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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Se não houvesse apego, haveria condicionamento?

Quando temos consciência de estarmos condicionados? Estamos algumas vez conscientes disso? Você percebe que está condicionado, ou só percebe a existência de conflito e luta, em vários níveis da sua existência? Não temos consciência de nosso condicionamento, certamente, mas apenas de que há conflito, dor, prazer.

“O que você entende por conflito?”

Qualquer espécie de conflito: conflito entre as nações, entre vários grupos sociais, entre indivíduos, e o conflito existente dentro de nós mesmos. Não é inevitável o conflito, enquanto não se der a integração do agente e da ação, do desafio e da reação? O conflito é nosso problema, não acha? Não um determinado conflito, mas todo e qualquer conflito: a luta entre as ideias, entre as crenças, as ideologias, os opostos. Se não houvesse conflito não haveria problemas.

“Você está sugerindo que devemos buscar uma vida de isolamento, de contemplação?”

A contemplação é penosa; é uma das coisas mais difíceis de se compreender. O isolamento, que, consciente ou inconscientemente, cada um de nós está buscando, à sua maneira, não resolve os nossos problemas;pelo contrário, aumenta-os. Estamos tentando compreender quais são os fatores de condicionamento que criam novos conflitos. Só estamos conscientes de conflito, dor ou prazer, mas não estamos conscientes de nosso condicionamento. Qual é a causa do condicionamento? 

“As influências sociais e ambientes: a sociedade em que nascemos, o meio cultural em que crescemos, as exigências econômicas e politicas, etc.”

Exatamente; mas é só isso? estas influências são produtos de nós mesmos, não são? A sociedade é o resultado das relações de um homem com outro homem, o que é bastante evidente. Essas relações são de utilização, de necessidade, de conforto, de satisfação, e criam influências, valores, que nos prendem. Esse aprisionamento é nosso condicionamento. Estamos agrilhoados por nossos próprios pensamentos e ações; mas não estamos conscientes desses grilhões, e só percebemos o conflito, o prazer, a dor. Parece que nunca passamos daí, e, se o fazemos, passamos apenas a um novo conflito. Não estamos conscientes de nosso condicionamento, e enquanto não o estivermos, só poderemos produzir mais conflito e confusão.

“Como podemos estar conscientes de nossos condicionamentos?”

Só pela compreensão de um outro processo, o processo do apego. Se pudermos compreender a razão por que somos apegados, talvez então possamos perceber o nosso condicionamento.

“Isso não é dar uma volta muito grande, para atender uma questão direta?”

Você acha que é? tente ficar consciente de seu condicionamento. Não pode conhece-lo senão indiretamente, em relação alguma coisa. Não pode estar consciente de seu condicionamento como abstração, porque, nesse caso, trata-se apenas de um conhecimento verbal, sem muita significação. Nós só conhecemos o conflito. O conflito existe quando não há integração entre desafio e reação. Esse conflito é o resultado de nosso condicionamento. Condicionamento é apego: apego ao emprego, à tradição, à propriedade, a pessoas, ideias, etc. Se não houvesse apego, haveria condicionamento?  Decerto que não. Portanto, por que é que temos apego? Tenho apego ao meus país porque, pela identificação com ele, eu sou alguém. Identifico-me com o meu trabalho, e o trabalho se torna importante. Eu sou minha família, minha propriedade; estou apegado a eles. O objeto de meu apego oferece-me o meio de fuga de meu próprio vazio. O apego é fuga, e a fuga é que robustece o condicionamento. Se tenho apego a você, é porque você se tornou meu meio de fuga de mim mesmo; por isso, você é muito importante para mim, e tenho de lhe possuir, manter-me preso a você. Você se torna o fator de meu condicionamento, e a fuga é o condicionamento. Se nos tornarmos conscientes de nossas fugas, perceberemos então os fatores, as influências que produzem condicionamento.

“Estou fugindo de mim mesmo com meu trabalho social?”

Você está a ele, está preso a ele? Você se sentiria aniquilado, vazio, entediado, se não fosse ele?

“Estou certo de que assim me sentiria.”

Seu apego a esse trabalho é a sua fuga. Há fugas em todos os níveis da nossa existência. Você se refugia no trabalho, outro na bebida, outro nas cerimônias religiosas, outro no saber, outro em Deus, e outros, ainda, em vários divertimentos. Todas as fugas são iguais; não há fuga superior ou inferior. Deus e a bebida se acham no mesmo nível, quando representam meios de fuga àquilo que somos. Quando temos consciência de nossas fugas, só então podemos conhecer o nosso condicionamento.

“Que devo fazer, se deixar de fugir por meio da assistência social? Posso fazer alguma coisa sem estar fugindo? Toda e qualquer ação de minha parte não representa uma forma de fuga ao que sou?”

Esta pergunta é meramente verbal, ou reflete uma realidade, um fato que você está experimentando? Se você não fugisse, que aconteceria? Já experimentou isso?

“O que você diz é tão negativo, se posso assim me expressar. Você não oferece substituto algum para o meu trabalho.”

Toda substituição não constitui uma outra forma de fuga? Quando uma certa atividade não é satisfatória ou cria mais conflito, corremos para outra. Substituir uma atividade por outra, sem compreensão da fuga, é um tanto fútil, não acha? São essas fugas e nosso apego a elas, que produzem condicionamento. O condicionamento cria problemas, conflitos. É o condicionamento que nos impede a compreensão do desafio; visto que estamos condicionados, a nossa reação tem de criar, inevitavelmente conflito.

“Como se pode ficar livre de condicionamento?” 

Só pela compreensão, pelo percebimento de nossas fugas. Nosso apego a uma pessoa, um trabalho, uma ideologia, é o fator condicionador; temos de compreende-lo, em vez de buscarmos uma fuga melhor ou mais inteligente. Todas as fugas são ininteligentes, já que inevitavelmente produzem conflito. O cultivo do desapego constitui uma outra maneira de fuga, de isolamento; é apego a uma abstração, a um ideal. O ideal é coisa fictícia, produto do “eu”, e tornar-se o ideal representa uma fuga ao que é. Só há compreensão de o que é e ação adequada em relação ao que é, quando a mente já não está a buscar refúgios. O próprio pensar a respeito do que é, é fuga ao que é. Pensar no problema é fugir do problema; porque o pensamento é o problema, o único problema. A mente que não deseja ser o que é, que teme o que é, busca esses vários modos de fuga; e a via de fuga é o pensamento. Enquanto houver pensamento, haverá necessariamente fugas, apegos, que só podem fortalecer o condicionamento. Libertamo-nos do condicionamento quando nos libertamos do pensar. Quando a mente está tranquila de todo, só então há liberdade, para a existência do Real.

Krishnamurti – Reflexões sobre a vida

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill