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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Que significa "estar só"?

Em primeiro lugar, estamos sós alguma vez? Você costuma passear a só no bosque? Se o faz, está só? Fisicamente, pode estar só, mas na verdade não está só, porque está acompanhado de todas as lembranças, todos os seus conflitos, todas as suas preocupações; porque você é o passado. Você só está só quando o passado desapareceu de todo, quando não há família, quando não há deuses feitos pelo pensamento, quando você não está sendo perseguido por lembranças. Só então você está só. E só essa solidão é capaz de ver. Porque só ela é inocente. Só os inocentes podem ver a plena beleza da vida.

(...) O espaço e o silêncio são necessários, porque é quando a mente está , livre de influências, de conhecimentos, de seus milhares de experiências, e já não está funcionando no limitado e insignificante campo de sua monótona existência de cada dia — é apenas quando a mente está livre de tudo isso, , em silêncio, que ela é capaz de descobrir ou de encontrar uma coisa totalmente nova.

(...) É possível á nossa mente, tão fortemente condicionada que está, libertar-se e ficar só, intacta? — libertar-se, não só do moderno condicionamento tecnológico, mas também do fundo racial e cultural em que tão obviamente foi condicionada, dos dois ou três milhões de anos de profundo condicionamento que a humanidade já viveu? Somos o resultado de tantas influências, de tantas experiências, de tantos temores e ansiedades, que não podemos deixar de perguntar: Pode essa mente, sob esse enorme peso de condicionamento, libertar-se e ficar só, intacta?

(...) Como pode a mente, que está sempre tão ativa, ativa em seu interesse próprio, em suas ocupações egocêntricas, como pode essa mente ficar quieta? Compreende? Ela tem de ficar quieta, porque é só quando a mente está tranquila que se pode descobrir alguma coisa nova.

(...) o silêncio é absolutamente necessário para descobrirmos, compreendermos e transcendermos as nossas limitações psicológicas. Como é possível isso à mente que está sempre tão ativa, egocentricamente? Esse é um problema que sempre desafiou o homem.

(...) Pode-se tentar quietar a mente, disciplinando-a, controlando-a, moldando-a, mas tal tortura não a torna quieta; pelo contrário, torna-a mais embotada. É, pois, evidente que nem o controle, nem o cultivo de um ideal para ter uma mente quieta, tem algum valor, porque, quanto mais controlamos a mente, quanto mais a forçamos, tanto mais estreita, tanto mais estacionária e embotada a tornamos.(1)

Temos de empreender a jornada sozinhos, completamente desacompanhados, sem ajuda de ninguém, de nenhuma influência, de nenhum estímulo ou desestímulo; porque, então, já não existe "motivo" algum. A própria jornada representa o "motivo", e só os que a empreendem produzirão algo novo, algo não corrompido, neste mundo - e não os reformadores sociais, os "beneméritos", os mestres e seus discípulos, os pregadores de fraternidade. Estes nunca trarão paz ao mundo. São eles os verdadeiros malfeitores. O "homem da paz" é aquele que repele toda autoridade, que compreende, em todos os seus aspectos, a ambição, a inveja, que se desprende totalmente da estrutura desta sociedade aquisitiva e de todas as coisas envolvidas de tradição. Só então a mente é nova. E é necessária uma mente nova, para encontrar Deus, a Verdade - ou como quiserem chamá-lo - não uma mente fabricada pela sociedade, pela influência.(2)

Um homem nunca indaga por que razão depende psicologicamente de outrem. Se examinar bem isso, verá o quanto é infeliz. Você não sabe o que fazer com essa solidão, esse isolamento, que é uma forma de suicídio. E, assim, não sabendo o que fazer, você depende. Essa dependência proporciona consolação, uma relação de companheirismo, mas, se esse companheirismo se altera ligeiramente, você fica enciumado, furioso.(3)

Só a mente que está completamente só pode achar a realidade. E existe uma realidade - não uma realidade teórica, não uma certa coisa inventada pelos cristãos ou pelos hinduístas ou experimentada por uns poucos santos, conforme o peculiar condicionamento de cada um, porém uma realidade, uma imensidade que só pode ser descoberta pela mente que percebeu seus próprios movimentos e compreendeu a si própria.(4)

Já alguma vez você esteve só, sentiu o que significa “estar só”? Provavelmente nunca, porque você está rodeado de sua família, está sempre ocupado, em seu emprego, a ler um livro, a escutar o rádio e na incessante tagarelice dos jornais. Assim, provavelmente, nunca conheceu o estranho sentimento de completo isolamento. Ocasionalmente, pode ter tido sugestões dele, mas, é provável que nunca tenha estado em contato direto com ele, como com a dor, com a fome, com o sexo. Entretanto, se não compreender essa solidão que é a causa do medo, nunca compreenderá o medo e dele se libertará.(5)

Eu não sei se você alguma vez esteve isolado, quando de repente percebe que não tem nenhuma relação com qualquer pessoa – não um percebimento intelectual, mas uma percepção real... que você está completamente afastado. Toda forma de pensamento e emoção está bloqueada, você não pode se virar para lugar algum, não existe ninguém para lhe apoiar, os deuses, os anjos, esconderam-se além das nuvens e, como desaparecem as nuvens, eles também se foram, você está completamente abandonado – não usarei a palavra só. Solidão tem um significado muito diferente, a solidão tem beleza. Estar só significa algo diferente. E você deve estar só. Quando o homem se livra da estrutura social da ganância, inveja, ambição, arrogância, acumulação, prestígio social – quando ele mesmo se livra disso, ele se encontra completamente só. Isto é totalmente diferente! Existe então grande beleza, a percepção de grande energia.(6)

A maioria de nós nunca está só. Você pode se retirar nas montanhas e viver como um monge, mas enquanto fisicamente independente, você terá consigo todas as suas idéias, suas experiências, suas tradições, seu conhecimento do que foi. O monge cristão em uma cela do mosteiro não está só, ele está com o seu conceito de Jesus, com a sua teologia, com as crenças e os dogmas do seu condicionamento pessoal. Do mesmo modo, o sannyasi na Índia, que se retira do mundo e vive em isolamento, não está só, porque também ele vive com as suas memórias. Eu estou falando de uma solidão na qual a mente é totalmente livre do passado, e só tal mente é virtuosa, pois apenas na solidão existe inocência. Talvez você diga, "Isso é pedir muito, uma pessoa não pode viver assim neste mundo caótico, onde tem de ir ao escritório todo dia, ganhar o sustento, suportar as crianças, agüentar as impertinências da esposa ou do marido, e tudo o mais". Mas eu penso que o que está sendo dito está diretamente relacionado à vida diária e ação, caso contrário, não tem nenhum valor. Você vê, desta solidão surge uma virtude que é vigorosa e que traz um senso extraordinário de pureza e bondade. Não importa se a pessoa comete erros, isso é de muito pouca importância. O que importa é ter esta percepção de estar completamente só, incontaminado, pois é tão somente uma mente assim pode conhecer ou pode estar atenta ao que está além da palavra, além do nome, além de todas as projeções da imaginação.(7)

Estar só, sem se retirar da sociedade, sem se tornar eremita, é um estado extraordinário. A pessoa está só porque compreendeu a influência, a autoridade. Compreendeu inteiramente a questão da memória, do condicionamento e, (…) torna-se existente uma solidão inatingível pela influência. E você não tem idéia de quanta beleza há nessa solidão, e que extraordinário sentimento de virtude, que é vitalidade, virilidade, força. Mas isso requer imensa compreensão de todo o nosso condicionamento.(8)

Requer isso (…) estejamos livres de toda autoridade; que não estejamos a seguir, a imitar, a ajustar-nos interiormente. (…) Nós cedemos, ajustamo-nos, aceitamos, por que, profundamente, temos medo de ser diferentes, de estar sozinhos, de investigar. Interiormente, queremos, sentir-nos em segurança, (…) ser bem sucedidos, (…) estar do lado certo. Por conseguinte, criamos várias formas de autoridade, (…) padrões de pensamento, tornando-nos assim seres imitativos, ajustando-nos exteriormente.(9) 

Esse “estar só”, esse “desprendimento”, não é de modo nenhum contrário às nossas relações com a coletividade. Se somos capazes de “estar sós”, é bem provável, então, que possamos ajudar a coletividade. Mas se somos apenas uma parte do corpo coletivo, é bem óbvio que só seremos capazes de fazer reformas, (…) alterações no padrão da coletividade. Ser verdadeiramente individual é estar completamente fora da coletividade (…) Um indivíduo assim é capaz de realizar uma transformação no coletivo.(10)

Tendo medo, necessitamos de guias, autoridades, escrituras, salvadores (…) - com o que tornamos a mente incapaz de descobrir alguma coisa sozinha. E nós precisamos estar sós, para descobrirmos o que é verdadeiro. (…) Porque a Verdade só pode ser descoberta pela mente que está só - não no sentido de solidão, isolamento.(11)

Porque o rejeitarmos todas as coisas que nos foram impostas, e abandonarmos as várias (…) crenças, equivale a rejeitarmos a sociedade, opormo-nos à sociedade (…) Aquele que está fora da sociedade, que já não está na sujeição da sociedade - só esse é capaz de descobrir o que é Deus, (…) a Verdade.(12)

Para acharmos por nós mesmos o que é verdadeiro, não devemos rejeitar toda e qualquer autoridade? Não devemos repudiar a autoridade do livro, (…) do sacerdote, (…) dos Mestres, dos Salvadores, dos vários instrutores religiosos, daqueles que praticam a ioga, etc? Isso, na verdade, significa que devemos ser capazes de estar sós, desamparados, sem dependermos de ninguém para nenhuma espécie de estímulo. Isso é como fazer uma viagem desacompanhado de um guia. Quando não tem guia, a mente precisa estar atenta, no mais alto grau, para toda forma de ilusão, e e só quando nos emancipamos completamente da idéia da autoridade, que estamos aptos a examinar-nos sem medo. É o medo que nos faz recorrer a outros, para sermos por eles guiados.(13)

O fato de você não ter encontrado refúgio pode ser sua salvação. Pelo medo que têm de ficarem sós, de se sentirem isoladas, certas pessoas dão para beber, outras para tomar drogas, enquanto muitas outras se lançam na política (…) Os que a evitam causam muito dano no mundo; são pessoas realmente nocivas, porquanto atribuem importância a coisas que não são da mais alta significação.(14)

Que entendemos por medo? Medo de quê? Medo de não ser? Medo do que você é? Medo de perder, de ter prejuízo? O medo, quer consciente quer inconsciente, não é abstrato: ele só existe em relação com alguma coisa. O que tememos é o estarmos inseguros (…) Isto é, tememos a solidão, (…) o ser nada, (…) o sentimento de completo desnudamento.(15)

Mas, quando vemos o que é a solidão, quando conhecemos o que significa estar só, sem fugir, temos então possibilidade de superá-la; porque estar só é inteiramente diferente de solidão. É necessário “estarmos sós”; mas hoje (…) nunca estamos sós. Não somos indivíduos, somos apenas um feixe de reações coletivas.(16)

Pois bem, para compreendermos o que é “estarmos sós”, precisamos compreender todo o processo do temor. A compreensão do temor traz, no fim, esse estado no qual nos vemos completamente vazios, (…) sós; isto é, ficais, frente a frente com uma solidão insaciável, impreenchível, da qual não há possibilidade de fuga. Você verá então que é possível superar a solidão - e, então, não existe nem esperança nem desesperança, porém um estado de solidão isento de temor.(17)

Mas, se há verdadeiro empenho (…) em descobrir a verdade, (…) ou Deus, temos (…) de nos libertar (…) de todos os nossos condicionamentos. Significa isso que precisamos ser capazes de estar totalmente sós e de encarar a verdade relativa ao que é, sem fuga.(18)

Se você experimentar isso, verá que a mente (…) disposta a examinar o seu próprio vazio, (…) totalmente, sem desejo de fuga - verá que essa mente se torna muito tranqüila, só, livre, criadora. (…) Esse estado pode ser (…) o Real.(19)

“Estar só” tem significação inteiramente diferente; tem beleza. Quando o homem se liberta da estrutura social - de avidez, inveja, ambição, arrogância, sucesso, posição - quando de tudo isso se liberta, está então completamente só. (…) Há então grande beleza, sentimento de grande energia.(20)

Senhores, para a mente incapaz de “estar só”, a busca nenhuma significação pode ter. “Estar só” é ser incorruptível, simples, livre de toda tradição, todo dogma, toda opinião, do que os outros dizem, etc., etc. Essa mente não busca, porque nada há que buscar; sendo livre, ela é serena, sem desejos, imóvel.(21)

Acho que (…) sabemos o que é solidão - esse medo extraordinário, essa ansiedade resultante do processo egocêntrico da mente. Você nunca teve, na vida, o sentimento de completo isolamento? (…) Vendo-nos sozinhos, queremos ser amados; sentimo-nos solitários, ligamos o rádio, vamos ao cinema, buscamos distrações (…) Não queremos fazer frente ao estado de solidão e escapamo-nos, pomo-nos em fuga daquela solidão. Buscamos companhias, (…) amor, (…) marido ou esposa, (…) etc.; pomo-nos, de alguma forma, na dependência de outrem, porque então não temos de enfrentar, dentro de nós mesmos, aquele estado de solidão, de vazio, em torno do “eu”.(22)

Agora, se você puder enfrentar o vazio, esse estado de isolamento de todas as relações, (…) enfrentá-lo sem fugir, (…) sem medo, sem fazer esforço algum para preenchê-lo ou alterá-lo, estará então só, num estado de completo abandono da sociedade; e esse “estar só” não é fuga à sociedade, (…) não necessita de reconhecimento por parte da sociedade.(23)

A sociedade é um “processo” de reconhecimento; sou reconhecido como santo, como escritor, (… ) homem bom (…) Tornando-se independente de tudo isso, a mente fica completamente só - não solitária, porém só.(24)

Não está mais sendo influenciada pela sociedade - está completamente dissociada de qualquer espécie de reconhecimento, e é capaz, portanto, de “estar só”. Ora, é necessário o “estar só”, para que a realidade tenha existência na nossa mente.(25)

Só a mente que está só, não corrompida, que é pura, (…) só essa mente é capaz de perceber o que é Deus, a Verdade. E essa possibilidade nos é dada apenas quando enfrentamos a solidão.(26)

Quando (…) a mente se deixa ficar em presença desse processo (…) egocêntrico, limitante, vazio, então esse próprio vazio lhe dá a oportunidade de “estar só”. A mente é então nova, única, pura; só nesse estado, a mente é capaz de receber o “eterno”.(27)

Não pode haver um imenso espaço para a mente funcionar, se ela não está inteiramente só. “Estar só” e “estar isolado” são, naturalmente, dois e diferentes estados. Sabemos muito bem o que é isolamento: esse estado em que nos vemos insulados, sem companheiros, sem relações, mesmo que estejamos cercados de nossa família e vivendo ativa e prosperamente. Apesar de tudo isso, manifesta-se um estranho sentimento de isolamento.(28)

Nunca estamos sós; estamos rodeados de pessoas e de nossos próprios pensamentos. Mesmo na ausência de pessoas, vemos as coisas através do crivo dos nossos pensamentos. Não há momento, ou o há muito raramente, de ausência do pensamento. Não sabemos o que é “estar só”, livre de toda associação, continuidade, palavra e imagem. Somos solitários, mas não sabemos o que significa “estar só”. A dor da solidão enche-nos o coração, e a mente é abafada com o medo. A solidão, esse profundo isolamento, é a sombra que nos entenebrece a vida.(29)

O “viver só” requer muita inteligência; (…) e ser ao mesmo tempo flexível (…) Viver só, sem as muralhas das satisfações egocêntricas, requer extrema vigilância; porque uma vida solitária favorece a indolência, hábitos confortantes (…) Uma vida solitária favorece o isolamento, e só os sábios podem viver sós, sem causarem mal a si próprios e a outros. (…) O retirar-se ou isolar-se, com o fim de achar, é pôr fim ao descobrimento. (…) Precisamos de uma solidão que não seja aquela em que a mente se fecha em torno de nós, mas a solidão da liberdade. O que está completo está sozinho, e o incompleto busca o caminho do isolamento.(30)

Verbalmente, você poderá concordar (…) Assim sendo, consciente ou inconscientemente, sua mente se rebela contra a idéia de ficar completamente só, a fim de descobrir. Estar completamente só é estar livre de contaminação pela sociedade - a sociedade, que é constituída de inveja, avidez, vaidade, desejo de poder e prestígio, ânsia das coisas mundanas e das chamadas extramundanas - e só essa mente está livre para investigar e descobrir a verdade ou a falsidade daquilo que a supera. Assim, o autoconhecimento é o começo da sabedoria.(31)

Não sei se você já experimentou o que é estar completamente só, sem nenhuma pressão, (…) motivo ou influência, sem a idéia do passado e do futuro. Estar inteiramente só é muito diferente do estado de solidão. Há solidão quando o “centro de acumulação” se sente isolado em suas relações com os outros. (…) Falo daquela solitude em que a mente não está contaminada, porque compreendeu o processo da contaminação, que é a acumulação. Quando a mente se acha de todo só porque, pelo autoconhecimento, compreendeu o “centro de acumulação”, vê-se então que, por estar vazia, não influenciada, ela é capaz de ação não relacionada com a ambição, a inveja ou com qualquer dos conflitos que conhecemos.(32)

Como você sabe, para a maioria de nós “estar só” é uma coisa terrível. Não me refiro aqui à solidão, que é coisa diferente. Refiro-me ao “estar só”: estar só com alguém ou com o mundo; estar só com um fato. Só, no sentido de que a mente não está sujeita a influências, já não se acha presa ao passado, nem tem futuro, nem busca, nem teme: está só. O que é puro está só; a mente que está só conhece o amor, porque já não se enreda nos problemas do conflito, do sofrimento e do preenchimento. Só essa mente é nova, (…) religiosa.(33)

Negar é estar só, livre da influência, da tradição, da carência psicológica, do apego, da dependência. Estar só é negar o condicionamento e o passado conteúdo da consciência. Observar sem discriminar e a renúncia ao condicionamento conduzem à solidão, que não é isolamento ou atividade egocêntrica. Tampouco significa fuga da existência. Pelo contrário, é a libertação total do sofrimento e do conflito, do medo e da morte. Essa solidão é a própria mutação da consciência, a completa transformação daquilo que foi. Ela é o vazio e a ausência do ser e do não-ser. A mente se renova, a cada instante, na chama desse vazio. Apenas à mente vulnerável é acessível o infinito, em que da destruição surge o novo, a criação e o amor.(34)

O homem deve ser só, mas esse “ser só” não é isolamento. Significa estar libertado do mundo da avidez, do ódio e da violência, de seus métodos sutis, e da dolorosa solidão e desespero humano. Estar só é estar “de fora”, não pertencer a nenhuma religião ou nação, a nenhuma crença ou dogma.

É essa solidão que alcança uma inocência completamente imune à maldade do homem. Só a inocência pode viver no mundo, com toda a desordem nele existente, e ao mesmo tempo não pertencer a ele. Ela não se reveste de galas especiais. A flor da bondade não se encontra ao longo de nenhum caminho, porque não há caminho para a Verdade.(35)

Esse estar só não é a dolorosa e temível solidão. É o recolhimento do ser, em si mesmo - um estado não corrompido, rico, completo. (…) O estar só é o expurgo de todos os motivos, todas as atividades do desejo, todos os fins. O estar só não é um produto final da mente. Não se pode desejar estar só. Tal desejo é meramente fuga à dor de se não poder comungar.(36)

A solidão, com seus temores e tormentos, é isolamento (…) Esse processo de isolamento, quer amplo, quer estreito, é gerador de confusão, conflito, sofrimento. Do isolamento nunca pode nascer o estar só; um tem de desaparecer, para que o outro possa existir. O estar só é indivisível, e o isolamento é separação. Aquilo que está só é flexível (…) Unicamente o que está só pode estar em comunhão com aquilo que é sem causa, o imensurável. Para o que está só, a vida é eterna; (…) não existe a morte.(37)

O homem que deseja realmente descobrir se há, ou não, um estado além da estrutura do tempo, deverá estar livre da civilização; (…) da “vontade coletiva”; deverá estar só.(38)

Pergunta: Você tem estado em retiro (…) Podemos saber se há nisso alguma significação?

Krishnamurti: Você não deseja, também, às vezes, recolher-se à quietude, para fazer um balanço das coisas, a fim de não se tornar simples máquina de repetição, um discursador, um explicador, um expositor?(39)

Julgo essencial que você entre, de vez em quando, em recolhimento, deixando tudo o que está fazendo, detendo por completo as suas crenças e experiências, e olhando-as de maneira nova, em vez de ficar a repetir, como máquinas, o que crê ou o que não crê. Você deixaría, assim, entrar ar fresco em sua mente (…) Isso significa que você tem de estar inseguro.(40)

Se vocês forem capazes de tanto, estarão abertos aos mistérios da natureza e para as coisas que sussurram ao redor de nós, (…) encontrarão o Deus que aguarda o momento de vir, a verdade que não pode ser chamada, mas vem por si mesma. Não estamos abertos ao amor e a outros processos mais delicados que se verificam dentro de nós, porque vivemos fechados em nossas ambições, (…) realizações, (…) desejos.(41)

Nesse retiro, não mergulhe noutra coisa qualquer, não abra livro algum, absorvendo-se em novos conhecimentos e novas aquisições. Rompe completamente com o passado, e verá o que acontece. Faça-o (…) e conhecerá o deleite. Descortinará as imensidões do amor, da compreensão, da liberdade. Quando seu coração está aberto, então é possível a vinda da realidade. (…) Eis por que é salutar entrarmos em retiro, recolher-nos e fazer parar a rotina - não só a rotina da existência exterior, mas também a rotina que a mente estabelece para sua própria segurança e conveniência.(42)

(1) A essência da maturidade
(2) Da solidão à Plenitude Humana
(3) Fora da Violência
(4) Experimente Um Novo Caminho
(5) Uma Nova Maneira de Agir
(6) O Livro da Vida
(7) O Livro da Vida
(8) O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 138
(9) Palestras na Austrália e Holanda, 1955, pág. 112
(10) Palestras na Austrália e Holanda, 1955, pág. 112
(11) Palestras na Austrália e Holanda, 1955, pág. 88-89
(12) Palestras na Austrália e Holanda, 1955, pág. 89
(13) Palestras na Austrália e Holanda, 1955, pág. 30
(14) Diálogos sobre a Vida, pág. 206
(15) Por que não te Satisfaz a Vida?, pág. 32
(16) Por que não te Satisfaz a Vida?, pág. 33
(17) Por que não te Satisfaz a Vida?, pág. 33
(18) Verdade Libertadora, pág. 24
(19) Verdade Libertadora, pág. 24-25
(20) A Suprema Realização, pág. 63
(21) Realização sem Esforço, pág. 28
(22) Visão da Realidade, pág. 181-182
(23) Visão da Realidade, pág. 182-183
(24) Visão da Realidade, pág. 183
(25) Visão da Realidade, pág. 183
(26) Visão da Realidade, pág. 183
(27) Visão da Realidade, pág. 183
(28) O Descobrimento do Amor, pág. 129
(29) Reflexões sobre a Vida, pág. 98-99
(30) Reflexões sobre a Vida, pág. 114
(31) O Homem Livre, pág. 76
(32) O Homem Livre, pág. 168
(33) O Passo Decisivo, pág. 115
(34) Diário de Krishnamurti, pág. 92
(35) A Outra Margem do Caminho, pág. 45-46
(36) Comentários sobre o Viver, 1ª ed., pág. 15-16
(37) Comentários sobre o Viver, 1ª ed., pág. 16
(38) A Cultura e o Problema Humano, pág. 45
(39) Quando o Pensamento Cessa, pág.19
(40) Quando o Pensamento Cessa, pág.20
(41) Quando o Pensamento Cessa, pág. 20
(42) Quando o Pensamento Cessa, pág. 20-21
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill