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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Uma mente tagarela pode ser silenciada?


M: Quero falar sobre o problema da mente tagarela. O que faz a nossa mente tagarelar? De onde a mente consegue energia e qual é o propósito dessa tagarelice? É uma atividade constante. A todo momento, ela está murmurando.
P: Não é essa a verdadeira natureza da mente?
M: Não se trata de um “dever”. Não há “dever” algum. A mente põe-se a tagarelar o tempo todo e a energia dedicada a esse propósito preenche a maior parte da nossa vida.
K: Por que a mente põe-se a tagarelar? Qual p seu propósito?
M: Não há propósito. À medida que observo o cérebro, vejo que a tagarelice acontece só no cérebro, é uma atividade cerebral; uma corrente flui para baixo e para cima, mas é caótica, inexpressiva e inconsequente. O cérebro se desgasta com sua própria atividade. Pode-se ver que essa atividade é cansativa para o cérebro, mas ela não para.
K: Vale a pena levar adiante esse processo?
P: Se o senhor considerar o processo do pensamento como algo contínuo, sem princípio nem fim, então por que deveria fazer distinção entre a tagarelice e o processo do pensamento em si?
M: Nossa percepção ou atenção é totalmente desperdiçada nisso. Estamos cientes de algo que não tem absolutamente nenhuma significado. Trata-se de uma função neurótica do cérebro, produto do nosso tempo; nossa percepção, nossa atenção e nossos melhores esforços são desperdiçados nisso.
P: O senhor diria que há uma atividade significativa do pensamento e da tagarelice?
K: Por que a mente tagarela?
M: Porque não posso controla-la.
K: Por hábito ou por medo de não ficar ocupada com alguma coisa?
A: Trata-se de um ato que não depende da vontade.
M: Parece uma simples atividade automática. Ela apenas existe; não há nisso sentimento, não há nada.
K: Vocês não entenderam o que eu quis dizer. Aparentemente, a mente precisa estar ocupada com alguma coisa.
M: A mente está ocupada o tempo todo.
K: A mente precisa estar ocupada com alguma coisa e, caso não esteja, ela se sente ociosa, vazia e, portanto, recorre à tagarelice. Estou apenas perguntando isso: trata-se de um hábito ou é medo de não ficar ocupada?
M: É um hábito, um hábito arraigado.
K: Eu gostaria de saber se é um hábito... Por que ela está tagarelando?
P: Ela se põe a tagarelar; não há “razão” para isso.
K: Ele quer descobrir por que ela faz isso. É apenas como água correndo, como água escorrendo da torneira?
M: É um escoamento mental.
K: Por que vocês desaprovam a mente tagarela?
M: Porque é perda de energia, perda de tempo; o bom senso diz que o que está acontecendo é inútil.
(...)
K: Eu estou apenas lhe perguntando por que a mente tagarela? Trata-se de um hábito ou a mente precisa estar ocupada com alguma coisa? E quando ela não está ocupada com aquilo que ela acredita que deveria ser a sua ocupação, chamamos isso de tagarelice. Por que a ocupação não deveria ser tagarelice também? Estou ocupado com minha casa. Você está ocupado com o seu Deus, com o seu trabalho, com o seu negócio, com a sua mulher, com o seu sexo, com as suas crianças, com a sua propriedade. A mente precisa estar ocupada com alguma coisa; portanto, quando não está ocupada, ela pode ter uma sensação de vazio e, portanto, tagarelar. Não vejo nenhum problema nisso. Não vejo um grande problema nisso, a não ser que você queira que ela pare de tagarelar.
M: Se a tagarelice não fosse opressora, não haveria nenhum problema nisso.
K: Você quer contê-la, quer dar-lhe um fim. Portanto, a pergunta não é “por que”, mas para que?
M: Pode se dar um fim a uma mente tagarela?
K: Uma mente tagarela pode ser calada? Não sei o que vocês chamam de tagarela. Estou questionando. Quando você está ocupado com seu negócio, isso também é tagarelice. Quero descobrir o que vocês chama tagarelice. Eu digo que qualquer ocupação, comigo mesmo, com o meu Deus, com a minha mulher, com o meu marido, com os meus filhos, com a minha propriedade ou posição, tudo isso é tagarelice. Por que excluir tudo isso e dizer que a mente está tagarelando?
P: Porque a tagarelice sobre a qual estamos falando é irracional.
K: Não tem nenhuma relação com a sua atividade diária. Não há racionalidade nisso. Ela não está relacionada com a vida do dia-a-dia. Não tem nada que ver com as suas necessidades de todos os dias; é isso que você chama de tagarelice. Todos sabemos disso. (...)
A: Senhor, o pensamento normal é coerente em relação a determinado contexto. A tagarelice é uma atividade da mente que não tem nenhuma coerência com nenhum contexto. Portanto, nós dizemos que ela não tem sentido, pois não faz parte de nenhum contexto; e se a atividade da mente é desconexa, ela não tem coerência.
K: A tagarelice é um descanso para a mente?
A: Não, senhor.
K: espere, um caro; não vá tão depressa! Ouça; quero fazer-lhe uma pergunta: Você está ocupado com o seu trabalho diário, consciente, racional, irracional; a tagarelice pode ser uma libertação em relação a tudo isso?... A tagarelice, dizem vocês, é um desperdício de energia e vocês querem dar-lhe um fim... A sua mente pararia de tagarelar se estivesse totalmente ocupada? Apenas ouça; se não há nenhum espaço vazio, se não há nenhum espaço ou se toda a mente está cheia de espaço, a mente tagarela?... Ou a tagarelice só acontece quando há um pequeno espaço em que não está sendo ocupado?... Se a mente está completamente ocupada e não há nenhum espaço vazio, há, de alguma forma, alguma atividade que você chama de tagarelice?
(...) Eu não me importo que ela tagarele, mas você são contra a tagarelice da mente. Não sei se se trata mesmo de um desperdício de energia. Trata-se de um hábito?... A tagarelice cessa quando você a observa atentamente?
M: Essa é a maravilha, ela não para.
K: Não estou certo de que não pare. Se observo atentamente o hábito de fumar, prestando atenção a todo o movimento do fumar, ele desaparece. Assim, por que a tagarelice não pode desaparecer?... Não se trata de uma ação condicionada? Ela tornou-se condicionada. (...) Como você põe fim à tagarelice?... Isso é tudo o que nos interessa aqui. Minha mente tagarela. Eu quero recorrer a qualquer coisa para faze-la parar de tagarelar. Quero calá-la, porque percebo que a tagarelice é irracional, espalhafatosa. Como ela pode ter fim?
M: Tudo o que posso fazer é observa-la. Enquanto eu puder fazer isso, ela está parada.
K: Mas ela voltará mais tarde. Quero pará-la para sempre. No entanto, como faze-lo?... Por que me oponho à tagarelice? Você diz que está desperdiçando energia, mas está desperdiçando energia em dez direções diferentes. Veja: eu não me oponho a que minha mente tagarele. Eu não me importo de desperdiçar um pouco de energia, porque eu estou desperdiçando energia em muitas direções. Por que, então, me opor à tagarelice?
(...) Eu sei que a mente é tagarela, sei que há desperdício de energia em muitas direções, intencional ou não-intencionalmente, consciente ou inconsciente. E eu digo para deixa-la sozinha, que não haja tanto interesse por ela; encare-a de uma forma diferente... Eu acho que o problema da tagarelice não pode ser resolvido de outro modo... A mente não atingiu as raízes profundas da firmeza interior, e por isso é tagarela. É assim que costuma ser. A partir da observação “daquilo que é”... É dessa forma que eu agiria, se a minha mente estivesse tagarelando. Eu sei que é um desperdício de energia. Observo isso e um outro fator se lhe acrescenta — o fato de minha mente não ser de modo algum constante. Então, eu cuidaria mais desse fato do que da tagarelice.... Meu interesse recairia sobre isso, e não sobre a tagarelice. Vejo que, enquanto a mente não estiver firme, tem de haver tagarelice. Portanto, eu não estou interessado na tagarelice. Assim, vou descobrir qual é o sentimento e a qualidade de uma mente que está completamente firme. Isso é tudo. Deixei a tagarelice de lado... A mente não estando firme, tagarela. Minha pergunta é: Qual é a natureza e a estrutura dessa firmeza?… A atenção se aplica num sentido diferente. Em vez de ser dirigida para conter o desperdício, ela é, agora, dirigida à compreensão do que significa ser firme… Toda vez que vejo algo, o negativo instantaneamente se torna positivo. O falso se torna instantaneamente verdadeiro. O ver é a rocha; o escutar ou o ouvir é a rocha.  
Krishnamurti — Diálogos sobre a visão intuitiva








































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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill