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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Por quê, praticamente todo mundo fala da vida dos outros?

Pergunta: A bisbilhotice tem valor na autorrevelação, principalmente porque revela como são os outros. Por que não usar a bisbilhotice como um meio de descobrir o que é? Não estremeço ao escutar a palavra “bisbilhotice” só porque ela tem sido condenada por muitas gerações.

Krishnamurti: Pergunto-me por que fazemos mexericos. Não é porque eles nos revelam como os outros são. E por que haveríamos de querer conhecer os outros? Por que esse tremendo interesse na vida de outras pessoas? Por que bisbilhotamos? É uma forma de inquietação, não é? Como a preocupação, isso também é indicação de uma mente inquieta. Por que temos esse desejo de interferir na vida dos outros, de saber o que eles estão fazendo, falando? A mente que se entrega a bisbilhotices é bem superficial, não é? Pode ser uma mente investigadora que tomou um rumo errado. A pessoa que me fez a pergunta parece pensar que, por causa de seu interesse pelos outros, eles se revelarão com seus pensamentos, ações e opiniões. Mas podemos conhecer os outros, se não conhecemos a nós mesmos? Podemos julgá-los, se nem sabemos por que razão pensamos, agimos e nos comportamos de um determinado jeito? Por que nos preocupamos tanto como os outros? Não será uma forma de fuga, esse desejo de saber o que os outros estão pensando, sentindo, sobre o que estão falando? Isso não será um meio de escapar de nós mesmos? Nesse hábito, não haverá também o desejo, puro e simples, de nos intrometermos na vida dos outros? Penso que a nossa vida já é bastante difícil, bastante dolorosa, sem que lidemos com a vida de outras pessoas. Como achamos tempo para pensar nos outros de modo tão bisbilhoteiro e cruel? Por que agimos assim? Todo mundo faz isso. Todo mundo, praticamente, fala da vida dos outros. Por quê?

Acho que nos entregamos a mexericos porque não estamos suficientemente interessados no processo do nosso próprio pensamento e de nossas ações. Queremos ver o que os outros estão fazendo e, para falar com delicadeza, queremos imitá-las. E por que queremos isso? tal desejo não indica superficialidade de nossa parte? É uma mente estúpida, essa, que sai de si mesma para ir em busca de excitação. Em outras palavras, bisbilhotice é uma forma de sensação à qual nos entregamos. Pode ser um tipo diferente de sensação, mas há sempre o desejo de excitação, de distração. É, de fato, uma pessoa bastante superficial, essa que busca excitação externa, falando dos outros. Preste atenção quando estiver bisbilhotando a respeito de alguém, porque isso lhe mostrará muita coisa sobre si mesmo. Não tente disfarçar, dizendo que só está curioso a respeito de outras pessoas. A verdade é que isso indica inquietação, desejo de excitação, superficialidade e falta de um verdadeiro e profundo interesse nas pessoas, que nada tem a ver com bisbilhotice.

Outro problema é como parar com os mexericos. Quando percebemos que estamos falando de alguém, como paramos? Se isso se tornou um hábito, uma coisa feia que se repete dia após dia, o que fazer para acabar com esse comportamento? Quando você se pega bisbilhotando e está cônscio de todas as implicações dessa ação, não diz a si mesmo para parar? E não pára, no mesmo instante em que percebe que está sendo bisbilhoteiro? Experimente isso na próxima vez em que estiver falando de alguém, e verá como pára de bisbilhotar, quando percebe o que está fazendo, quando se conscientiza de que sua língua o domina. Não é preciso ter força de vontade para isso, basta que você esteja cônscio do que está falando e veja as implicações. Não é preciso condenar ou justificar a bisbilhotice. Esteja alerta, perceba o que está dizendo, e verá como pára rapidamente de falar, porque o que você fala lhe revela como age, como se comporta e qual é o seu padrão de pensamento. Nessa revelação, descobrirá a si mesmo, o que é muito mais importante do que falar dos outros, fazer comentários sobre o que eles fazem, o que pensam e como se comportam.

Muitos de nós lemos jornais que estão cheios de mexericos, numa bisbilhotice global. É um modo de fugirmos de nós mesmos, de nossa mesquinharia, do que há de feio em nossa vida. Pensamos que, por meio de um interesse superficial nos acontecimentos do mundo, tornamo-nos mais sábios, mais capazes de lidar com nossos próprios problemas. E isso não é um meio de fuga? Somos tão vazios, tão pouco profundos, temos tanto medo de nós mesmos! Somos tão pobres que a bisbilhotice torna-se uma forma de rico entretenimento, uma fuga de nós mesmos. Tentamos preencher nosso vazio interior com conhecimento, rituais, intrigas, com uma infinidade de meios de fuga que se tornam de vital importância, quando o mais importante deveria ser a compreensão do que é. Essa compreensão exige atenção. Saber que somos vazios, que estamos sofrendo, pede total atenção, não meios de fuga, mas são muitos os que gostam desses meios porque eles são muito mais prazerosos. Quando me vejo como realmente sou, acho muito difícil lidar comigo mesmo, e esse é um problema com os quais todos nós nos confrontamos. Sabemos que somos vazios, que estamos sofrendo, mas não sabemos o que fazer, não sabemos como lidar com isso. Então, recorremos a todos os tipos de fuga.

Assim, a pergunta é: o que fazer? É óbvio que não podemos escapar, pois seria um absurdo, uma infantilidade. Mas, quando você vê diante de si mesmo, quando se vê como é, o que deve fazer? Primeiro, é possível você não negar ou justificar o que vê, mas conservar-se como é? Isso é extremamente difícil, porque a mente busca explicação, condenação, identificação. Se ela não faz nada disso, é possível aceitar alguma coisa. Se aceito que sou escuro, está acabado, mas se lamento não ter a pele mais clara, isso é um problema. É muito difícil aceitar o que é, só conseguimos isso quando não há fuga, e condenação ou justificação são formas de fuga. Assim, quando entendemos por que falamos tanto dos outros, e como esse comportamento é absurdo, cruel e tudo o mais o que ele envolve, ficamos frente a frente com o que somos e, ou tentamos destruir o que vemos, ou tentamos transformá-lo em algo diferente. Se não fizermos nenhuma dessas coisas, mas decidirmos compreender e aceitar completamente o que vemos, descobriremos que não é mais aquilo que temíamos. Então, existe a possibilidade de transformamos aquilo que é.

Krishnamurti - A primeira e última liberdade
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill