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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Consagre a mente e o coração para descobrir uma forma diferente de viver


As coisas que o pensamento reuniu como sagradas não são sagradas. São apenas palavras destinadas a dar um significado à vida, porque a vida que vocês vivem não é sagrada, não é holy. Holy deriva da palavra whole, que significa integralmente são, saudável — tudo isso está implícito nessa palavra. De forma que a mente está funcionando via pensamento, por mais desejosa que esteja de descobrir o que é sagrado, está ainda atuando dentro do campo do tempo, dento da área da fragmentação. Pode a mente ser um todo, não-fragmentada? Tudo isso faz parte do entendimento do que é meditação. Pode a mente que é produto da evolução, produto do tempo, produto de tantas influências, de tantos sofrimentos, de tanta labuta, de tão grande tristeza, de tão grande ansiedade — enleada em tudo isso, em tudo que é fruto do pensamento, do pensamento que, por sua própria natureza, é fragmentário — pode a mente que é produto do pensamento, como o é agora, livrar-se do movimento do pensamento? Pode a mente ser completamente não-fragmentada? Vocês podem olhar a vida como um todo? Pode a mente ser um todo, isto é, não apresentar um único fragmento? Por essa razão é que aqui entra a diligência. A mente é um todo, quando é diligente, o que significa querer bem, sentir uma grande afeição, um grande amor — que é totalmente diferente do amor entre um homem uma mulher. 

De forma que a mente que é um todo, é atenta, e sente, portanto, uma grande afeição, estando dotada da qualidade de um profundo e duradouro senso de amor. Essa mente é o todo com que você se depara quando começa a inquirir sobre o que é meditação. Podemos agora prosseguir para descobrir o que é sagrado.

Ouçam, por favor. Trata-se de suas vidas. Consagrem a mente e o coração para descobrir uma forma de viver num modo diferente, o que é possível quando a mente tenha renunciado a todo controle. Isso não significa levar a vida fazendo o que gostam, cedendo a cada desejo, a cada olhar ou gesto lascivo, a cada prazer, a cada necessidade de busca de prazer, mas descobrir, descobrir se vocês podem viver a vida de cada dia, sem um único controle. Isso faz parte da meditação. Isso significa que precisamos ter esse tipo de atenção. Essa atenção situou o insight no exato lugar do pensamento e viu que o pensamento é fragmentário e que onde há controle, há o controlador e o controlado, o que é fragmentário. Assim, descobrir uma forma de viver destituída de todo controle demanda uma tremenda atenção, uma grande disciplina. Não estamos falando da disciplina a qual vocês estão acostumados, que é unicamente repressão, controle, submissão, mas de disciplina que significa aprender. A palavra disciplina vem da palavra discípulo. O discípulo está lá pra aprender. Agora, deste lado, não existe professor, não existe discípulo; vocês são o mestre e, se estão aprendendo, são o discípulo. O próprio ato de aprender cria sua própria ordem.

Agora o pensamento encontrou o seu próprio lugar, seu lugar certo. Sendo assim, a mente não se acha mais sobrecarregada com o movimento do pensamento como um processo material, o que significa que a mente está absolutamente quieta. Está naturalmente quieta, não foi forçada a ficar quieta. O que é forçado a ficar quieto torna-se estéril. No que é naturalmente quieto, nessa quietude, nesse vazio, pode ocorrer algo novo.

Pode a mente — suas mentes — estar absolutamente quieta, sem o controle, sem o movimento do pensamento? Ela estará naturalmente quieta se vocês tiverem realmente a percepção interior que proporciona ao pensamento o seu devido lugar: ocupando o pensamento um lugar certo, a mente estará quieta. Vocês entendem o que as palavras silêncio e quietude significam? (Vocês sabem que podem aquietar a mente tomando drogas, ou repetindo um mantra ou uma palavra. Pela constante repetição, repetição, repetição, sua mente ficará naturalmente quieta, mas essa mente é uma mente estúpida, aborrecida). Entre dois ruídos, existe um silêncio. Existe silêncio entre duas notas. Existe silêncio entre duas ondas de pensamento. Existe silêncio no entardecer quando os pássaros já chilrearam, já pipilaram e foram dormir. Quando não existe agitação entre as folhas, não há brisa, reina uma quietude absoluta. Não na cidade, mas quando vocês estão no meio da natureza, quando vocês estão entre árvores ou sentado às margens de um rio, o silêncio desce sobre a terra e você é parte desse silêncio. De forma que existem diferentes tipos de silêncio. Mas o silêncio de que falamos, da quietude da mente, esse silêncio não é para ser comprado, não é para ser praticado, não é algo que você ganhe como recompensa, como compensação por uma vida desagradável. É somente quando a vida desagradável se transforma numa boa vida — por boa não quero significar ter muito, em abundância, mas sim uma vida de bondade, de virtude — que, no florescer dessa virtude, dessa beleza, chega o silêncio.

Vocês também têm de inquirir sobre a beleza. O que é a beleza? Vocês já se fizeram essa pergunta? Vocês o descobrirão num livro e contar-me-ão, ou contarão a cada um o que o livro diz sobre o que é beleza? O que é beleza? Vocês olharam o pôr-do-sol esta tarde, quando estavam sentados lá fora? O sol se põe detrás do orador — vocês o viram? Vocês sentiram a luz e a glória dessa luz sobre uma folha? Ou vocês acham que a beleza é uma coisa sensual e que a mente em busca de coisas sagradas não pode sentir-se atraída pela beleza, não pode ter nada em comum com a beleza, e portanto apenas se concentram sobre a pequena imagem que projetaram de seus pensamentos como o certo. Se vocês querem descobrir o que é meditação, tem de descobrir o que é beleza, beleza do rosto, beleza do caráter — (não caráter, caráter é uma coisa vulgar que depende da reação ao ambiente; o cultivo dessa reação chama-se caráter) —, beleza da ação, beleza da conduta, do comportamento, a beleza interior, a beleza do seu jeito de andar,  do seu jeito de falar, da sua maneira de gesticular. Tudo isso é beleza e, sem isso, meditação representa apenas uma fuga, uma compensação, uma ação sem sentido. Existe beleza na frugalidade; existe beleza numa grande austeridade — não na austeridade do sannyasi —, na austeridade de uma mente ordenada. A ordem chega quando você entende toda a desordem em que vive, e a partir dessa desordem nasce naturalmente a ordem que é virtude. Portanto, ordem, virtude, são austeridades supremas, e não a recusa de três refeições por dia ou jejuns, ou raspar a cabeça e todas essas outras coisas.

Então existe ordem, que é beleza. Existe a beleza do amor, a beleza da compaixão. E existe também a beleza de uma rua limpa, da bela forma arquitetônica de um prédio; existe a beleza de uma árvore, de uma linda folha, dos grandes ramos. Ver tudo isso é beleza. Não apenas ir a museus e falar, sem parar, sobre a beleza. O silêncio de uma mente quieta constitui a essência dessa beleza. Por ser ela quieta e não ser um joguete do pensamento, surge nesse silêncio aquilo que é indestrutível, aquilo que é sagrado. À chegada disso que é sagrado, a vida, suas vidas, nossas relações se tornam sagradas, tudo se torna sagrado, porque vocês tocaram a coisa sagrada.

Precisamos também descobrir na meditação se existe algo, ou se nada existe, que seja eterno, intemporal. Isso é, pode a mente que tenha sido cultivada no âmbito do tempo, pode essa mente descobrir, encontrar por acaso, ou ver essa coisa que parte da eternidade para a eternidade? Quer dizer, pode a mente existir sem o tempo? Embora o tempo seja necessário para ir-se daqui para ali e tudo mais, pode essa mente, essa mesma mente que opera no tempo, indo de lá para cá, não psicologicamente, mas fisicamente, pode essa mente subsistir sem o tempo? Isto é, pode a mente subsistir sem o passado, sem presente, sem futuro? No mais absoluto nada? Não tenham medo dessa palavra. Pelo fato dela ser vazia, conquistou um amplo espaço. Vocês já observaram se em suas mentes existe algum espaço? Apenas um espaço, sabem, um pequeno espaço? Ou está superlotada? Superlotada de preocupação de sexo, ou de falta de sexo, de realizações, de conhecimentos, ambições, temores, ansiedades, mesquinharias — enfim, superlotada. Pode uma mente nessas condições entender, ou ser, ou ter um enorme espaço?

O espaço é sempre enorme. Uma mente que não tenha espaço não pode, absolutamente, encontrar o que é eterno, o que é intemporal. É por isso que a meditação se torna tão importante. Não a meditação que todos vocês praticam, isso não é meditação. A meditação a que nos referimos transforma a mente. Só essa mente, que é a mente religiosa, e só ela, pode suscitar uma cultura diferente, uma forma de vida diferente, diferentes relacionamentos, o senso do sagrado e, por conseguinte, grande beleza e honestidade. Tudo isso chega naturalmente, sem luta, sem esforço.

Krishnamurti – Madras, 15 de dezembro de 1974 – Extraído do livro “Sobre Deus” pág. 110 à 114 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill