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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Qual é a verdadeira função do pensamento?

            Realmente não o sei, porém, descubramo-lo. Tem alguma importância o pensamento? Se o tem, qual é o seu lugar em nossa vida? Não estamos oferecendo opiniões sobre ele. Não é questão do que pensais, ou de que eu penso, ou o que pensa algum de vós, isso não tem valor algum. Vamos a descobrir a verdade do assunto. Para fazer isto, temos que duvidar, estar em expectativa, observar, escutar, tatear, e não repetir simplesmente uma reação ou uma recordação. Por haver lido algum livro de filosofia, ou sobre o pensar, podeis recordá-lo ou citá-lo, porém, não estamos aqui para citar o que os outros disseram. Esse senhor formulou uma pergunta séria. Eu estava dizendo que o pensamento é conflito, que é destrutivo, e ele o reconheceu e pergunta, “Que quereis dizer com isso? Se o pensamento é destrutivo, então, qual é a verdadeira função do pensamento? Qual é o justo lugar do pensamento em nossa vida?”
            Bem, agora, antes de responder a esta pergunta, temos que descobrir que é pensar, não é assim? Então, poderemos situá-lo, poderemos dar a sua reta significação. Porém, sem compreender todo o processo do pensar, o oferecer somente umas poucas palavras em resposta não satisfaz a pergunta.
            Que é, pois, pensar? Rogo-vos não me respondais; é muito fácil dizer o que é o pensar, porém, isso não põe fim a nossa indagação. Eu vos faço uma pergunta: Que é pensar? E que ocorre então? Entre minha pergunta e vossa resposta há um espaço, um intervalo de tempo em que vossa memória está atuando. Dizeis: “Que quer ele dizer? Onde li algo sobre isso?”, etc, etc. Se a pergunta é muito familiar, se vos pergunto qual é o vosso nome, vossa resposta é imediata, porque não tendes que pensar. Porém, se vos pergunto algo que não sabeis, vacilais, há um intervalo de tempo durante o qual estais investigando, buscando em vossa memória para descobrir. Assim, vosso pensar é a resposta de vossa memória, verdade? Rogo-vos olhais vagarosamente, é muito interessante si o examinais vagarosamente.
            Quando é uma pergunta com a qual estais familiarizado, vossa resposta é instantânea. Quando não estais muito familiarizados com a pergunta, necessitais de tempo, e durante esse período estais buscando em vossa memória a resposta. E quando se faz uma pergunta sobre a qual não tens na memória nenhuma informação acumulada, observais, buscais e dizeis: “Não sei”. A) Vossa resposta é instantânea. B) Tardais algum tempo em responder. C) Dizeis “Não sei”. Porém, quando dizeis “Não sei”, estais esperando saber, aguardando a que sejais informados, esperando ir à biblioteca e consultá-lo; estais esperando uma resposta. Assim é que quando dizeis “não sei”, é um “não sei” condicionado. Esperai sabê-lo dentro de uns poucos dias ou anos, o qual é condicional. Há também o caso d) em que se diz: “Não sei”, e que não é condicionado; a mente não está esperando, não está buscando na esperança de chegar a uma resposta. Simplesmente disse: “Não sei”.
            Bem, agora, a), b) e c) são todos um processo do pensar, não é assim? Se a um cristão lhe perguntais se existe Deus, imediatamente ele dirá: “claro que sim!”. Se lhe fazeis a um comunista a mesma pergunta, dirá: “Que estais dizendo? Claro que não existe!” Seu Deus é o estado, porém, este é um assunto diferente. Assim, nossa a qualquer fato está de acordo com nosso condicionamento, com nossa memória. Se a memória é aguda, clara, ativa, vívida, nossas respostas são firmes, e esse é todo o processo do que chamamos pensar. Seja nosso pensar sensível ou complexo, seja ignorante ou muito erudito e cientifico, se baseia nesse processo.
            Porém, existe o ponto em que dizeis: “Realmente não sei”, e nele não estais esperando uma resposta. Nenhum livro o pode lhes dizer. Não há nenhuma recordação que os diga: “É isto”. Seguramente que esse é de todo diferente dos outros três processos; A), B) e C) não são o mesmo que D), em que todo o pensar cessou, porque não sabeis e não estais a espera de que se vos diga.
            Bem, agora, de que ponto de vista estais fazendo a pergunta sobre “Qual é o verdadeiro valor do pensamento?” A fazeis para receber uma resposta como em A), B) e C)? Ou é que fazeis esta pergunta no estado da mente representado por D), no qual não há pensamento? E que relação tem o pensamento com o estado da mente representado por D)?
            Estou sendo claro ou se está fazendo isto demasiado complexo?
            O pensamento tem valor em certo nível, verdade?
            Quando vais ao trabalho, quando fazeis algo em qualquer campo de atividade, é evidente que o pensamento tem valor; em todas essas coisas tem que haver o pensamento. Porém, tem algum valor o pensamento quando dizeis: “Não sei”, quer dizer, quando a mente passou por A), B) e C) e se acha por completo num estado de não-saber?
            Como foi assinalado, se sois cristãos e alguém vos pergunta se existe Deus, respondereis de acordo com vosso condicionamento, direis que existe, e vosso pensar tem então certo valor, que depende de vosso código de moralidade, de como vos comportais, se vais a igreja, e tudo mais. Porém, o homem que diz, “Não sei se há Deus ou não”, que não afirma nem nega que haja um Deus, e que na realidade se encontra sem nenhum e portanto minha mente não dá valor algum ao pensamento, para descobrir; porque se utiliza seu pensamento para descobrir, volta ao conhecido. Captais isso?
            Pois bem, tenho que negar os três: A), B) e C), para descobrir. Compreendeis? Tenho que negar ou recusar a estrutura do pensamento e da crença, e estar num estado de não-saber. Não se utiliza então o pensamento em absoluto, e, portanto, minha mente não dá valor algum ao pensamento.  Porém, esta tem valor, evidentemente, em todos os demais campos.
            Como sabeis, o conhecimento tem sido acumulado pela experiência, pelo pensamento; e o pensamento, que em si mesmo é o produto do conhecimento, tem importância no campo do conhecimento. No campo do conhecimento tendes que ter pensamento. Porém, o conhecimento, que é o conhecido,  não vai vos ajudar a encontrar a encontrar o desconhecido; a mente tem que livrar-se pois do conhecido, e essa é uma de nossas dificuldades.
            Espero que isso tenha algum sentido para todos vocês.
           
Krishnamurti – 9 de julho de 1963
Do livro: TRAGEDIA DEL HOMBRE Y DEL MUNDO: A MENTE MECANICA
Editorial “SER” – 1967 - Impresso na Argentina
Título da obra em inglês: TALKS BY KRISHNAMURTI IN EUROPE – 1962 E 1965


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill