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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Posso olhar o mapa do medo sem uma onda de pensamento?


Existe o medo. O medo nunca é uma realidade: vem sempre antes ou depois do presente ativo. Quando há medo no presente ativo, isso será medo? Está ali e não há como fugir dele, não há como escapar. Ali, no momento presente, há a atenção total, mas não há medo. Mas o próprio fato da desatenção gera o medo; o medo surge quando há uma evitação do fato, uma fuga; então a fuga é, ela própria, o medo. (1) Diário de Krishnamurti

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Krishnamurti: Se sou um homem sério, quero saber a razão da existência de tantos medos, conscientes ou inconscientes. Eu me pergunto o porque de existir o medo e qual seu agente principal. Tentarei mostrar como investigar isso. Minha mente diz: Eu sei que tenho medo — tenho medo da água, da escuridão; tenho medo de determinada pessoa; tenho medo de ser descoberto, já que contei uma mentira; eu quero ser grande, bonito e não sou — então, tenho medo. Estou investigando. Tenho, pois, inúmeros medos. Sei que existem medos profundos, que nem sequer olhei e que existem medos superficiais. Quero agora descobrir algo a respeito de ambos, tanto dos ocultos quanto dos visíveis. Quero saber como eles existem, como eles surgem, qual é a sua raiz.

Mas, como poderei descobrir? Farei isso passo a passo. Como descobrir? Só poderei descobrir se a mente perceber que viver com medo é não apenas neurótico mas muito pernicioso mesmo. A mente primeiro precisa perceber que é neurótica e que, portanto, a atividade neurótica prosseguirá e se tornará destrutiva. E verificar que a mente atemorizada não é jamais honesta, que a mente assustada, inventará qualquer experiência, qualquer coisa a que se apegar. Eu preciso, então, de início, enxergar com clareza e na totalidade que, enquanto houver medo, haverá desgraças.

Mas, eu pergunto, vocês percebem isso? Esse é o primeiro requisito. Essa é a primeira verdade: enquanto existir medo existirá o escuro, e o que quer que eu faça nesse escuro será escuridão, será confusão. Será que eu percebo isso com nitidez, na sua totalidade e não apenas de modo parcial?

Questionador: A pessoa aceita isso.

Krishnamurti: Não existe aceitação, senhor. O senhor aceita que vive na escuridão? Está bem, aceite e viva com isso. Para onde quer que vá estará carregando consigo a escuridão e, então, viva na escuridão. Fique satisfeito com ela.

Q: Há um estado mais elevado.

K: Um estado mais elevado de escuridão?

Q: da escuridão para a luz.

K: Veja, de novo, a contradição. Da escuridão para a luz é uma contradição. Não, senhor, por favor. Eu pretendo investigar e o senhor tenta impedir que eu faça isso.

Q: É análise.

K: Não é através de análise. Por favor, senhor, ouça o que tem a dizer esse pobre homem. Ele diz, eu sei, estou a par, eu tenho consciência de ter inúmeros medos, ocultos e superficiais, físicos e psicológicos. E sei também que, enquanto eu viver, nessa área haverá confusão. E, faça eu o que fizer, não poderei clarear essa confusão até que me liberte do medo. Isso é óbvio. Isso agora ficou claro. Então eu digo a mim mesmo: eu vejo a verdade de que, enquanto houver medo, eu viverei na escuridão — posso chama-la de luz, acreditar que irei ultrapassá-la, mas eu ainda carrego esse medo.

Vamos agora para o passo seguinte, e não se trata de análise; é apenas observação: — será a mente capaz de examinar? Será a minha mente capaz de fazer um exame, de observação? Vamos ater-nos à observação. Compreendendo que, enquanto existir o medo, haverá escuridão, será a minha mente capaz de observar o que é o medo e a profundidade desse medo? Agora, o que significa observar? Serei capaz de observar todo o movimento do medo ou apenas parte dele? É a mente capaz de observar por completo a natureza, a estrutura, o funcionamento e o movimento do medo, no todo, e não apenas pedaços dele? Quando digo no todo, quero dizer não pretender superar o medo, porque nesse caso eu teria uma direção, um motivo. Quando existe um motivo, existe uma direção e, então, não há como enxergar o todo. E não existe um modo de observar o todo se existe algum tipo de desejo de superar ou de racionalizar.

Poderei observar sem nenhum movimento do pensamento? Ouçam isto. Se eu observar o medo através do movimento do pensamento, isso é parcial, é obscuro, não é claro. Posso então observar o medo, todo ele, sem o movimento do pensamento? Não se apresse. Estamos apenas observando. Não estamos analisando, estamos apenas observando o mapa do medo, um mapa de extraordinária complexidade. Se você tiver uma direção quando olhar para o mapa do medo, você estará olhando para ele de modo parcial. Isso é claro. Quando você quer superar o medo, você não olha o mapa. Então, será que você é capaz de olhar o mapa do medo sem nenhum movimento do pensamento? Não responda logo, vá com calma.

Em outras palavras, pode o pensamento cessar quando eu estou observando? Quando a mente observa, pode o pensamento ficar em silêncio? Você então me perguntará como proceder para que o pensamento fique em silêncio. Certo? Essa pergunta é equivocada. Minha intenção agora é observar e essa observação fica impedida quando existe um movimento ou tremular do pensamento, alguma ondulação do pensamento. Assim, minha atenção — ouçam isto — dedicarei a minha atenção total ao mapa e, portanto, o pensamento não pode entrar. Quando olho para você de modo completo, nada existe do lado de fora. Compreende?

Posso então olhar o mapa do medo sem uma onda de pensamento?

Krishnamurti – Saanen, 31 de julho de 1974
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill