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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Sobre o estado de beleza criadora

            Senhor, que é a beleza como nasce o estado de beleza criadora? Obviamente, é necessário a existência do amor. E o amor significa abandono completo, não é verdade? Não o estado de abandono criado pelo desejo, mas aquele abandono sem restrições, sem esperança de resultados, em que, por conseguinte, não há medo. Só pode haver esse abandono completo quando não existe o “eu”, o “ego”; e quando já não existe “eu”, não há, no estado de abandono, austeridade, simplicidade?
            Para a maioria das pessoas, austeridade significa a destruição de tudo o que é belo ao redor delas. Exteriormente, essas pessoas rejeitam todas as coisas mundanas e só possuem umas poucas coisas, mas interiormente não são elas simples, absolutamente; pelo contrário, são extraordinariamente complexas, consumidas de desejos, ansiando por um certo resultado. Isto, por certo, não é austeridade. Ora, senhor, ser austero não significa negar o desejo. Tende a bondade de escutar. Só há estado de abandono quando não existe “eu”, mas o “eu” não pode ser destruído pelo simples expediente de reprimir o desejo. Afinal de contas, o desejo é energia, e se fosse destruído o desejo, nada mais seria possível. Necessitamos de uma energia extraordinária para que a mente tenha a possibilidade de estar quieta e de descobrir o que é Deus, o que é a verdade, e se aquela energia está sendo controlada, moldada, pelo medo, por influência de um condicionamento qualquer, ela não pode fluir “com abandono”, não pode ser livre; e, no entanto, essa energia, quando livre, criará sua peculiar austeridade.
            É esse estado de abandono, com austeridade, que leva à beleza, e esse estado é amor. Se não temos amor, como podemos apreciar a beleza ou criar o que é belo? Mas, não pode haver amor enquanto não houver aquele abandono, que só se tornará existente quando não mais existir o “eu”, o “ego”. Está visto, pois, que esse estado criador só pode surgir ao existir amor, “abandono” e austeridade; mas a mera austeridade sem abandono, sem amor, nada significa.
            O problema, por conseguinte, não é de como ser austero, de como abandonar ou expulsar o “eu”, mas, sim, de investigar o que é que se entende por amor. Como sabeis, dividimos o amor em coisa divina e coisa terrena, e criamos assim uma batalha entre as solicitações da carne e a ânsia do divino, entre o amor virtuoso e o amor físico. Mas é possível amar, não sentimental ou fisicamente, mas amar com aquela bondade e aquele perfume do amor no nosso coração, esvaziado de todas as coisas da mente? Ora, por certo, isto só é possível quando entregamos completamente o nosso coração a uma coisa; não há então conflito: há abandono, e esse estado de abandono cria sua peculiar austeridade, assim como um rio cria os barrancos que o contêm.
            Mas a respeitabilidade que a sociedade confere nada tem que ver com esse austero estado de abandono. O que a sociedade exige é respeitabilidade, controle, mediocridade; a mente medíocre, porém, não pode “abandonar-se”; ela não é nem ardente nem fria; é cheia de temores, apreensões e, por conseguinte, não pode de modo nenhum conhecer o que é o amor. Os mais de nós nos deixamos meramente controlar pelas sanções da sociedade, pela moralidade social que diz “Isto é bom e aquilo é mau”; estamos apanhados no meio do conflito entre o que é e o que deveria ser, e tal é a razão por que já não sabemos amar. Somos simples máquinas imitativas e, assim sendo, não podemos conhecer aquele estado de abandono em que existe austeridade e que é o único estado criador. Não podeis achar Deus, a verdade, sem aquele total abandono, sem estardes livres de todas as crenças, todos os dogmas e temores — e isso significa abrir o coração de par em par e não o deixar encher-se com as coisas da mente. Só pode haver bondade, generosidade, quando a mente está quieta; a beleza, essa coisa que realmente é Deus, é amor, é a bondade, só pode tornar-se existente pelo completo abandono do “eu”. Mas o “eu” não pode ser abandonado mediante a observância de determinados preceitos, determinadas práticas, nem pela meditação. O “eu” deixará de existir pelo percebimento de sua própria limitação, da falsidade da sua própria existência. Por mais profundo que se torne, por mais que se amplifique, o “eu” é sempre limitado, e enquanto não for abandonado, a mente nunca será livre, O simples percebimento desse fato é o fim do “eu”, e só quando ele finda é possível vir à existência o real.

Krishnamurti – Visão da Realidade - ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill