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sexta-feira, 5 de abril de 2013

O contato consciente com o ser que somos é meditação

Estar constantemente vigilante e apercebido, ser meditativo, é o princípio da meditação, pois, sem a verdadeira base do discernimento, a simples concentração e outras formas da chamada meditação tornam-se perigosas e não tem nenhuma significação profunda. Quando estiverem alerta, descobrirão que a mente está procurando um resultado, uma conclusão, desejando uma recompensa, uma segurança. A busca de uma predeterminada conclusão não é mais meditação, porque, neste caso, o pensamento está preso na sua própria rede de imagens. 

Consideremos o processo da meditação um pouco mais profundamente. É muito difícil fixar o errante, o tremulo pensamento; ele se move de um objeto de sensação para outro, de um desejo para outro. Nesse processo, ficamos apercebidos da extrema sensibilidade do pensamento. O pensamento vagueia de uma série de ideias para outra, seja pelo desejo ou apenas porque é preguiçoso e indiferente. Se o pensamento apenas se abstém de vaguear, torna-se estreito, limitado e destrutivo. Se o pensamento está interessado em vaguear, então o simples controle de si mesmo é inútil, porque nada descobrirá, pois está interessado na dissipação de sua própria energia. Mas, se estão interessados em descobrir por que ele é errante, então, estão começando a discernir, a estarem apercebidos e, assim, há uma natural, espontânea concentração. Portanto, devem observar, primeiro, que o pensamento é imprevisível; depois, discernir a causa dessa imprevisibilidade. Quando o pensamento percebe que é indolente, preguiçoso, já está começando a ser ativo; mas dominar simplesmente o pensamento não produz ação criadora.
(...)
Quando há uma concentração natural de interesse, não o mero controle, vocês começam a descobrir que o pensamento está num constante processo de imitação, sempre vagueando através de suas múltiplas camadas de memórias, preceitos, exemplos; ou, tendo experimentado uma sensação estimulante ou uma experiência durante os momentos de concentração, ele sente prazer nisto é procura vivificar esta passada sensação; mas, por este meio, somente bestifica seu próprio processo criador; ou, afastando-se da vida diária, o pensamento tenta desenvolver várias qualidades, a fim de dominar suas ações quotidianas, e a vida perde a sua significação intrínseca, e o padrão torna-se mais importante.

Tudo isto é, pois, meramente uma forma de aproximação e não a meditação criadora. Se estiverem apercebidos, durante as atividades diárias de vocês — quando estão conversando, passeando, ganhando dinheiro, ou buscando pelo prazer — neste apercebimento, que depende da energia de vocês, há um começo de compreensão, um amor, que não está às ordens do intelecto e da emoção.

Deste modo, a meditação é um processo de apercebimento na ação. A meditação deve surgir da realidade da vida, e, assim, a meditação é um processo de libertação de si própria. Meditação não é aproximação de um modelo. A tranquilidade da mente por meio da vontade, da escolha, pode trazer certa calma, mas esta calma é da morte, produz esmorecimento. Isto não é meditação. Mas a compreensão da escolha, que é um processo muito delicado e ardente, é meditação em que há calma sem nenhum traço de esmorecimento ou contentamento. É necessário haver na meditação vigilância e discernimento. Meditação é um processo de plenitude, de totalidade, e não uma série de conseguimentos que culminem na realidade.
(...)
Não separem a concentração e a meditação da ação na vida diária de vocês.

Presentemente, vocês limitam a mente e o coração por meio da disciplina, pelo próprio domínio; ao passo que, se completarem o pensamento e a emoção na ação, se tornarão apercebidos das restrições que lhes são impostas pela sociedade e pela tradição, pelo temor e pela conformidade.

Mediante este apercebimento, vocês chegarão à descoberta do verdadeiro valor das suas ações e nessa descoberta reside a concentração espontânea, a alegria da meditação. Nessa natural e espontânea concentração, a qual é meditação ou verdadeira contemplação, não existe esforço para dirigir a mente ou para adestrá-la ou guiá-la. Esta meditação é a plenitude da vida, durante todo o dia. É a ação não embaraçada, na plenitude do pensamento e do sentimento. Só quando a mente está livre da limitação dos ideais é que existe a compreensão do eterno.
(...)
Para compreendermos a vida, devemos estar em seu movimento, em seu fluxo. Devemos ser conhecedores do processo da ignorância, do desejo e do temor, pois que somos esse mesmo processo. Quer-me parecer, a meu pesar, que muitos dentre vocês que frequentemente me ouvem, mas que não experimentam o que digo, apenas adquirirão uma nova terminologia, sem essa fundamental mudança de vontade, que é a única a poder libertar a mente — coração do conflito e da tristeza. Em vez de um método de meditação, o que nada mais é do que índice de anseio por uma fuga da atualidade, discirnam, por vocês mesmos, o processo da ignorância e do medo. Este profundo discernimento é meditação.  

Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill