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terça-feira, 2 de abril de 2013

O desejo é a causa exata do medo

O medo existirá de diferentes formas, grosseira ou sutil, enquanto existir o processo auto-ativo da ignorância gerado pelas atividades do desejo. É possível eliminar completamente o medo; ele não é parte fundamental da vida. Se existir medo, não pode haver a inteligência, e para despertar a inteligência é preciso compreender-se plenamente o processo do “eu” na ação. O medo não pode ser transmutado em amor. Ele há de ser sempre medo, embora tentemos afastá-lo pelo raciocínio, e embora procuremos disfarça-lo, chamando-o de amor.

Nem tão pouco pode o medo ser compreendido como parte fundamental da vida, para que nos resignemos a suportá-lo. Vocês não descobrirão a causa profunda do medo, pela simples análise de cada um de seus aspectos, à medida que se apresentam.

Existe somente uma causa fundamental de medo, embora se manifeste por formas diferentes.

Pela simples dissecação das várias formas do medo não pode o pensamento libertar-se da causa raiz dele. Quando a mente não aceita nem rejeita o medo, quando não lhe foge nem procura transmuta-lo, só então é possível seu cessar.

Quando a mente não está presa no conflito dos opostos, ela é capaz de discernir, sem escolha, o processo do “eu” em sua íntegra.

Enquanto esse processo continuar, tem de haver medo, e a tentativa para fugir dele apenas aumenta e fortifica o processo. Se quiserem se libertar do medo, devem compreender plenamente a ação nascida do desejo.
(...)
Se sentirem integralmente todo este processo como ignorância, então saberão o meio de ficar livre do desejo, do medo.
(...)
Quando compreenderem o pleno significado da ação nascida do desejo, esta própria compreensão, espontaneamente, dissipará o desejo, o medo, que está procurando satisfação.
(...)
Se o interesse for apenas o resultado do desejo, do lucro, do estar satisfeito, de obter sucesso, então, o interesse é a mesma coisa que o desejo e, portanto, destruidor da vida criadora.
(...)
O desejo de satisfação cria o medo e o hábito. O desejo e a emoção constituem dois processos diferentes e distintos; o desejo é inteiramente da mente, e a emoção é a expressão integral de todo o nosso ser. O desejo, o processo da mente, é sempre acompanhado pelo medo, e a emoção é isenta dele. O desejo deve produzir sempre o medo, e este a emoção jamais o contem porque ela é a essência de todo o nosso ser. A ação é um estado de destemor, que só pode ser experimentado quando cessa o desejo, com o seu medo e a sua vontade de satisfação. A emoção não pode dominar o medo; porque o medo, como o desejo, são da mente. As emoções são de caráter, qualidade e extensões completamente diferentes.

O que a maioria de nós estamos procurando fazer é dominar o medo, seja pelo desejo, ou pelo que chamamos “emoções” — que é realmente outra forma de desejo. Vocês não podem dominar o medo pelo amor. Dominar o medo, por meio de outra força que chamamos amor, não é possível, porque o desejo de dominar o medo nasce do próprio desejo, da própria mente, e não do amor. Isto é, o medo é resultado do desejo, da satisfação, e o desejo de dominar o medo é da natureza da própria satisfação. Não é possível dominar o medo pelo amor, como a maioria das pessoas verifica por si mesma. A mente, que é do desejo, não pode dissipar parte de si mesma. É isto o que vocês tentam fazer quando falam de “se desembaraçarem” do medo. Quando perguntam: “Como posso desembaraçar-me do medo, que posso fazer com as várias formas de medo?”, estão meramente querendo saber como dominar um grupo de desejos por outro — o que somente perpetua o medo. Todo desejo cria medo. O desejo produz o medo e tentando dominar o medo um desejo por outro, estão apenas cedendo ao medo. O desejo somente pode recondicionar-se a si mesmo, remodelar-se segundo um novo padrão, mas permanecerá ainda desejo, dando nascimento ao medo.
(...)
A mente é um campo de batalha dos seus próprios desejos, temores, valores, e qualquer esforço que ela faça para destruir o medo — isto é, para destruir a si mesma — é inteiramente inútil. A parte que deseja desvencilhar-se do medo está sempre procurando satisfação; e aquela de que ela anseia livrar-se é o motivo de satisfação no passado. Desse modo, a satisfação procura livrar-se daquilo que já satisfez; o medo tenta vencer o que foi o instrumento do medo. O desejo, criando medo na busca de satisfação, tenta vencer este medo, mas o próprio desejo é a causa do medo. O mero desejo não pode destruir-se, nem o medo dominar-se, e todo o esforço da mente, para livrar-se deles, nasce do próprio desejo. Desse modo, a mente fica presa no seu próprio círculo vicioso do esforço.
(...)
O poder do desejo, da escolha, pode cessar, e isto só acontece, quando se compreende, quando se sente internamente o esforço cego do intelecto. A profunda percepção deste processo, sem ansiedade, sem julgamento, sem preconceito, e, portanto, sem desejo, é o começo do percebimento, o único que pode libertar a mente de seus temores, hábitos e ilusões.
(...)
Para realizar a verdade, para perceber este infinito renovar da vida, vocês devem estar completamente livres, a mente de vocês deve achar-se completamente despojada de todos os desejos. Vocês dirão: “Como pode o homem viver num mundo isento de desejos?” Vocês têm visto a causa da tristeza e dito a si próprios — me libertarei dessa causa? Intelectualmente observam a causa e intelectualmente observam o quão difícil é dela se libertar. Dizem ainda: “O homem não pode viver sem desejos, tem de lutar por si mesmo nesta civilização; pois, de outro modo, será esmagado e destruído”. Vocês não têm feito a experiência, por isso não podem dizer o que acontecerá.
(...)
Como podem discernir aquilo que é verdadeiro e duradouro, se a mente de vocês está sempre preocupada com um desejo futuro ou impedido em sua percepção pelo passado? Há uma completa ausência do verdadeiro valor da vida, uma avaliação falsa, enquanto a mente estiver encerrada na divisão criada pelo desejo.
(...)
O desejo não compreendido no presente cria o tempo.

Krishnamurti - O medo - 1946 - ICK

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill