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domingo, 31 de março de 2013

Sobre a vigilância da mente


Não é o tempo que lhes traz a compreensão, mas a vigilância da mente para compreender, no presente. É impossível estar alerta, enquanto a mente estiver anuviada pela ideia do tempo, de crenças e ideais.

Buscarei explicar o que quero dizer por vigilância da mente. A experiência é, afinal de contas, o modo pelo qual, vocês respondem aos incidentes da vida. Estar alerta é ser capaz de distinguir entre a pura ação e reações, quer sejam positivas, quer negativas. A reação positiva brota da própria individualidade intrínseca de vocês ou egoísmo e a reação negativa parte do exterior. Toda ação que não é pura, é reação, pois que é oriunda da sensação, tanto a positiva como a negativa. A ação pura, livre de toda reação, é isenta de intuito ou incentivo e desprendida do centro de egoísmo.

Para compreender uma experiência no presente, para colher a sua frescura, vocês devem ter a mente limpa de crenças, de ilusões. A compreensão plena de uma experiência lhes libertará de toda a experiência, que é tempo. Quando a mente estiver liberta de crenças e esperanças, é quando pode estar alerta; tal mente não se coaduna, porque não tem personalidade, que é limitação. A menos que a mente esteja livre, terá uma ideia preconcebida do que seja a verdade, deformando a vida segundo esse ideal, tornando-se dessa forma, incapaz de compreender o presente. Pois que a verdade não pertence a ideia, crença ou conceito algum, todas essas coisas são simplesmente a resistência criada pelo eu-consciência. Se, pois, vocês se amoldarem no presente com a concepção da verdade, do futuro, estarão apenas pervertendo a vida.

Vocês podem ainda dizer: “Não devo ter ideal, inspiração ou incentivo algum?” Direi: não. Não, porque, se o tiverem, estarão apenas se conformando e em tal não há entendimento. Enquanto que, se a mente de vocês se achar isenta dessas coisas, então compreenderão o presente, o seu pleno significado. Verão então que a mente de vocês desperta para essa inteligência, que é a verdadeira libertação de todas as ilusões da individualidade. A crença, mesmo quando lhes faculta temporário consolo e conforto, é apenas um sinal de decadência. A mente, quando carregada de crenças, torna-se negligente e imitadora; não é rápida em sua adaptabilidade. Ao passo que a mente sempre alerta, essa se renova. Não carece de estímulo do interior nem do exterior, pois todo estímulo é somente reação. Tal mente, assim livre, pode compreender a felicidade, a verdade.
(...)
Ao se tornarem plenamente conscientes de vocês mesmos no presente, em pensamento, emoção e, por conseguinte, em ação, estão se libertando do eu-consciência, que é limitação, que é uma qualidade.

A ação da maioria se baseia no desejo de obter algo, pelo medo ou pela ideia de recompensa no presente ou no futuro. Enquanto a ação repousar numa causa ou incentivo, tal ação criará futuro e, por conseguinte não haverá a compreensão do presente, que é, para mim, a verdade. Se a ação de vocês tem por base crença, vaidade ou posse, e disso não tiverem consciência , dela não se libertarão, não havendo compreensão. Em tal caso há perversão do pensamento, conduzindo à estagnação, à infelicidade. Mas se, pela inteligência, vocês procuram libertar a ação de vocês de todo intuito, a mente de vocês se tornará desperta e, só então poderão compreender o pleno significado de uma experiência. Deste modo, a reta ação sobrevém doce e naturalmente, se procurarem libertar a mente de vocês do “eu” pois que a reta ação é o pensamento e a conduta. Não busquem reta conduta que se torne um modo de proceder estereotipado e, portanto, sem vida. Busquem antes libertar a mente de vocês de toda limitação ou individualidade; tornem-se desprendidos – o que não implica indiferença – e então poderão não auxiliar, mas agir verdadeiramente. Daí emana a verdadeira atitude, o verdadeiro trabalho e a ordem social. A verdadeira ação por si mesma, ainda que governada pelo mais alto ideal de conduta, não dá compreensão. A compreensão só vem ao dissipar-se o centro do eu-consciência.
(...)
Por medo, vocês tem estabelecido salvadores, mestres, professores, e desse modo, vocês tem fechado a porta ao pensamento individual, através do qual, somente, a verdade se realiza. Havendo fechado a porta ao pensamento individual, vocês se tornam rudemente individuais, neste mundo das ações.

Espiritualmente, torna-se a mente qual um cordeiro; é porém, um animal terrível, no mundo das ações.
(...)
O que traz a sabedoria é a ação. Ação é sabedoria. Elas não podem ser separadas. E por termos separado a ação do nosso pensamento, das nossas emoções, da nossa capacidade intelectual de raciocinar, somos arrastados pelas coisas superficiais e assim explorados.
(...)
A alegria de viver está na ação espontânea. Para viverem como a flor, sem afãs, natural, intensa, plenamente no presente, não devem deixar a mente e o coração lutar pelas aquisições que nada mais fazem que criar a distinção entre o “eu” superior e o eu inferior.
(...)
A ação pode conduzir o indivíduo à liberdade, de modo a realizar ele esse pleno êxtase da plenitude; ou pode conduzir essa inação que nada mais é que cercar o indivíduo de futuras limitações.

A ação que conduz à inação baseia-se no egoísmo; a ação que liberta baseia-se na pesquisa que destrói o medo.

Krishnamurti – O medo - 1946
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill