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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Só na vigilância, com atenção total o condicionamento é transcendido

Pergunta: Que é o inconsciente, e está ele condicionado? Se está, de que maneira devemos começar, para ficarmos livres desse condicionamento?

KRISHNAMURTI: Em primeiro lugar, a nossa consciência que está desperta, não é condicionada? Compreendeis o que significa esta palavra "condicionado"? Sois educados de uma certa maneira. Aqui, neste país, sois condicionados apara serdes americanos — o que quer que isso signifique — sois criados na "maneira de vida" americana, e na Rússia se é educado na "maneira de vida" russa. Na Itália, os católicos educam as crianças para pensarem de certa maneira, o que é outra forma de condicionamento, enquanto na Índia, na Ásia, nos países budistas, elas são condicionadas de outras maneiras ainda.

Por todo o mundo se vê esse processo deliberado de condicionar a mente pela educação, pelo ambiente social, pelo medo, pela ocupação, pela família — enfim, por todas as maneiras de influenciar a mente superficial, a consciência desperta.

Depois, temos o inconsciente, isto é, aquela camada da mente que está abaixo da superficial, e o interrogante deseja saber se ela também está condicionada. Não está condicionada, condicionada por todos os pensamentos raciais, por "motivos" e desejos ocultos, reações instintivas de uma dada civilização? Suponha-se que sou hindu, nascido na Índia e educado no estrangeiro, etc. Enquanto eu não penetrar e compreender o meu inconsciente, continuarei a ser hindu, com todas as reações simbólicas, culturais, religiosas, supersticiosas, próprias do Bramanismo — todas elas estão, adormecidas, podendo ser despertadas a qualquer momento, e dando avisos e sugestões por meio de sonhos ou nos momentos em que a mente consciente não se acha completamente ocupada. O inconsciente, pois, é também condicionado.

É perfeitamente evidente, portanto, se examinardes bem isso, que a totalidade da nossa consciência está condicionada. Não há nenhuma parte de vós, nenhum "eu superior", em estado não condicionado. O vosso próprio pensar é produto da memória, consciente ou inconsciente, e, portanto, resultado de condicionamento. Vós pensais como comunista, socialista, capitalista, americano, hinduísta, católico, protestante ou seja o que for, porque estais assim condicionado. Estais condicionados para crerdes em Deus, se acreditais, e o comunista não está e se ri de vós, dizendo: "Estais condicionado"" — mas ele também está condicionado, porque foi educado pela sociedade, pelo partido a que pertence, pela sua literatura, para não crer. Assim, todo nós estamos condicionados, e nunca perguntamos: "É possível ficarmos totalmente livres de condicionamento?" O que conhecemos é só um processo de aperfeiçoamento no condicionamento, que é "aperfeiçoamento no sofrer".

Pois bem. Se percebo isso, não apenas verbalmente, mas com toda atenção, então não há mais conflito. Compreendeis o que quero dizer? Quando vos entregais a alguma coisa com todo o vosso ser, isto é, quando entregais completamente vossa mente à compreensão de alguma coisa, não existe conflito. Só aparece conflito quando estais em parte interessado e em parte com atenção noutra coisa; e quando desejais dominar esse conflito, começais a concentrar-vos, o que não é atenção. Na atenção não há divisão, não há distração e, por conseguinte, não há esforço nem conflito; e é só com esta atenção que pode vir o autoconhecimento, que não se faz por acumulações. Tende a bondade de prestar atenção. Autoconhecimento não é uma coisa que se acumula; tem de ser descoberto momento por momento, e no descobrir não pode haver acumulação, nem ponto de referência. Se acumulais autoconhecimento, então toda a compreensão futura será ditada por essa acumulação; por conseguinte, não haverá compreensão.

Assim, a mente só pode transcender todo condicionamento na vigilância, com atenção total. Nesta atenção total não há "modificador", censor, nenhuma entidade que diz: "Devo transformar-me", o que significa que deixa de existir, de todo, o "experimentador". Não há mais "experimentador", "acumulador". Vede, por favor, que é importante compreender isto. Porque, afinal de contas, quando experimentamos qualquer coisa bela — um pôr de sol, uma simples folha dançando ao vento, o luar espelhado nas águas, um sorriso, uma visão, ou o que quiserdes — a mente logo quer apoderar-se dessa experiência, guardá-la, adorá-la, e isso significa que deseja a repetição da experiência; e quando há desejo de repetição, tem de haver sofrimento.

É possível, pois, estar-se num "estado de experimentar" sem haver "experimentador"? Compreendeis? Pode a mente "experimentar" o feio, o belo, ou o que quer que seja, sem haver aquela entidade que diz: "experimentei"? Porque aquilo que é a Verdade, Deus, o Imensurável, nunca poderá ser "experimentado" enquanto existir um "experimentador". O "experimentador" é a entidade que reconhece; e se sou capaz de reconhecer a Verdade, então, já a experimentei antes, já a conheci antes, e nesse caso não é a Verdade. Esta é a beleza da Verdade. Ela permanece eternamente "desconhecida", e a mente, resultado do conhecido, nunca poderá apossar-se dela.

Krishnamurti - Realização sem esforço - pág. 55 à 57 - 14 de agosto de 1955
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill