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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Não sabemos o que significa amar

O pensamento nunca é livre. O pensamento é mera reação ao conhecimento acumulado, como memória, como experiência; por conseguinte, nunca poderá libertar o homem. Entretanto, tudo o que fazemos — toda ação, todo motivo, todo impulso — está baseado no pensamento. Devemos, pois, ver, por nós mesmos, o significado do pensamento, onde ele é necessário, e onde é veneno.

A mutação só é possível quando a mente está totalmente vazia de pensamento — assim como o ventre materno; uma criança só é concebida quando o ventre está vazio, e, daí, vem à luz um novo ser. A mente deve estar vazia da mesma maneira; só no vazio pode verificar-se uma coisa nova — algo novo, e não uma coisa que vem existindo continuamente há milênios.

A questão, pois é: Como esvaziar a mente? Não se trata de nenhum sistema. Dizendo “Como” não quero dizer: “Fazei tais e tais coisas e esvaziareis a vossa mente”. Não há sistema, nem fórmula nenhuma. Deveis perceber a realidade deste fato: que a mutação é absolutamente necessária para a salvação do homem, para vós e para mim, para nossa salvação, nossa liberdade, nossa completa libertação do sofrimento, das agonias da vida.

Necessitais de mutação, de uma mente completamente nova, que não seja produto do ambiente, da sociedade, de reação do conhecimento, da experiência; nada disso traz a inocência, a liberdade; nada disso cria aquele vasto espaço de que a mente necessita. Só nesse espaço pode verificar-se o movimento da mutação. E só essa mutação pode salvar o homem, porque é ela que faz nascer o indivíduo.

Nós não somos indivíduos. Temos nomes separados. Vós tendes um corpo separado; se tendes boa sorte, mantendes talvez uma conta no banco; mas, interiormente, psicologicamente, não sois um indivíduo. Pertenceis à raça, à comunidade, à tradição, ao passado, e por conseguinte deixastes de ser criador. Deixastes de estar cônscio da imensidade, da amplitude, da profundeza e da beleza da vida.

Porque não somos indivíduos, não sabemos o que significa amar. Só compreendemos o amor que contém ciúme, ódio, inveja, e todos os tormentos que o pensamento é capaz de produzir. Observai, se vos apraz, vossa própria afeição — como a chamais; observai a vós mesmo e a afeição que tendes a vossa esposa e filhos. Não há a mais simples centelha de amor; trata-se de uma mera união onde há corrupção, apego, dor, ciúme, ambição, domínio. Gerais filhos; mas isso não é amor — é prazer. E onde existe o prazer, existe a dor. E o homem que deseja compreender essa coisa chamada “amor”, deve, antes de tudo, compreender o que significa “ser livre”.

(...) Consideremos agora a questão do sexo, que constitui no mundo um sério problema. Uns podem estar livres dele, devido à idade, ou porque forçaram a si próprios. Outros não têm vida sexual porque desejam encontrar Deus. Não acho que possam encontrar Deus. Deus quer um homem livre, um homem que viveu, que sofreu, que é livre. Cumpre, pois, compreender a questão do sexo.

(...)Como dizíamos, existe a questão do sexo, que se tornou sumamente importante. Porquê? Observai a vossa vida. Porquê? Em primeiro lugar, o sexo é o único prazer que podeis fruir livremente. Estais coagido intelectualmente; repetis o que os outros dizem, continuamente, do nascer ao morrer. Vossos exames, vossa educação, vossos conhecimentos técnicos, tudo é repetição, só repetição. Estais coagidos intelectualmente. Não ousais pensar independentemente. Não ousais negar. Só sabeis dizer “Sim”. Sois seguidores e adoradores da autoridade. Por conseguinte, estais coagidos intelectualmente, e, assim, só uma cosia existe em que podeis ser originais: o sexo.

E, também, emocionalmente, não sois livre para expressar-vos. Aí também sois coarctado, impedido, contido. Nunca vos deleitais com o pôr-do-sol; jamais contemplais uma árvore, e tampouco entrais em comunhão com ela, na plena fruição daquela árvore e de sua beleza.

Assim, pois, emocionalmente, intelectualmente, estais faminto e vos vedes interceptado; e para vós a beleza nada significa — nada! (...) Assim, emocional e esteticamente, e no fundo de vosso ser, vos vedes completamente embargados. Portanto, só uma coisa vos resta, de vosso, de original: o sexo.

E quando o sexo se torna a “única coisa”, é de efeitos devastadores em nossa vida. E, também ele, se torna exigente de repetição, conduzindo há várias formas de dominação, de compulsão e tornando-se uma agonia, na vida de relação. Também ele conduz à brutalidade, ao embotamento da mente — esse prazer que se repete e torna a repetir-se. Assim, não existe amor, não existe beleza em nossa vida, não existe liberdade emocional. Só nos fica essa coisa que se chama “sexo”.

E não há, assim, para vós, o descobrimento da Realidade.

Krishnamurti — Bombaim, 1 de março de 1964
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill