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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Despertando a criação que está ao alcance de todos

Pode a mente eliminar todo o seu condicionamento? Afinal de contas, condicionamento é produto do passado. As reações, os condicionamentos, as crenças, as tradições de muitos milhares de dias passados concorreram para moldar a mente. E pode-se eliminar tudo isso? Deveis pensar nisso seriamente, em lugar de afastardes de vós a questão, dizendo "Não é possível", ou "Se é possível, como poderei fazê-lo?" O "como" não existe. "Como" implica tempo intermediário; e a mente para a qual é importante o tempo intermediário está em verdade adiando. Pode-se pensar que, embora se possa "banhar" a mente para torná-la comunista, capitalista ou o que quer que seja — e isso significa apena uma diferente forma de condicionamento — é impossível estar-se livre de todos os condicionamentos. Não sei se percebeis isso. Não sei se estais cônscios de vosso condicionamento, o que ele implica, e se há, ou não possibilidade de libertação. O condicionamento é a própria raiz do medo; e onde existe medo, aí não há virtude.

Para se penetrar profundamente nessa questão requer-se muita inteligência, e por inteligência entendo a compreensão libertadora de toda e qualquer influência. A influência é a causa do condicionamento. Fomos criados para crer em Deus, em Cristo, para repetir certas coisas todos os dias; ao passo que na Índia se despreza tudo isso, porquanto, lá, eles foram criados com seus próprios santos e deuses. A questão, pois, é esta: Pode a mente, depois de influenciada por tantos séculos pelo peso esmagador da tradição, desfazer-se desta completamente e sem esforço algum? Podeis sair daí, dessa estrutura, tão facilmente como podeis sair deste salão? Esse fundo (background) não é a própria mente? A história da mente é a mente. Não sei se isto está para vós bem claro.

A mente é o próprio fundo (background). A mente é a tradição. Ela resulta do tempo. E reconhecendo a inutilidade de suas atividades, diz, por fim, que existe "a graça de Deus", que é preciso esperar, aceitar, receber — e isso é outra forma de influência. Essa mente não é uma mente inteligente.

Que fazer, então? Estou certo de que já examinastes bem isso. Deveis tê-lo experimentado: não aceitar, não confiar na autoridade, não se deixar influenciar. Deveis ter chegado à compreensão de que a mente, ela própria, nada pode fazer. Ela é escrava de si própria; criou seu condicionamento; e toda reação a esse condicionamento o fortalece ainda mais. Todo movimento, todo pensamento, toda ação que se verifica no interior da mente continua dentro da limitada esfera de seus próprios valores. Se já penetramos até este ponto, não teoricamente, não intelectual ou verbalmente, porém de modo real, que acontece então? Espero compreendais o resultado disso. O Resultado é que, para a mente que deseja compreender o que é verdadeiro e saber se existe o imensurável, o "indenominável", toda espécie de autoridade deve cessar — tanto a autoridade da Lei como a autoridade da experiência. Mas isso não significa "conduzir o carro pelo lado errado da estrada": significa que a mente rejeita a autoridade de toda experiência, que é conhecimento, que é a palavra, e rejeita todas as sutilíssimas formas de influência, "o esperar para receber", todas as expectativas. A mente é então deveras inteligente.

Penetrar em si mesmo tão profundamente, tão cabalmente, é trabalho dificílimo. Para nos aplicarmos a qualquer coisa requer-se energia, não esforço. E se chegamos até esse ponto, resta ainda alguma coisa da mente, tal como a conhecemos? E não é necessário alcançar esse estado? Porque, sem dúvida, ele é o único estado criador. Escrever um poema, pintar um quadro, construir um edifício, etc. — isto por certo não pode ser chamado ação criadora, no verdadeiro sentido da palavra.

Sente-se que a criação, a coisa que chamamos Deus, ou a Verdade, ou como quiserdes chamá-la, não é apenas para uns poucos eleitos. Não é apenas para os indivíduos dotados de certa capacidade, certo dom, tal um Miguelangelo ou Beethoven, ou os modernos poetas, arquitetos e artistas. Eu sinto que ela está ao alcance de todos — esse extraordinário sentimento da imensidade, de algo que não conhece obstáculos nem fronteiras, que não pode ser medido pela mente ou expresso em palavras. Sinto que a criação está ao alcance de todos. Porém, não é um resultado. Ela nasce, penso, quando a mente começa pelo que está mais próximo, ou seja por si própria — e não quando busca o que está mais remoto, o inimaginável, o desconhecido. O autoconhecimento, conhecimento de nosso "eu", significa abri-lo, examiná-lo, ver o que ele é — e, não, buscar algo fora de nós. A mente é de fato uma coisa extraordinária. Como a conhecemos, ela é resultado do tempo; e o tempo é autoridade — a autoridade do bom e do mau, do que se deve fazer e do que não se deve fazer, da tradição, das influências, do condicionamento.

Pode, pois, a vossa mente — não vos falo individualmente — descobrir todo o seu condicionamento, tanto o consciente como o inconsciente, e dele sair? "Sair" é apenas expressão verbal: pois quando a mente se vê condicionada e compreende todo o mecanismo desse condicionamento, então, de repente, ela se encontra "do outro lado".

Krishnamurti — 14 de maio de 1961

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill