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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Eu, que sou o observador do sofrimento, sou diferente do sofrimento?

Pergunta: Você disse que a verdade só pode surgir quando uma pessoa é capaz de estar só e de amar o sofrimento. Isso não está claro. tenha a bondade de explicar o que você entende por "estar só" e "amar o sofrimento".

Krishnamurti: A maioria de nós não está em comunhão com coisa alguma. Não estamos diretamente em comunhão com nossos amigos, nossas esposas, nossos filhos. Não estamos diretamente em comunhão com coisa alguma. Existem sempre barreiras — barreiras mentais, imaginárias e reais. E essa separação é, sem dúvida, a causa do sofrimento. Não diga, "sim, já li isso, o sei verbalmente". Mas, se você for capaz de experimentar diretamente, verá que o sofrimento não pode terminar por meio de nenhum processo mental. Pode achar explicações para o sofrimento, o que é um processo mental; mas o sofrimento continua a existir, embora você o encubra.
Assim, para compreender o sofrimento, você precisa, por certo, amá-lo, não é verdade? Isto é, precisa estar em comunhão direta com ele. Se deseja compreender alguma coisa — seu vizinho, sua esposa, ou qualquer relação — se deseja compreender qualquer coisa de maneira completa, precisa estar perto dela. Precisa se chegar a ela sem objeção alguma, sem preconceito, condenação ou repulsa; precisa amá-la, não é verdade? Se desejo lhe compreender, não devo ter preconceitos a seu respeito, preciso ser capaz de lhe olhar, não através de barreiras, não através de cortinas formadas pelos meus preconceitos e meus condicionamentos. Preciso estar em comunhão com você, o que significa que preciso lhe amar. De modo idêntico, se desejo compreender o sofrimento, preciso amá-lo, preciso estar em comunhão com ele. Isso me é impossível, porque estou fugindo dele, por meio de explicações, por meio de teorias, de experiências, de adiamentos, constituindo tudo isso o processo de verbalização. Por conseguinte, as palavras me impedem a comunhão com o sofrimento. As palavras — palavras explicativas, racionalizações, que são sempre palavras, que representam o processo mental — as palavras me impedem de estar diretamente em comunhão com o sofrimento. É só quando me acho em comunhão com o sofrimento, que o compreendo. 
O segundo passo é este: Eu, que sou o observador do sofrimento, sou diferente do sofrimento? Eu, que sou o "pensador", o "experimentador", sou diferente do sofrimento? Exteriorizo-o, a fim de evitá-lo, dominá-lo, repeli-lo. Sou diferente daquilo a que chamo sofrimento? Não sou. Portanto, eu sou o sofrimento; não é verdade que existe o sofrimento e que eu sou diferente dele. Eu é que sou o "sofrimento". 
Enquanto sou o observador do sofrimento, não há terminar do sofrimento. Mas assim que se dá o percebimento de que o sofrimento sou eu, de que o próprio observador é o sofrimento — o que é muitíssimo difícil de experimentar, de perceber, porque há séculos que dividimos essa coisa — quando a mente percebe que ela própria é o sofrimento — não quando está sentindo o sofrimento — que ela própria é a criadora do sofrimento, que ela é o própria sofrimento, ocorre então o terminar do sofrimento. Isso não requer nem tradição nem pensar, mas sim um percebimento muito atento, muito vigilante e inteligente. Esse estado inteligente, esse estado "integrado", é que é "estar só". Quando o observador é a coisa observada, ele é então o estado "integrado". E nesse "estar só", nesse estado de se achar completamente só, completo, em que a mente não está em busca de coisa alguma, nem visando recompensa, nem fugindo à punição, em que a mente está de fato tranquila, não está procurando, não está tateando, só então vem à existência aquilo que não é mensurável pela mente.

Krishnamurti - Quando o pensamento cessa - 3 de fevereiro de 1952
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill