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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Viver Correto e Autoconhecimento

Em meio a tanta confusão e sofrimento, é essencial encontrar um entendimento criativo de nós mesmos, pois sem ele nenhum relacionamento é possível. Somente através do pensar correto pode haver entendimento. Nem líderes, nem um novo conjunto de valores, nem um projeto pode produzir este entendimento criativo; somente através do nosso próprio esforço correto pode haver entendimento correto.

Como é possível então encontrar este entendimento essencial? De onde começaremos a descobrir o que é real, o que é verdadeiro, em toda essa conflagração (Conflagração da segunda guerra mundial.), confusão e miséria? Não é importante descobrirmos por nós mesmos como pensar corretamente sobre a guerra e a paz, sobre a condição econômica e social sobre nosso relacionamento com os nossos companheiros?

Certamente existe uma diferença entre o pensar correto e o pensamento correto e condicionado. Podemos ser capazes de produzir em nós mesmos pensamento correto imitativamente, mas tal pensamento não é o pensar correto. O pensamento correto e condicionado é não-criativo. Mas quando soubermos como pensar corretamente por nós mesmos - que é ser vivo, dinâmico - então é possível produzir uma cultura nova e mais feliz.

Gostaria de, durante estas palestras, desenvolver o que me parece ser o processo do pensar correto, para que cada um de nós seja realmente criativo - e não meramente fechado em uma série de idéias e preconceitos.

Como vamos então começar a descobrir por nós mesmos o que é o pensar correto? Sem o pensar correto não é possível a felicidade. Sem o pensar correto, nossas ações, nosso comportamento, nossos afetos, não têm base. O pensar correto não é para ser descoberto através dos livros, através do assistir a umas poucas palestras, ou por escutar meramente algumas idéias de pessoas sobre o que é o pensar correto. O pensar correto é para ser descoberto por nós mesmos através de nós mesmos. O pensar correto vem com o autoconhecimento. Sem autoconhecimento não existe pensar correto. Sem conhecer-se a si mesmo, o que você pensa e o que sente não pode ser verdadeiro. A raiz de todo entendimento encontra-se no entendimento de si mesmo. Se você pode descobrir quais são as causas de seu pensamento-sentimento, e a partir desta descoberta, saber como pensar-sentir, então existe o começo do entendimento. Sem conhecer-se a si mesmo, a acumulação de idéias, a aceitação de crenças e teorias não têm base. Sem conhecer-se a si mesmo, você sempre será pego na incerteza, dependendo do humor, das circunstâncias. Sem entender-se a si mesmo completamente, você não pode pensar corretamente. Com certeza isto é óbvio.

Se eu não sei quais são os meus motivos, minhas intenções, meu "background" (fundo), meus pensamentos-sentimentos particulares, como é que posso concordar ou discordar de outra pessoa? Como posso avaliar ou estabelecer minha relação com outra pessoa? Como posso descobrir qualquer coisa da vida se não conheço a mim mesmo? E conhecer a mim mesmo é uma tarefa enorme, que requer observação constante, uma vigilância meditativa.

Esta é nossa primeira tarefa, mesmo antes do problema da guerra e da paz, dos conflitos econômicos e sociais, da morte e da imortalidade. Estas questões vão surgir, elas hão de surgir, mas na descoberta de nós mesmos, no entendimento de nós mesmos, estas questões serão respondidas corretamente. Assim, aqueles que são realmente sérios nestas questões devem começar por eles mesmos, a fim de entender o mundo do qual são uma parte. Sem entender-se a si mesmo você não pode entender o todo.

O autoconhecimento é o começo da sabedoria. É cultivado pela busca individual de si mesmo. Não estou colocando o indivíduo em oposição à massa (ao coletivo). Eles não são antíteses. Você, o indivíduo, é a massa, é o resultado da massa. Em nós, como você vai descobrir se entrar nisto profundamente, se encontra a multiplicidade e o particular. É como um córrego que está constantemente fluindo, deixando pequenos redemoinhos, e a estes redemoinhos chamamos de individualidade, mas eles são o resultado desse constante fluxo de água. Seus pensamentos-sentimentos, aquelas atividades mentais-emocionais, não são o resultado do passado, do que chamamos a multiplicidade? Você não tem pensamentos-sentimentos similares aos do seu vizinho?

Assim, quando falo de indivíduo, não o estou colocando em oposição à massa, ao coletivo. Ao contrário, quero remover este antagonismo. Este antagonismo que coloca em oposição a massa e você, indivíduo, cria confusão e conflito, crueldade e miséria. Mas se pudermos entender como o indivíduo, você, é parte do todo, não apenas misticamente, mas realmente, então nos libertaremos de modo feliz e espontâneo, da maior parte do desejo de competir, de ter sucesso, de iludir, de oprimir, de ser cruel, ou de se tomar um seguidor ou um líder. Então veremos o problema da existência de modo diferente. E é importante entender isto profundamente. Enquanto nos virmos como indivíduos, separados do todo, competindo, obstruindo, em oposição, sacrificando o coletivo pelo particular, ou sacrificando o particular pelo coletivo, todos aqueles problemas que surgem deste conflitante antagonismo não terão solução feliz e duradoura, pois são o resultado do pensar-sentir incorreto.

Agora, quando falo sobre o indivíduo, não o estou colocando em oposição à massa. O que eu sou? Sou um resultado - sou o resultado do passado, de inúmeras camadas do passado, de uma série de causas-efeitos. E como posso estar em oposição ao todo, ao passado, quando sou o resultado daquilo tudo? Se eu, que sou a massa (o coletivo), se não entender a mim mesmo, não apenas entender o que está fora da minha pele, objetivamente, mas subjetivamente, dentro da pele, como posso entender outra pessoa, o mundo? Entender a si mesmo requer desapego amável e tolerante.

Se você não entender a si mesmo, não entenderá nada mais. Pode ter grandes ideais, crenças e fórmulas, mas elas não terão realidade. Serão enganos. Assim, você deve conhecer-se a si mesmo para entender o presente - e através do presente, o passado. Do presente conhecido, as camadas escondidas do passado são descobertas, e esta descoberta é libertadora e criativa. Entender a nós mesmos requer um estudo objetivo, amável, desapaixonado de nós próprios - nós próprios sendo o organismo como um todo, nosso corpo, nossos sentimentos, nossos pensamentos. Eles não estão separados, mas interligados. É somente quando entendemos o organismo como um todo que podemos ir além - e podemos descobrir coisas mais adiante, maiores, mais vastas. Mas sem este entendimento primário, sem colocar o alicerce correto para o pensar correto, não podemos prosseguir para alturas maiores.

Torna-se essencial produzir em cada um de nós a capacidade de descobrir o que é verdadeiro, pois o que é descoberto é libertador, criativo. Pois o que é descoberto é verdadeiro. Ou seja, se meramente nos conformarmos a um padrão do que deveríamos ser, ou ceder a um anseio, isso produz certos resultados conflitantes, confusos. Mas no processo do nosso estudo de nós mesmos, estamos numa viagem de autodescoberta, o que traz alegria. Existe uma certeza no pensar-sentir negativo em vez do pensar-sentir positivo. De uma maneira positiva supomos o que somos, ou cultivamos positivamente nossas idéias em relação a outras pessoas, ou em relação a nossas próprias formulações. E, portanto, dependemos de autoridade, de circunstâncias, esperando com isto estabelecer uma série de idéias e ações positivas. Ao passo que se você examina, verá que existe concordância na negação; existe certeza no pensar negativo, que é a mais alta forma de pensar. Uma vez que você descobre a negação verdadeira e a concordância na negação, então pode construir mais adiante no positivo.

A descoberta que reside no autoconhecimento é árdua, pois o começo e o fim está em nós. Buscar felicidade, amor, esperança fora de nós leva à ilusão, ao sofrimento; encontrar felicidade, paz, alegria dentro (de nós) requer autoconhecimento. Somos escravos das pressões imediatas e exigências do mundo, e somos desviados por tudo isso e dissipamos nossas energias em tudo isso, e assim temos pouco tempo para estudar a nós mesmos. Estarmos profundamente cientes de nossos motivos, de nossos desejos de alcançar, de vir-a-ser, exige constante atenção interna. Sem o entendimento de nós mesmos, mecanismos superficiais de reforma social e econômica, mesmo que necessários e benéficos, não irão produzir unidade no mundo, mas somente maior confusão e miséria.

Muitos de nós pensamos que a reforma econômica de uma ou outra forma vai trazer paz ao mundo; ou que a reforma social, ou uma religião especializada conquistando todas as outras vai trazer felicidade ao homem. Acredito que haja algo como oitocentas ou mais seitas religiosas neste país, cada uma competindo, fazendo proselitismo. Vocês pensam que uma religião competitiva vai trazer paz, unidade e felicidade à humanidade? Pensam que qualquer religião especializada seja o Hinduísmo, o Budismo ou o Cristianismo, vai trazer paz? Ou devemos colocar de lado todas as religiões especializadas e descobrir a realidade por nós mesmos? Quando vemos o mundo explodido por bombas e sentimos os horrores que estão acontecendo nele; quando o mundo está fragmentado por religiões, nacionalidades, raças e ideologias separadas, qual é a resposta a tudo isso? Não podemos apenas continuar vivendo uma vida curta e morrendo - e esperar que algum bem, advenha disso. Nós não podemos deixar isso para os outros - trazer felicidade e paz à humanidade, pois a humanidade é nós mesmos, cada um de nós. Aonde se encontra a solução, senão em nós mesmos?

Descobrir a resposta real requer profundo pensamento-sentimento e poucos de nós estão dispostos a resolver essa miséria. Se cada um de nós considerar esse problema como jorrando de dentro - e não ser meramente conduzido nessa confusão e miséria pavorosa, então iremos encontrar uma resposta simples e direta.

No estudo e, assim, no entendimento de nós mesmos, virá claridade e ordem. E só pode haver claridade no autoconhecimento, que nutre o pensar correto. O pensar correto vem antes da ação correta. Se nos tornarmos conscientes de nós mesmos e assim cultivarmos o autoconhecimento de onde jorra o pensar correto, então criaremos um espelho em nós que refletirá, sem distorções, todos os nossos pensamentos-sentimentos.

Estar assim autoconscientes é extremamente difícil, já que nossas mentes estão acostumadas a divagar e a estar distraídas. Suas divagações, suas distorções são de seu próprio interesse, suas próprias criações. No entendimento disto - e não meramente colocando isto de lado - vem o autoconhecimento e o pensar correto. É apenas por inclusão e não por exclusão, não por aprovação ou condenação ou comparação, que vem o entendimento.

( AUTOCONHECIMENTO - Palestra de Krishnamurti realizada em Ojai, Califórnia, EUA, 1944 )

Por que a sociedade estará entrando em colapso, desmoronando como é certamente o que está ocorrendo ? Uma das razões fundamentais é que o indivíduo - você - deixou de ser criativo. Deixe-me explicar o que quero dizer. Você e eu nos tornamos imitadores, estamos copiando, interior e exteriormente. Exteriormente, quando aprendemos uma técnica, quando nos comunicamos uns com os outros em nível verbal, naturalmente tem que haver certo grau de imitação ou de cópia. Eu copio palavras.

Para se tornar um engenheiro, preciso inicialmente aprender as técnicas e, a seguir, usar a técnica para construir uma ponte. Deve haver certa dose de imitação, e de cópia nas técnicas exteriores, mas quando existe imitação interior, psicológica, certamente deixamos de ser criativos. Nossa educação, nossa estrutura social, nossa chamada vida religiosa, todas elas se baseiam na imitação; ou seja, eu me encaixo em determinada fórmula social ou religiosa. Deixei de ser um indivíduo real; psicologicamente, tornei-me uma mera máquina repetidora, com certas respostas condicionadas, sejam elas budistas, cristãs, hindus, alemãs ou inglesas. Nossas respostas são condicionadas de acordo com o padrão da sociedade, seja ela oriental, ocidental, religiosa ou materialista. Assim uma das causas fundamentais da desintegração da sociedade é a imitação, e um dos agentes desintegradores é o líder, cuja verdadeira essência é a imitação.

Para que possamos compreender a natureza da sociedade em desintegração, não será importante indagar se eu e você, se o indivíduo, pode ser criativo ? Podemos perceber que quando existe imitação existe desintegração, quando existe autoridade existe cópia. E já que toda a nossa constituição mental e psicológica se baseia na autoridade, para que possamos nos tornar criativos é preciso que nos libertemos da autoridade. Não terão vocês notado que nos momentos de maior criatividade, naqueles momentos realmente felizes de interesse vital, não existe o senso de repetição e não sentimos que estamos copiando ? Esses momentos são sempre novos, diferentes, criativos e felizes. Vemos, assim, que uma das causas fundamentais da desintegração da sociedade é a cópia, e a adoração da autoridade é isso.

( Sobre o Viver Correto - Edit. Cultrix - págs. 28 a 31 )
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill