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sábado, 16 de fevereiro de 2013

O pensamento psicológico torna a vida um campo de batalha

Interrogante: Não é um paradoxo dizerdes que o pensamento sempre funciona em fragmentos e que, para se perceber que o pensamento funciona em fragmentos, necessita-se de energia? Isso é um círculo vicioso?

Krishnamurti: Necessito de energia para olhar, mas esse olhar se torna fragmentário e, por conseguinte, dissipa energia; assim sendo, que se deve fazer? Veja, senhor, eu necessito de energia física, necessito de energia intelectual, necessito de energia emocional, apaixonada, para compreender qualquer coisa — uma energia inquebrantável. Mas sei que estou dissipando essa energia na fragmentação; a todas as horas o estou fazendo. Digo então: "O que devo fazer?" Tenho necessidade dessa energia para resolver imediatamente os problemas da vida; no entanto, estou a dissipá-la continuamente, não tomando alimentos adequados, pensando nisso e naquilo, com meu hinduísmo, meus preconceitos, minhas ambições, inveja, avidez, etc. Ora, posso fazer alguma coisa em tal estado ?" Escutai primeiramente essa pergunta, muito atentamente, não rejeiteis, nem aceiteis. Dissipo energia e tenho necessidade de energia; quer dizer, acho-me num estado de contradição e essa mesma contradição é outro desperdício de energia. Percebo, pois, que tudo o que faço em tal estado é desperdício de energia. A mente que está confusa, por mais que se esforce, em qualquer nível, continuará confusa. Não se pense que, vivendo-se de acordo com "um momento de clareza", a confusão se dissipará. Se o tento, gera-se novo conflito e, por conseguinte, fomenta-se a confusão.

Percebo que toda ação nascida da confusão produz ou leva a mais confusão; compreendi que toda ação da mente confusa só conduz a maior confusão. Vejo isso muito claramente, vejo-o como uma coisa extremamente perigosa — como quando se percebe um grande perigo; vejo-o com a mesma clareza. Que sucede então? Não atuo mais nessas condições de confusão. Essa inação total é ação completa.

Consideremos a questão de maneira diferente. Percebo que a guerra, em qualquer forma, matar o próximo de um avião a grande altura ou com um fuzil a pequena distância; ou uma batalha entre minha mulher e mim, uma batalha comercial, um conflito interior, em mim — é sempre guerra. Posso não matar realmente um vietnamita ou americano, mas, enquanto a minha vida for um campo de batalha, estarei contribuindo para a guerra. Vejo esse fato. Vejo-o — primeiro, como a maioria de nós foi exercitada para vê-lo: intelectualmente, isto é, fragmentariamente. E vejo que, se empreendo qualquer ação nesse estado fragmentário, tal ação só contribuirá para fomentar a guerra, o conflito. Devo, antes de tudo mais, descobrir se tal estado existe, pois pode ser que se trate de um estado puramente teórico, ideológico, imaginário e, portanto, sem valor. Mas, eu tenho de descobri-lo, e para descobrir não devo aceitar a ideia de que tal estado existe. Ora, existe esse estado? Só posso verificá-lo se compreendo a natureza do conflito, totalmente — o conflito que é dualidade, o "bom" e o "mau" (o que não significa que não haja "bom" e "mau"), e o conflito entre o amor e o ciúme. Devo olhá-lo sem julgar, sem comparar — olhar simplesmente. Começo a aprender a olhar, e não a atuar. Aprendo a olhar esse complexo campo da vida, sem aceitar nem rejeitar, comparar, condenar, justificar; a olhar assim como olho uma árvore. Só posso olhar realmente uma árvore, quando não há observador, isto é, quando não se torna existente o processo fragmentário do pensamento. Olho, pois, esse vasto campo de batalha da vida, o qual suponho constituir a maneira natural de viver, esse campo onde tenho de lutar contra meu próximo, contra minha mulher; onde tenho de lutar, quer dizer, comparar, julgar, condenar, ameaçar, odiar. Olho para essa situação que aceitei, para essa vida que sou eu — e posso então olhar para mim mesmo, assim como sou, sem nenhuma comparação, condenação, julgamento? Se posso, já estou fora da sociedade, porque a sociedade pensa sempre segundo as noções de grande e pequeno, poderoso e fraco, belo e feio, etc. De um golpe, compreendi todo o processo de fragmentação e, por conseguinte, não pertenço a nenhuma igreja, nenhum grupo, nenhuma religião, nenhuma nacionalidade, nenhum partido.

Krishnamurti — Saanen, 11 de julho de 1967
Extraído do livro: Como viver neste mundo - ICK



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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill