Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pensamento: a natureza exata de todo conflito


O pensamento é o fator comum de toda a humanidade. Não existe um pensamento oriental ou um pensamento ocidental; existe apenas a capacidade comum de pensar, quer sejamos completamente pobres ou mais sofisticados, vivendo numa cidade opulenta. Quer sejamos cirurgião, carpinteiro, trabalhador do campo ou um grande poeta, o pensamento é o fator comum a nós todos. Parecemos não perceber que o pensamento é o fator comum que nos liga. Vocês pensam de acordo com a própria capacidade, a própria energia, a própria experiência e o próprio conhecimento; o outro pensa de modo diferente, de acordo com sua experiência e o próprio conhecimento. Estamos todos presos nessa rede do pensamento. Esse é um fato, indiscutível e real.

Nós fomos “programados” biologicamente, fisicamente e, também, “programados” mentalmente, intelectualmente. Devemos estar cientes de que fomos programados como um computador. (1) 

(...) O pensamento e tudo o que o pensamento formou faz parte da nossa consciência — a cultura que vivemos, os valores estéticos, as pressões econômicas, a herança nacional. (2) 

(...) A nossa consciência inclui, na consciência mais profunda, os nossos medos. O homem tem vivido com o medo, geração após geração. Tem vivido com o prazer, com a inveja, com toda a agonia da solidão, da depressão e da confusão, e com um grande pesar, com o que ele chama de amor e com o perpétuo medo da morte. Tudo isso é a sua consciência que é comum a toda a humanidade. Percebam o que isso significa: isso significa que você não é mais um indivíduo. Isso é muito duro de aceitar, porque nós fomos programados, como o computador, para pensar que somos indivíduos. Fomos programados religiosamente para pensar que temos almas separadas de todos os demais. Sendo programado, o nosso cérebro trabalha do mesmo modo há muitos séculos. (3) 

(...) Todos vocês pensam e o pensamento se expressa por palavras ou por meio de um gesto, de um olhar, de algum movimento corporal. Sendo as palavras comuns a cada um de nós, nós entendemos através dessas palavras o significado do que está sendo dito. O entanto, o pensamento é comum a toda a humanidade — é uma coisa muito extraordinária quando a descobrimos, pois então vemos que o pensamento não é o nosso pensamento: é pensamento. Temos que aprender a ver as coisas como elas são na realidade — não como vocês estão programados para olhar... Podemos nos libertar de sermos programados e olhar?... Somente se vocês não pertencem a nenhuma organização, a nenhum grupo, a nenhuma religião ou nacionalidade em particular é que poderão realmente observar. Se vocês acumularam um grande conhecimento, dos livros e da experiência, as suas mentes já foram preenchidas, os seus cérebros estão repletos de experiência, das suas tendências particulares, e assim por diante — tudo o que lhes vai impedir de olhar. (4) 

Quando vocês forem capazes de ver claramente, sem nenhuma distorção, então vocês começarão a indagar a natureza da consciência, inclusive das camadas mais profundas da consciência. Vocês têm de indagar todo o movimento do pensamento, porque o pensamento é o responsável por todo o conteúdo da consciência, tanto das camadas mais profundas quanto das superficiais. Se vocês não possuíssem nenhum pensamento, não haveria nenhum medo, nenhum sentido de prazer, nenhum tempo; o pensamento é o responsável. O pensamento é o responsável pela beleza de uma catedral, mas o pensamento também é responsável por todo contra-censo que acontece dentro da catedral. Todas as realizações dos grandes pintores, poetas, compositores são atividades do pensamento: o compositor, ouvindo interiormente o maravilhoso som, registra-o no papel. Esse é o movimento do pensamento. O pensamento é responsável por todos os deuses do mundo, todos os salvadores, todos os gurus, por toda obediência e devoção; o todo é resultado do pensamento que procura gratificação e evasão da solidão. O pensamento é o fator comum de toda a humanidade. O mais pobre aldeão na Índia pensa como o diretor executivo, como o líder religioso. Este é um fato rotineiro comum. Este é o terreno sobre o qual estão todos os seres humanos. Não se pode escapar disso.

O pensamento fez coisas maravilhosas para ajudar o homem, mas também provocou grande destruição e terror no mundo. Temos de entender a natureza e o movimento do pensamento: por que vocês pensam de certo modo; porque se apegam a certas formas de pensamento; por que se agarram a certas experiências; por que o pensamento jamais entendeu a natureza da morte? Temos que examinar a própria estrutura do pensamento — não o pensamento de vocês, porque é completamente óbvio qual é o pensamento de vocês, pois vocês foram programados. Mas, se vocês indagam seriamente o que é o pensamento, então entrarão numa dimensão completamente diferente — não a dimensão do seu probleminha própria e particular. Vocês têm que entender o extraordinário movimento do pensamento, a natureza do pensar — não como um filósofo, não como um homem religioso, não como um membro de uma determinada profissão ou como uma dona-de-casa —, a enorme vitalidade do pensamento.

O pensamento é responsável por toda a crueldade, pelas guerras, pelas máquinas de guerra e brutalidade da guerra, pela matança, pelo terror, pelo lançamento das bombas, pela captura de reféns em nome de uma causa ou sem uma causa. O pensamento também é responsável pelas catedrais, pela beleza da sua estrutura, pelos belos poemas; também é responsável por todo o desenvolvimento tecnológico, pelo computador, com a sua extraordinária capacidade de aprender e ir além do pensamento do homem. O que é pensar? É uma resposta, uma reação da memória. Se vocês não possuíssem memória não seriam capazes de pensar. A memória está armazenada no cérebro como conhecimento, resultado da experiência. É assim que opera o nosso cérebro. Primeiro, experiência; experiência que pode pertencer aos primórdios  do homem, que nós herdamos; essa experiência resulta no conhecimento, que é armazenado no cérebro; do conhecimento faz-se a memória e da memória, o pensamento. Com o pensamento vocês agem. Com essa ação, aprendem mais. E, assim, vocês repetem o ciclo. Experiência, conhecimento, memória, pensamento, ação; com essa ação aprendem mais e repetem. É assim que somos programados. Estamos sempre fazendo isso: tendo lembrado da dor, no futuro, evitamos a dor não fazendo aquilo que causará a dor, o que se torna conhecimento, e repetimos isso. Prazer sexual, repetimos. Esse é o movimento do pensamento. Vejam a beleza disso, como o pensamento opera mecanicamente. O pensamento diz para si mesmo: “sou livre para operar”. No entanto, o pensamento jamais é livre, porque é baseado no conhecimento e o conhecimento, obviamente, é sempre limitado. O conhecimento sempre é limitado, porque faz parte do tempo. Eu vou aprender mais e, para aprender mais, tenho que ter tempo. Eu não sei russo, mas vou aprender. Pode levar seis meses, um ano ou a vida toda. O conhecimento é o movimento do tempo. Tempo, conhecimento, pensamento e ação: vivemos neste ciclo. O pensamento é limitado; assim, toda ação que o pensamento gera deve ser limitada, e essa limitação cria conflito, é divisória.

Se digo que sou hindu, que sou indiano, estou limitado, e essa limitação provoca não apenas a corrupção, mas também o conflito, porque um outro diz: “eu sou cristão” ou “eu sou budista” e, assim, há conflito entre nós. A nossa vida, do nascimento à morte, é uma série de lutas e conflitos dos quais estamos sempre tentando fugir, o que, ademais, causa mais conflito. Vivemos e morremos nesse conflito perpétuo e interminável. Nunca buscamos a raiz desse conflito que é o pensamento, porque o pensamento é limitado. Por favor, não perguntem: “Como posso deter o pensamento?”; não é essa a questão. A questão é entender a natureza do pensamento, olhá-lo. (5) 

Fonte: Krishnamurti

(1) A rede do pensamento – pág. 8
(2) A rede do pensamento – pág. 11
(3) A rede do pensamento – pág. 12
(4) A rede do pensamento – pág. 13-14
(5) A rede do pensamento – pág. 15-16

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill