personalidades, que tanto vos deleitas com vossos intermediários, achareis difícil aceitar a Verdade, mas não estou aqui para vos agradar. Não vos torneis seguidores nem discípulos de indivíduos, mas tornai-vos o tabernáculo da Verdade sem princípio nem fim, e então as questões concernentes a quem é apóstolo, quem é discípulo, ...se dissiparão, porque nenhum valor tem.

Quando galgais uma encosta elevada e encontrais pelo caminho indicadores da direção, vós vos detendes para adorar esses indicadores, ou prosseguis a marcha, deixando-os para trás?(...) Não há compreensão no culto das personalidades. Os rótulos que adorais carecem de significação. Bem sei que terei dúvidas sobre o que estou dizendo, e que minhas afirmativas suscitarão em vós um sentimento de incerteza, mas, meu amigo, eu vos digo que a verdade nada tem que ver com as personalidades mesquinhas e tirânicas que adorais, sejam elas quais forem. A Verdade transcende todas as graduações, porquanto essas graduações só existem por causa das limitações humanas.

(...) Continuo a sustentar que todas as cerimônias são desnecessárias à evolução espiritual. Quanto vos agradaria se eu dissesse, pela maneira mais autoritária, que elas são necessárias, ou que não o são! Quanto vos deleitaria se eu dissesse: “A Vontade, senhores, continuais a celebrar as vossas cerimônias!” ou “Não, senhores, deixai de celebrar cerimônias” – porque vos sentiríeis então em vosso elemento. Mas, porque eu não digo tal coisa, porque não baseio o que expresso em autoridade alguma, ficais intrigados, e na vossa ansiedade dá-se uma confusão de propósitos, acentuando-se o que não é essencial e perdendo-se de vista o que é essencial. Eu digo que todas as cerimônias não são essenciais para o preenchimento da vida. (...) Sois todos como crianças incapazes de se susterem nas pernas e caminhar desamparadas. (...) Não vos sirvais de mim como de uma autoridade, não digais que Krishnamurti desaprova as cerimônias. Eu não aprovo, nem reprovo. Se desejais celebrar cerimônias, vós as celebrareis, e essa é uma razão suficiente em si mesma; se não desejais celebrá-las, não as celebrareis, e também essa é uma razão suficiente em si mesma. Tais dificuldades só se manifestam quando o indivíduo está empenhado em obedecer, quando está atemorizado - atemorizado pela ideia de perder o maná espiritual que julga existir na organização de que faz parte. Nenhuma organização, por mais amadurecida pela tradição, por mais firmemente estabelecida que seja, contém a verdade. Se desejais procurar a Verdade, deveis fazer-vos ao largo, distanciar-vos das limitações da mente e do coração humanos, e descobri-la então, - e essa Verdade está dentro de vós mesmos. Não é muito mais simples fazer da própria Vida o alvo, da própria Vida o guia, o Mestre e o Deus, do que ter intermediários, gurus, que inevitavelmente “reduzirão” a Verdade e, portanto, a trairão?

(...) Digo que a libertação pode ser alcançada em qualquer degrau da evolução, pelo homem que compreende, e que não é essencial render culto a esses degraus, como vós o fazeis. Assim como tendes, na vida mundana, um sentimento de classe, que vos infunde reverência pelos títulos aristocráticos, assim também tendes um sentimento de classe de ordem espiritual; não há muita diferença entre estas duas coisas. Por essa razão, deveis desenvolver a compreensão e o desejo de alcançar vosso alvo, e esquecer todos esses graus e as pessoas neles situadas. Que valor têm eles para vós?

Porque perdeis de vista o alvo da vida, porque não desejais alcançá-lo com todo o ardor, com todo o interesse e energia, esses graus, com os seus rótulos, vos prendem e escravizam. Seguramos um brinquedo à frente de uma criança, à fim de estimulá-la a andar, e a criança que é sensata não se põe a adorar esse brinquedo, porque o seu desejo é andar. Vós não sois crianças. Entretanto, estais adorando um brinquedo. Eu vos digo que a Vida é muito séria para brincar-se com ela, e, como já disse, é chegado o tempo de decidirmos se vamos continuar, como crianças, a admirar brinquedos, ou se vamos ser homens e mulheres adultos, dispostos a rejeitar tudo quanto é pueril, a fim de descobrir a Verdade. Encontrar e estabelecer a Verdade depende de vós mesmos e de ninguém mais. Se eu destruísse todos os vossos arrimos atuais, logo inventaríeis outros, para satisfazer o vosso desejo de apoio, inventaríeis logo outras idéias fantásticas. Direis que não creio em nada dessas coisas. Não creio nem descreio. Para mim elas têm valor insignificante, em comparação com a joia mais preciosa deste mundo, que é a Vida.

Podereis alcançar a libertação em qualquer degrau da evolução, se possuirdes um desejo ardente de alcançá-la, se nutrirdes o anseio de rejeitar todas as coisas que não são essenciais de vos agarrardes, tão fortemente como a morte, às coisas que são vitais, essenciais. E para determinardes o que é essencial e vital, deveis observar, deveis estar atento para tudo quanto se passa em redor de vós. A vida é uma tela tecida dos fatos comuns de cada dia e, se não utilizardes esses fatos, perdereis o significado das pequeninas coisas, com as quais as grandes coisas são construídas.

(...) Digo que a Vida é uma só, embora as expressões da Vida sejam múltiplas. Na Verdade, não existe nem macho nem fêmea; como pode existir? Tendes um corpo diferente do meu; mas, não tendes a mesma tristeza, as mesmas dores, as mesmas ansiedades, e as mesmas dúvidas? O de que necessitais é uma mente pura e um coração cheio de amor, e então todas essas coisas perderão a importância. Ninguém vai completar a minha obra, senão vós mesmos. Talvez o que digo não vos agrade e, por isso, desejeis outra imagem para adorar e tereis uma tal imagem, por vós mesmos fabricada, seja esta ou outra qualquer. Enquanto não aspirardes à Verdade no seu sentido absoluto, enquanto não aspirardes à liberdade, inventareis para vós mesmos muitas frases, muitas imagens, muitos rótulos, e vos enleareis nas complicações das filosofias e das crenças. Se desejardes a Verdade como um homem que se afoga deseja o ar, não necessitareis dessas complicações. Mas, preferis satisfazer-vos com coisas fáceis, agradáveis, suaves, a enfrentar uma luta rude com vós mesmos, a compreender a vós mesmos e, assim, vencerdes.

Não ides, depois, citar-me como autoridade. Recuso-me a servir-vos de apoio. Não irei para uma clausura, para ser venerado por vós. Quando trazeis para dentro de um quarto o ar puro da montanha, perde esse ar a pureza e sobrevém a estagnação: e nenhum homem judicioso se deixará prender nessas coisas que pervertem e fazem estagnar a mente e o coração.

Porque eu sou livre, porque encontrei esta Verdade que não tem limites, que não tem princípio nem fim, não me deixarei condicionar por vós. Podeis expulsar-me de vossos corações e de vossas mentes, mas eu não vos servirei de arrimo, nem me deixarei prender na clausura de vossas pequeninas ilusões.

(...) Minha doutrina difere totalmente da do materialista, e se não o percebestes, lamento-vos. Eu nunca disse que não há Deus. O que eu disse é que só existe Deus conforme se manifesta em cada um de nós, e que, quando houverdes purificado aquilo que está dentro de vós mesmos, achareis a Verdade. É claro que Deus existe; mas não vou empregar a palavra Deus, porquanto ela assumiu um significado muito especial e estreito. Para uns ela sugere um punho possante e iroso; para outros, um ser de longas barbas; para outros, uma Inteligência Onipotente, Onisciente e, Suprema. Isso eu prefiro chamar Vida, porque nos aproxima mais da Verdade, porquanto vós tendes de lidar com a própria Vida, e não com o culto que rendais a um ser exterior, enganando a vós mesmo. A Verdade, tal como a Vida, é como o raio de sol: se sois sensato, abrir-lhe-eis as janelas; se não sois sensato, descereis as cortinas. Se estivésseis enamorado da Verdade, essas imagens não teriam mais valor nenhum para vós.

“... que não existe nem bem nem mal”. Está visto que não há nem o bem nem o mal. O bem é aquilo que não tememos; o mal, aquilo que tememos. Se, portanto, destruirdes o temor, estareis espiritualmente preenchidos; mas, se ficardes condicionados pelo temor como o estais - continuará a existir o mal, o bem e a moral, para sustentar-vos, na vossa fraqueza.

Quando estiverdes enamorados da vida e puserdes esse amor acima de todas as coisas, e julgardes por esse amor, e não pelo vosso temor, desaparecerá então esta estagnação que chamais moral; o que ocupará vosso pensamento será, então, o quanto estais enamorados da Vida, e não quanto mal e quanto temor existe no vosso coração. Ou, melhor vós julgareis pelo vosso amor, e não pelo vosso temor. Eu sei que vos proíbem de julgar; mas, como sempre julgais, porque então não julgar de acordo com a Verdade? E para julgardes segundo a Verdade, é preciso que estejais, apaixonados pela Vida; mas, então, nunca julgareis, em circunstância alguma. Porque não estais enamorados da vida, vós julgais pelos vossos padrões de moralidade; pelo bem e pelo mal; pelo temor de céu e inferno; e por isso opondes uma barreira àquele amor, àquela compreensão da vida.

(...) Se fordes arrebatados, agora, pela minha autoridade, sereis arrebatados, futuramente, por outra autoridade qualquer. Obedecereis a mando da autoridade e desobedecereis a mando da autoridade. Vossa compreensão fica muda, no caso. Desejais conforto a toda hora e esse conforto vós o encontrais em palavras na autoridade, nos deuses e dogmas.

Mas, se puderdes perceber que não existe conforto, e sim compreensão, não ficareis enredado em palavras, em idéias, ou no que dizem os livros, ou à sombra dos deuses que adorais. Que pressa tendes em julgar, sem conhecimento! Em aceitar, sem compreensão!

(...)Vós aceitais o que vos agrada, e rejeitais o que vos desagrada. A Verdade, que é a Vida, nada tem com pessoa alguma nem com organização alguma. Amigo, estais a brincar com estas coisas. Não são elas de importância capital para vós, mas para mim elas são de vital interesse. Importa-me muito a Verdade e o despertar em cada um de vós o desejo de descobrir essa Verdade. O que vos importa é a consciência de Krishnamurti. Mas como o podeis saber, se não conheceis nem Krishnamurti nem o Cristo? (...) Não me interessam organizações. Não me interessam sociedades, religiões, dogmas; o que me interessa é a Vida, porque eu sou a Vida. Não almejais a Vida e o preenchimento da Vida, que é a Verdade; uma passageira sombra de conforto, nesta ou naquela organização, uma dose de palavras suaves e de idéias agradáveis, são suficientes para vossa limitada compreensão. Assim, pois, amigo, estais preso nessas coisas. Porque à Vida vós antepondes as organizações, a autoridade de outro, as frases de outro, estais prisioneiro e sufocado. Eu vos falo a respeito do cume da montanha, que não conhece sombras, que nunca está toldado de nuvens, que é constante e eterno, e o que vos interessa são os vales que jazem à sua sombra. Se desejais compreender o cume da montanha, deveis deixar o vale, e não permanecer nele, adorando, de longe, o alto da montanha. 

(...)Não desejo que aceiteis qualquer coisa do que vos digo. Nada necessito de qualquer de vós; não desejo a popularidade; não preciso de vossa lisonja nem de vossa obediência. Porque estou enamorado da vida, nada preciso. Estas questões não são de grande importância; o que tem importância é o fato de que estais obedecendo à autoridade e permitindo que vosso julgamento seja pervertido por ela: Vosso julgamento, vossa mente, vossos afetos, vossa vida, estão sendo pervertidos por coisas destituídas de valor, e é nisso que reside o sofrimento.

Vi, num templo indiano, uma família de símios - pai, mãe e filho. O filhote estava sempre agarrado à mãe, não a deixando nunca. E, numa fazenda de criação de leões, na Califórnia, eu vi uma leoa com seu filhotinho. Este andava livremente pelos arredores, independente da mãe. Que preferis: ser apegado como o macaco ou independente como o leão? O homem que deseja libertar-se de todas as suas limitações, deve jogar para longe todos os arrimos. Se desejásseis subir às alturas, não levaríeis convosco todos os vossos haveres, vossos títulos, vossos rituais e vossos amigos. Abandonaríeis todas essas coisas, para subirdes sozinho. Subir livre de embaraços não significa egoísmo. Não vos torneis a enganar com essa ideia. Se desejais subir, será sensato fazê-lo com determinação, com perseverança, sem a carga de complicações. A Verdade não depende de pessoa alguma, por mais que ameis essa pessoa. Ela está acima das pessoas, acima dos deuses que imaginais e dos lúgubres santuários dos templos. Eu sei o que sou; sei qual é a minha finalidade na Vida, porque sou a própria Vida, sem nome, sem limitação. E porque eu sou a Vida, desejo instar-vos a adorar essa vida, não na forma que é Krishnamurti, porém a vida que reside dentro de cada um de nós. Lançai fora toda essa bagagem de crenças, religiões e cerimônias, e encontrareis a Verdade.

(...) Porque o temeis? De que tendes medo? Medo de que o que eu digo seja a Verdade? Medo de abandonardes as coisas a que há tanto tempo vos apegais? Como julgais possível achar alguma coisa na vida se tendes medo de levar vossos pensamentos e sentimentos até as ultimas conclusões?

Amigo, vós alcançareis a Verdade se deitardes fora o que haveis adquirido, e não se vos apegardes a essas coisas. Esta é a única maneira de se achar a Verdade. Se desejais dinheiro, não procedeis com crueldade para acumulardes vossas riquezas? Mas não desejais a Verdade por essa maneira. Não quero dizer que sejais egoístas e cruéis - porque, quando caminhais na direção da Verdade, não há lugar para o egoísmo e a crueldade. Se praticais qualquer ação impelido pelo medo ou a mando de outro, ai de vós, porque ao longo deste caminho jaz a tristeza e a dor.

(...) Não tenho discípulos escolhidos. Quem são as massas? Sois vós. É em vossas mentes que existem as distinções entre as massas e os escolhidos, entre o mundo exterior e o mundo interior. É em vossas mentes que corrompeis, que "reduzis" a Verdade. Ó amigo! Se estais enamorado da vida, vós envolvereis todas as coisas nesse amor, tanto as transitórias como as permanentes. Quereis uma doutrina especial para uns poucos eleitos, porque em vossos corações existe a segregação, a separação; desejais ,confinar as águas puras da vida e guardá-las para vós. Podeis perguntar ao sol se ele brilha para as massas ou para uns poucos eleitos? Podeis perguntar às chuvas se elas se destinam às planícies ou às montanhas? Se não compreendeis, suporeis, como sempre se supôs, que o meu ensino se destina a uns poucos e por essa forma "reduzireis" e traireis a Verdade. Porque existe limitação em vosso, coração, dividis a água da vida, que se destina aos reis e aos mendigos, indistintamente. Quer proceda de uma fonte de ouro, quer de um regato, essa água é a mesma e acalma a sede de todos, sem distinção de pigmentos, castas, credos e dos especialmente eleitos. É porque durante tantos anos; durante tantos séculos, durante tantas idades, a Verdade tem sido limitada e "reduzida", que novamente desejais limitá-la, e com efeito já o estais fazendo, quando perguntais "A Verdade destina-se às massas ou a poucos escolhidos?". Dizeis que as massas não compreendem; que lhes é dificílimo aprender; que somente uns poucos são capazes de alçar-se às alturas. Julgais que eu não possuo tanta afeição e tanto amor como qualquer de vós? Mas, porque já subi todos os vossos degraus, eu vos digo: Não subais esses degraus, mas evitai-os, deixai-os de lado e reuni as vossas forças para a ascensão.

(...) Uni-vos com a vida, e vos unireis com todas as coisas. (...) Se estais enamorado da Vida, então vós vos unireis com a Vida, quer a chameis Buda ou Cristo, quer lhe deis outro nome qualquer. Como podereis unir-vos com a Vida? Não o podereis, certamente, se criardes complicações, porem o podereis se criardes o ardente desejo da Verdade, o qual destrói todas as complicações. Mas dizeis: "Como poderei ficar enamorado da Vida?" Pela experiência. "Como poderei colher experiência?" Aceitando a experiência. "Como poderei aceitá-la?" - Não vos separeis da Vida. Vedes ao redor de vós tristezas e sofrimentos sem fim e, se vos limitardes a ver, sem observar, não haverá confortamento do coração nem purificação da mente.

(...) Se citais a mim, ao lado de todas as outras autoridades a que vos submeteis, perdereis a água preciosa que eu vos trago. (...) Não obedeçais. Porque vos sujeitardes a outros indivíduos? Porque estais prontos a aceitar, vós criais a autoridade e essa é a raiz venenosa, essa é a semente que vos cumpre destruir. Desejais adquirir o conforto pela obediência. (...) O desejo de obedecer é inato em cada um de vós e é esta a razão por que criastes essas organizações. O que me interessa é a purificação do vosso desejo e não o estabelecimento de uma autoridade. Desejo é vida, e se fortalecerdes esse desejo, se purificardes esse desejo, se o enobrecerdes, se lhe derdes vitalidade, lhe derdes o êxtase da demanda de um alvo, quebrareis então todas essas coisas pequeninas que vos barram o caminho. Não fui sempre instado pelos meus amigos a seguir esta ou aquela coisa? Não me disseram eles, sempre: "Cuidado com o que fazeis, com o que dizeis! - Tomai cuidado de vossa posição. - Deveis dizer isso e não deveis dizer aquilo. "A paciência é um dom divino! - Tivesse eu obedecido a qualquer deles, jamais teria encontrado aquela felicidade eterna e absoluta. Porque pus em dúvida justamente as coisas que eles sustentavam, porque nunca aceitei prontamente coisa alguma que me fosse apresentada, eu encontrei aquele Reino que é eterno e imutável; eu preenchi a Vida. E desejo dizê-lo a vós: Fazei o mesmo; mas não o façais porque eu o digo, porém porque vós também desejais entrar nesse Reino, vós também desejais encontrar aquela paz absoluta, aquela libertação que é o ápice de toda a experiência, aquela Verdade que não é criação de pessoa alguma, de nenhuma organização, de nenhuma igreja.

(...) Vós não estais interessados na Verdade; estais interessados no vaso que contém a Verdade. Não desejais beber da água, mas desejais saber quem foi que modelou o vaso em que está contida a água. (...) Lançai fora o rótulo, que nenhum valor tem. Bebei a água, se ela é pura. 

Krishnamurti em Erde, Ommen, Holanda, Agosto de 1928

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill