Ele vem da dúvida. Você não consegue se convencer realmente de que está fazendo algo correto, então precisa fazer em excesso, precisa griatr alto, para que você precisa convencer os outros para que, ao perceber que converteu milhaes de pessoas, você fique à vontade. Deve haver alguma verdade no que você está dizendo; senão, por que tantas pessoas se convenceruam? Você pode ser um tolo, mas tantas pessoas não podem ser tolas.
(…) Você está trêmulo por dentro, não sabe o que é esta vida — mas alguém sabe, e você pode seguir esse alguém. Você é aliviado de um grande fardo de incerteza, e tudo o que é necessário de sua parte é uma crença fanática.
A crença fanática serve aos dois. O líder a necessita porque ele próprio é como você, trêmulo por dentro; ele nada sabe. Tudo o que ele sabe é gritar melhor do que você, é ser mais eloquente do que você, é pelo menos fazer pose de quem sabe — ele é um bom ator, um hipócrita sofisticado. Mas, no fundo, ele sabe que está inseguro. Ele precisa de muitos seguidores, os quais o ajudarão a se livrar do medo, os quais o convencerão de que ele sabe.
(…) O líder está continuamente precisando de ser convencido de que ele está certo. Para isso, ele necessita de um número crescente de seguidores comprometidos. E quanto mais fanático eles forem, mais convincentes serão para ele. Se eles estiverem dispostos a morrer ou matar, a ir a uma cruzada, a fazer o jihad ou a ir a uma guerra santa, isso o deixará seguro.
E, de maneira circular, sua certeza convence os seguidores — porque ele fala com mais convicção, fica mais teimoso, fica absolutamente seguro. “Se” e “mas” desaparecem de sua linguagem — tudo o que ele diz é a verdade. E esse círculo vicioso segue em frente: deixa o líder fanático e os seguidores fanáticos. Essa é a necessidade psicológica de ambos; ambos estão no mesmo barco.
As pessoas têm necessidades psicológicas de estarem certas, pois ter instabilidade torna sua vida difícil. Ela já é suficientemente difícil como é — por toda a parte há incertezas e inseguranças, por toda parte há problemas sem soluções. Isso dá uma oportunidade a esses poucos espertalhões que podem fingir que têm as comodidades de que você necessita. A única qualidade que um líder precisa ter é sempre estar à frente da multidão. Ele deve constantemente obserbar para onde a multidão está indo, e estar à frente dela. Isso faz com que a multidão sinta que o líder está liderando.
O líder precisa ser apenas esperto a este ponto: observar o estado de ânimo das pessoas e observar para onde elas estão indo. Para onde o vento começa a soprar, o líder de verdade nunca perde a chance: está sempre à frente da multidão.
Pensadores não são necessários, porque um pensador começará a se questionar se o caminho que a multidão está indo é o curso correto ou se o caminho que ele estava indo é o curso correto. Se ele começar a pensar dessa maneira, deixará de ser um líder e ficará sozinho. A multidão acompanhará algum idiota que não se importa para onde ela esteja indo. Você pode estar indo para o inferno, mas ele é o líder — ele está à sua frente. A única qualidade necessária do líder é uma faculdade de avaliar o estado de ânimo da multidão. Isso não é muito difícil, porque a multidão está o tempo todo gritando alto o que ela quer, onde ela quer ir, quais são as suas necessidades. Você precisa estar apenas um pouco alerta e reunir todas essas vozes; então, não haverá problema, você estará à frente da multidão.
E insista em prometer tudo o que eles pedirem — ninguém espera que você cumpra suas promessas; ele estão pedindo apenas para receberem promessas. Quem lhe pediu para cumprir suas promessas? Continue a fazer promessas e não se preocupe com o fato de que, um dia, o apanhem e lhe perguntem sobre elas. Eles nunca farão isso, porque, sempre que o apanharem, você pode lhes fazer promessas ainda maiores.
E a memória das pessoas é muito fraca. Quem se lembra do que você prometeu há cinco anos? Em cinco anos, muita coisa já terá acontecido; quem se importa? Em cinco anos, muita coisa já terá mudado. Não se preocupe; simplesmente continue a fazer promessas cada vez maiores.
E as pessoas acreditam nessas promessas, elas querem acreditar, pois nada mais têm, exceto esperanças. Dessa maneira, os líderes ficam dando ópio, esperança, e as pessoas ficam viciadas.
O fanatismo a grupos e organizações políticas, religiosas ou alguma outra é uma espécie de vício — como qualquer outra droga. Um cristão se sente em casa se estiver cercado por outros cristãos. Isso é um vício, uma droga psicológica. Ao perceber uma pessoa fora do grupo delas, algo na psique das pessoas começa a tremer imediatamente: surge um ponte de interrogação. Há uma pessoa que não acredita em Cristo: “É possível não acreditar em Cristo? É possível sobreviver sem acreditar em Cristo?” Suspeitas, dúvidas…
Por que elas ficam com raiva? Elas não estão com raiva, mas, em verdade, estão com medo. E, para ocultar o medo, precisam projetar a raiva. A raiva é sempre para ocultar o medo… Na raiva, o medo permanece oculto.
Elas são muito fanáticas, defensivas… sabem que a crença que têm não é a experiência delas e têm medo de que uma pessoa de fora possa arranhar, cavar fundo, trazer a ferida diante de seus olhos. Elas deram um jeito de cobri-la — são cristãs, o Cristo é o salvador, o único salvador, o único salvador real, e têm o Livro Sagrado e Deus está com elas; então, o que há a temer? Elas criaram um lar psicológico aconchegante e, repentinamente, como um touro em uma loja de porcelana, vem um estranho que não acredita no que elas acreditam!
(…) Fanatismo é isto: nunca escute algo que vá contra você. Antes que alguém diga algo, você começa a gritar tão alto que escuta apenas a sua voz. Leia somente o seu livro, escute somente a sua igreja, o seu templo, a sua sinagoga.
O fanatismo é simplesmente uma estratégia para proteger você de suas dúvidas. Mas, embora as dúvidas possam ser protegidas, não podem ser destruídas.
Osho