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terça-feira, 2 de abril de 2013

Existe algo além desse "eu"?

Se constantemente, estiverem procurando, interrogando, duvidando, então surge o discernimento no qual há iluminação.
(...)
Todos podem ser levados à dúvida por outrem, a duvidar do próprio conhecimento, da própria compreensão que houverem colhido, por meio do sofrimento de vocês. Porém, a dúvida que não for oriunda de vocês mesmos, não purificará. Somente purificará as suas crenças estreitas, só dará estabilidade à sua estreita forma de culto à personalidades, se você se apegarem a algo que, de momento, é um conforto e, portanto, uma traição à verdade. Mas, se houverem convidado a dúvida na plenitude do coração de vocês para colocarem à prova essa compreensão da verdade da qual colheram um vislumbre, então, duvidando da própria dúvida, o que permanecer será puro, absoluto e final.

E a fim de que possam compreender o absoluto e o eterno, devem ter experimentado a sombra da dúvida lançada sobre o entendimento de vocês. E, como a maioria das pessoas temem a dúvida, pensam ser um crime, um pecado, expulsam a dúvida de suas mentes, acrescentando assim a sua estreiteza, a sua mesquinhez na adoração de personalidades, em seus abrigos que acalentam decadência e conforto.

Ao contrário, se convidarem a dúvida para entrar no coração e na mente de vocês e se acompanharem a dúvida, logicamente, por todos os seus caminhos, avenidas e sombras da mente e do coração e incansavelmente escutarem e examinarem todas as coisas, então, o que permanecer será do próprio conhecimento de vocês, e, portanto, o absoluto, o eterno.
(...)
Existe contradição de ideias, teorias, criadas pelas constantes afirmações dos dirigentes, a respeito do que é e do que não é.

Alguns deles dizem que Deus existe, outros que não existe. Alguns sustentam que o indivíduo vive após a morte; os espíritas proclamam haver provado que existe continuação da mente individual; — outros dizem que só existe o aniquilamento. Alguns acreditam na reencarnação, outros a negam.

Empilha-se teoria sobre teoria, incerteza sobre incerteza, afirmação sobre afirmação. O resultado de tudo isto é que o indivíduo fica integralmente incerto; ou então, o indivíduo fica tão cercado, tão limitado por conceitos e formas de crenças particulares, que recusa ponderar sobre o que realmente é verdadeiro. Ou estão incertos, confusos, ou estão certos nas suas crenças e na forma particular de pensamento. Para o homem que está verdadeiramente incerto, há esperança; para o homem, porém, que está incrustado na crença, naquilo que ele chama intuição, há pouquíssima esperança, pois fechou a porta à incerteza, à dúvida, e acha repouso e consolação na segurança.

Imagino que a maioria de vocês estejam incertos, confusos, portanto, profundamente desejosos de compreender o que é a realidade, o que é a verdade.

A incerteza engendra o medo, o qual dá nascimento ao desânimo e à ansiedade. Depois consciente ou inconsciente, começa o indivíduo a fugir desses temores e suas consequências.

Observem  os seus pensamentos, e surpreenderão este processo em operação. À medida que anseiam por se assegurarem do propósito da vida, do além, de Deus, começam a se aperceber dos seus desejos, por meio dessa investigação, sobrevém a dúvida, a incerteza. Depois essa mesma dúvida e incerteza criam o medo, o isolamento, a vacuidade ao redor e em vocês mesmos.

Isto é um estado necessário para a mente, porque então ela deseja experimentar e compreender a realidade.

Porém, o sofrimento implícito neste processo é tão grande que a mente procura abrigo e cria para si mesma o que ela chama intuições, conceitos, crenças e agarra-se a essas coisas desesperadamente, com esperança de encontrar certeza. Este processo de fuga da atualidade, da incerteza, tem de necessariamente conduzir à ilusão, à anormalidade, às neuroses e desequilíbrio. Mesmo que aceitem essas instituições , essas crenças, e nelas tomem abrigo, se, apesar disso, se examinarem a si mesmos com profundidade, verificarão que existe ainda o medo, a incerteza continua.

Este estado vital de incerteza, isento do desejo de a ele escapar, é o início de toda a verdadeira busca da realidade. O que é que realmente vocês estão procurando? Só pode haver um estado de compreensão, uma percepção direta daquilo que é, da atualidade, pois, a compreensão não é um fim, um objetivo a ser atingido. O discernimento do processo efetivo do "eu", do seu vir-a-ser e de sua verdadeira dissipação é o começo e o fim da busca.

Para entender aquilo que é, deverá a compreensão principiar por si mesmos. O mundo é uma série de processos indefinidos, variados, que não podem ser plenamente compreendidos, pois cada força é única em si mesma e não pode ser verdadeiramente perceptível em sua totalidade. O processo integral da vida, da existência no mundo, depende inteiramente de forças únicas e só poderão compreender  por meio desse processo que se acha focalizado no indivíduo sob a forma de consciência. É possível alcançarem superficialmente o significado de outros processos; porém, para compreender a vida plenamente, necessitam entender o processo que opera em vocês, sob a forma de consciência.

Se cada qual de vocês, profunda e significativamente, compreender esse processo que opera sob a forma de consciência, então nenhum de vocês lutará para si mesmo, existirá para si nem se preocupará consigo. Presentemente, cada qual preocupa-se consigo próprio, lutando para si e agindo antissocialmente, por não se compreender a si mesmo, plenamente; e é somente pela compreensão de nossa força única como consciência, que há a possibilidade de compreender o todo. Quando plenamente discernirem o processo do "eu", cessarão de ser uma vítima que luta sozinha no vácuo.

Esta força é única, e em seu próprio desenvolvimento torna-se consciência, de onde surge a individualidade. Por favor, não decorem esta frase; porém, antes, pensem a respeito, e assim verificarão que esta força é única para cada um e, mediante seu desenvolvimento auto-ativo, torna-se consciente. O que é esta consciência? Ela não pode ter localização alguma, e tão pouco pode ela dividir-se em superior e inferior. A consciência compõe-se de múltiplas camadas de lembranças, de ignorância, de limitações, de tendências e anseios. Ela é discernimento e tem o poder de compreender os valores últimos. É o que nós chamamos individualidade. E não perguntem: "nada mais existe além disto?" Isso será discernido, quando o processo do "eu" houver terminado. O que importa é se conhecer a si mesmo, e não — saber o que está para além.

Vocês apenas procuram recompensa para os seus esforços, algo a que possam se apegar no presente desespero, incerteza e temor de vocês, que evidenciam ao perguntar: existe algo além desse "eu"?

Ora, a ação é esse atrito, essa tensão que se dá entre a ignorância, o anseio e o objeto de seu desejo.

Esta ação sustenta-se a si própria e é isso que dá continuidade ao processo do "eu". Portanto, a ignorância, pelas suas atividades por si mesma sustentadas, perpetua-se sob a forma de limitações por ele próprio criadas, impedem as verdadeiras relações com os outros indivíduos, com a sociedade. Estas limitações isolam o indivíduo, e por isso surge o medo constantemente. Esta ignorância, no que a nós diz respeito, cria sempre o medo, com suas múltiplas ilusões, e daí decorre a busca da união com o eu superior, com qualquer inteligência super-humana, com Deus, e assim por diante. Deste isolamento provém a continuação de sistemas, de métodos de conduta, de disciplina.

Pela dissolução destas limitações, vocês começam a discernir que a ignorância não tem princípio, que se mantém a si própria pelas suas próprias atividades, e que este processo só pode finalizar pelo reto esforço e pela reta compreensão. Vocês podem colocar isto à prova, mediante a experiência e discernir, por si mesmos, que o processo da ignorância é isento de começo e isento de terminação. Se a mente-coração estiver presa por qualquer preconceito particular, sua própria ação tem de criar outras limitações, e, portanto, produzirá maior tristeza e confusão. Assim, perpetua ela sua própria ignorância e suas próprias tristezas.

Se vocês se tornarem plenamente conhecedores desta atualidade, mediante a experiência, então, se dará a compreensão do que seja o "eu", e o esforço reto poderá lhe colocar fim.

Este esforço é o percebimento no qual não há seleção ou conflito de opostos, uma parte da consciência vencendo a outra parte, um preconceito sobrepujando a outro. Isto exige um pensamento vigoroso, que libertará a mente de temores e limitações. Somente então haverá o permanente, o real.

Pelo simples afirmar que toda a existência está condicionada, jamais descobrirão se existe um estado que possa não ser condicionado. Ao se tornar integralmente apercebido do estado condicionado, cada um começará a compreender a libertação que vem através da cessação do medo.  

Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill