Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Quando o pensamento cessa

É estranha a importância que damos à palavra impressa, aos chamados livros sagrados. Os estudiosos, como os leigos, são aparelhos que reproduzem sons gravados; eles continuam repetindo as gravações por mais que elas possam ser alteradas com freqüência. Estão interessados em conhecimento e não na experiênciação. Ele é um impedimento à experienciação. Mas é um abrigo seguro, a preservação de uns poucos; e como os ignorantes ficam impressionados com o conhecimento, o conhecedor é respeitado e reverenciado. O conhecimento é um vício, como a bebida alcoólica; ele não traz entendimento. O conhecimento pode ser ensinado, mas não a sabedoria; deve haver libertação do conhecimento para a chegada da sabedoria. O conhecimento não é moeda de compra da sabedoria; mas o homem que entrou no refúgio do conhecimento não se arrisca a sair, pois a palavra alimenta seu pensamento e ele fica gratificado com o pensar, que é um impedimento para o experienciar; e não há sabedoria sem experienciar. O conhecimento, a idéia e a crença atrapalham a sabedoria.

Uma mente ocupada não é livre, espontânea, e somente na espontaneidade pode haver descoberta. Uma mente ocupada está fechada em si mesma; é inacessível, não vulnerável, e nisso está sua segurança. O pensamento, por sua própria estrutura, é isolador; ele não pode se tornar vulnerável. O pensamento não pode ser espontâneo, ele jamais pode ser livre. O pensamento é a continuação do passado e aquilo que continua não pode ser livre. Só existe liberdade naquilo que tem fim.

A mente ocupada cria aquilo com que ela está trabalhando – pode fabricar o carro de bois ou o avião a jato. Nós podemos pensar que somos estúpidos, e somos estúpidos. Podemos pensar que somos Deus, e somos nossa própria concepção: “Eu sou Esse”.

“Mas certamente, é melhor estar ocupado com as coisas de Deus do que com as coisas do mundo, não é?”
O que pensamos, somos; mas é o entendimento do processo do pensamento que importa, não o que pensamos. Se pensamos sobre Deus ou sobre a bebida, não importa; cada um tem seu efeito particular; mas em ambos os casos o pensamento está ocupado com sua própria projeção. Idéias, ideais, metas e assim por diante são, todas, projeções ou extensões do pensamento. Estar ocupado com as próprias projeções, em qualquer nível, é cultuar o Eu. O Eu, com um “E” maiúsculo, é ainda a projeção do pensamento. Seja o que for que ocupe o pensamento, é o que é; e o que é, nada mais é do que pensamento. Assim, é importante entender o processo do pensamento.

O pensamento é a reação ao desafio, não e? Sem desafio não há pensamento. O processo de desafio e reação é experiência; e experiência verbalizada é pensamento. A experiência não é somente do passado, mas também do passado em combinação com o presente; é o consciente, assim como o oculto. Esse resíduo de experiência é memória, influencia; e reação da memória, do passado, é o pensamento.

“Mas isso é tudo que existe no pensamento? Não existe maior profundidade no pensamento do que a mera reação da memória?”
O pensamento pode se colocar em diferentes níveis, e o faz, o estúpido e o profundo, o nobre e o desprezível; mas ainda é pensamento, não é? O Deus do pensamento ainda é da mente, da palavra. O pensamento de Deus não é Deus, é meramente a reação da memória. A memória é duradoura, e portanto pode parecer profunda; mas por sua própria estrutura ela nunca poderá ser profunda. A memória pode estar oculta, fora da visão imediata, mas isso não a torna profunda. O pensamento nunca pode ser profundo ou nada além do que o Eu é. O pensamento pode atribuir-se maior valor, mas continua a ser pensamento. Quando a mente está ocupada com sua própria projeção, não foi além do pensamento, somente assumiu um novo papel, uma nova pose; sob o disfarce, ainda é pensamento.

“Mas como pode alguém ir além do pensamento?”
Esse não é o ponto, é? Alguém não pode ir além do pensamento, pois o “alguém”, o criador do esforço, é resultado do pensamento. Na descoberta do processo do pensamento, que é autoconhecimento, a verdade do que é acaba com o processo do pensamento. A verdade do que é não pode ser encontrada em qualquer livro, antigo ou moderno. O que é encontrado é a palavra, mas não a verdade?”

“Então, como o individuo encontra a verdade?”
O individuo não a encontra. O esforço de encontrar a verdade produz um fim projetado; e esse fim não é a verdade. O resultado não é a verdade; o resultado é a continuação do pensamento, estendido ou projetado. Somente quando o pensamento termina existe a verdade. Não há o fim do pensamento pela compulsão, pela disciplina, por qualquer forma de resistência. Ouvir a historia do que é produz sua própria libertação. É a verdade que liberta, não o esforço para ser livre.

Krishnamurti – Comentários sobre o viver
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill