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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ausência de desejo é o requisito essencial ao alcance da tranquilidade

Pergunta: Nama-Japam é o único meio eficaz de fazer parar as incessantes divagações da mente. Por que você condena esses exercícios preliminares, que tanto ajudam o homem que busca, a evitar as sombras fugitivas da existência?

Krishnamurti: O que quase todos queremos é ser hipnotizados por palavras e sons. Queremos estar tranquilos, e por essa razão inventamos palavras ou tomamos um entorpecente para acalmar os nervos por umas poucas horas.

Se você está interessado apenas na quietação superficial da mente, Nama-Japam de fato tranquiliza a mente, os nervos, mediante a repetição de palavras. Em vez de recitar Nama-Japam, sugiro-lhes repetirem uma porção de vezes “dois e dois são quatro”: a mente de vocês se tornará muito tranquila (risos).

Prestem atenção a isso. A mente deseja uma ocupação em que não seja perturbada. Afinal, é isso o que queremos, a maioria de nós; vocês não querem ser perturbados, na ocupação de vocês, nas relações com esposa, com o próximo; querem estar seguros quando a vida de vocês; querem paz; não querem ser perturbados, politicamente, religiosamente. Só quando vocês têm fome, quando estão na miséria, há perturbação. O homem que está na miséria quer alcançar de alguma maneira, um estado de não-perturbação. Afinal de contas, as tiranias e os campos de concentração estão cheios de pessoas “perturbadas”. “A dúvida, a incerteza é um obstáculo para o homem que busca”. É o que diz a religião de vocês; é o que dizem seus políticos e os seus líderes. A mente, pois, não deseja ver-se perturbada e recorre por isso a vários meios de aquietar-se.

A ausência de desejo é o requisito essencial para se alcançar a tranquilidade. É necessária vigilância da mente e do coração, vigilância da Verdade — não da Verdade fundamental, mas da verdade que se encontra nos movimentos da vida de cada dia, da verdade existente no pensar. A Verdade não é uma coisa definitiva; ela tem de ser encontrada a cada minuto do dia. A Verdade não é coisa que se possa acumular, atar-se e desse modo tornar-se tempo. O que está preso ao tempo não é a Verdade; é a memória, e a memória diz: “não devo ser perturbada”; “tive uma belíssima experiência da Realidade, de Deus, do pôr do sol”; ou “tive a alegria do preenchimento”; tive um certo desejo”, “não devo ser perturbada”.

A mente, pois, está buscando perenemente um modo de viver em que possa permanecer tranquila, em que possa funcionar de uma maneira “habitual”. Afinal, todas as vossas experiências são hábitos consolidados, e no hábito a mente está tranquila. Por isso vocês criam Nâma-Japam, repetem certas palavras, e suas mentes são postas tranquilas. Há, porém, um impulso interior, que continua ativo: o impulso para vir a ser algo, o impulso para o preenchimento; há pensamentos ambiciosos, que lutam, competem, pensamentos que precisam ser percebidos e compreendidos. Eles se revelam nas suas relações diárias, com esposa, filhos, na ocupação que vocês exercem.

A vida, pois, é um “processo” de reações, em que há perturbação. tem de haver perturbação, e essa perturbação é o espelho em que se fazem descobrimentos; nele vocês descobrem o estado da mente de vocês, do coração; podem ver como eles se movimentam, como funcionam. Entretanto, se condenam esse espelho, criam então um empecilho ao descobrimento. Não podem passar além. A entidade que julga, que compara, que condena, é sempre o pensamento — o pensamento que está interessado em se tornar algo, o pensamento que é ambicioso; e esse pensamento nunca haverá de encontrar a Realidade. O homem ambicioso é um homem político, e o mundo político jamais resolverá o problema da existência humana. Nenhum parlamento, nenhum líder político é capaz de compreensão e de produzir revolução interior, no mundo.

O mundo são vocês; o mundo de vocês é o mundo em que vivem, as pessoas que os circundam. É no coração que deve realizar-se a revolução. E essa revolução não se produz como o se colocarem a dormir; ela vem através de uma coisa que é criadora, dinâmica — a Realidade fundamental. Só é possível aquela revolução quando se compreendem as coisas da vida. A compreensão pelo coração é o “começo do escutar”, e a meditação é a compreensão do “processo” integral da mente.

Krishnamurti – 25 de janeiro de 1953

Autoconhecimento – Base da Sabedoria        

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill