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quarta-feira, 13 de março de 2013

Pode a mente terminar?

Nossa mente está afeiçoada à rotina, à repetição, à imitação, à conformidade; nada mais conhece, além disso. Se percebe alguma coisa, logo quer transformá-la em ocorrência diária. Isso é bem evidente, não é? Ninguém o nega. É um fato psicológico, observável em nossa vida diária.

Pois bem, como pode a mente, que é o único instrumento que possuímos, deixar de ser mecânica? Em primeiro lugar, quantos de nós já fizemos está pergunta? Ou, quantos de nós estamos conscientes deste problema? Pouquíssimos. Agora, que eu o apresento, e que estais conscientes dele, qual é a vossa reação? Observo todo esse processo, e sei alguma coisa mais? Não sei, evidentemente. Isto é, se eu dissesse que há alguma coisa mais, essa coisa seria ainda um processo de pensamento, que é uma projeção do passado no presente. Este problema é muito complexo, porque nele está compreendido todo o processo de dar nome, a aplicação dos símbolos, a importância das palavras, não só neurologicamente, mas também psicologicamente, não só no nível consciente, mas também no nível mais profundo. Eis o fator de degeneração.

Pode a mente, que tão habituada está a funcionar mecanicamente, deter-se? Esse mecanismo tem de parar, antes que possais achar uma resposta. Se “projetais” a resposta, de acordo com Marx, de acordo com o Bhagavad Gita, sois então repetitivo e destrutivo. Pode a mente, que funciona há séculos, parar? O “eu” é o resultado de todo o ser humano, ou, melhor, de toda a espécie humana, e a mente é o envoltório do “eu”. Pode parar esse processo da mente, esse mecanismo tão astucioso, tão voraz, tão intensamente exigente, tão poderoso? Isto é, pode ele findar? Se não pode, não achareis a resposta.

Se utilizais a mente, estais apenas dando continuidade ao pensamento como meio de alcançar alguma coisa. Tende a bondade de observar. Se estais cansado, não continueis a escutar. Se não estais cansados, observai apenas. Pode esse mecanismo que tem funcionado através de gerações, através de séculos, deter-se voluntariamente, isto é, sem ser forçado, sem ser constrangido, compelido? Quando um homem é constrangido, sua reação será de persistência no mesmo estado, e, portanto, uma reação do pensamento.

Como poderá a mente findar-se? Eis uma questão importante, mas não sabeis resolvê-la. A mente precisa ser detida, a fim de que possa saltar ao outro lado. Não podeis deixa-la funcionar mecanicamente, e dar o salto. No conjecturar é o passado que está reagindo, e não há nada de novo. A mente tem de terminar. Mas, como é possível isso? Está certa está pergunta? O “como” é importante. Estão conseguindo acompanhar-me?

Sabemos que a mente é mecânica; logo em seguida vem a reação “como detê-la?” No momento em que fazeis esta pergunta, a mente se torna mecânica. Estais percebendo? Isto é, desejo um resultado, tenho os meios para alcança-lo e ponho em prática esses meios. Que aconteceu? O “como” é a reação da mente mecânica, reação do velho; e o seguir e praticar o “como”, é a continuação da máquina. Vede como se tornou falso o nosso pensar. Estamos sempre preocupados com o passado, o “como”, a maneira, a prática, etc. Estais vendo o processo. O “como” é vazio, e a mente indagadora se transforma, com efeito, na velha mente repetitiva, pela prática desse “como”.

Há dois estados mentais diferentes: o que segue o “como” e o que investiga sem procurar um resultado. A mente que investiga e prossegue em sua indagação, só nos poderá ser útil. Investigar e visar a um resultado são dois estados inteiramente diversos. Pois bem. Qual é o estado da vossa mente: o de buscar um resultado, ou o de investigar? Se estais em busca de resultado, estais apenas agindo mecanicamente. Nesse caso, nunca haverá um fim. Isso leva à deterioração e a destruição, é óbvio.

Vossa mente está de fato investigando, com o fim de encontrar a resposta sobre se a mente pode terminar, e não com o fim de descobrir “como” fazê-la terminar? O “como” é inteiramente diferente do “pode”. Pode a mente terminar? Já fizestes esta pergunta a vós mesmos? Se já a fizestes, com que motivo, com que intenção, com que fim a fizestes? É muito importante isso. Se fizestes a pergunta “pode a mente terminar?”, tendo por motivo o desejo de um resultado, do qual estais bem conscientes, então, nesse caso estais de novo no processo mecânico. Precisais, pois, ser extraordinariamente vigilantes e sutis, para poderdes responder a esta pergunta — não para mim, mas para vós mesmos. Se realmente fizerdes a pergunta sem a intenção de ver o que acontece, se investigardes, vereis que a vossa mente não estará à procura de um resultado, mas, sim, esperado uma resposta; não estará especulando sobre a resposta; não estará desejando a resposta; não estará ansiando pela resposta; estará simplesmente à espera.

Vede, faço-vos uma pergunta: qual é a vossa reação? Vossa reação imediata é a de pensar, de raciocinar, de olhar, de descobrir um argumento inteligente, para responder. Pergunta e resposta são uma ação psicológica diariamente observável, verbal e psicologicamente. Isto é não estais respondendo, estais reagindo, estais apresentando razões; em outras palavras, estais procurando uma resposta. Quando desejai achar a resposta a uma pergunta, a reação é mecânica, diferente do estado de espera. Isto é, a mente que fica à espera de uma resposta, não é mecânica, pois a resposta tem de ser algo que se desconhece; a resposta que se conhece é mecânica. Mas se se vos faz a pergunta e ficais “esperando” a resposta, vereis que a vossa mente se acha, então, num estado inteiramente diferente. Esperar é mais importante do que responder. Estais compreendendo? Aí, a mente já não é mecânica, mas um processo inteiramente diferente; é uma coisa inteiramente nova, que surge na existência, sem ter sido solicitada.    

Krishnamurti - 2 de fevereiro de 1952
Quando o pensamento cessa - ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill