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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Krishnamurti — A verdade não está no isolamento


Interrogante: Podemos amar a verdade sem amar o homem? Podemos amar o homem sem amar a verdade? O que vem primeiro?
Krishnamurti: Senhor, sem dúvida o amor vem primeiro. Porque, para amar a verdade, você precisa conhecer a verdade, e conhecer a verdade é negá-la. O conhecido não é a verdade porque o conhecido já está inserido no tempo; deixa, portanto, de ser a verdade. A verdade está em constante movimento e, por isso, não pode ser avaliada em termos de tempo ou de palavras; você não pode empunhá-la. De forma que amar a verdade é conhecê-la — você não pode amar algo que desconhece. A verdade, porém, não é encontrada nos livros, na idolatria, nos templos. É encontrada na ação, no ato de viver, no ato de pensar; sendo assim, o amor vem primeiro — o que é óbvio — a própria busca do não-conhecido é em si mesma amor e você não pode buscar o não-conhecido sem estar em relação com os outros. Você não pode buscar a realidade, Deus, ou o que seja, isolando-se. Você só pode encontrar o não-conhecido no relacionamento, somente quando o homem está em relação com o homem. Por conseguinte, amar o homem é buscar a realidade.
Sem amar o homem, sem amar a humanidade, não pode existir a busca do real; porque quando o conheço — pelo menos, quando tento conhecê-lo em virtude de um relacionamento — nesse relacionamento estou começando a conhecer a mim mesmo. O relacionamento é um espelho no qual vou descobrindo a mim mesmo, não meu "eu" superior, mas todo o processo global de mim mesmo. O "eu" superior e o "eu" inferior ainda estão contidos no campo da mente e sem entender a mente, aquele que pensa, como posso ir além do pensamento e descobrir? O relacionamento em si constitui a busca do real porque é o único contato que tenho comigo mesmo: portanto, a compreensão de mim mesmo através do relacionamento é o começo da vida, não há dúvida. Se eu não sei como amar você, você com quem estou relacionado, como posso buscar o real e, por conseguinte, amar o real? Sem você, eu não existo, existo? Eu não posso existir apartado de você, eu não posso existir no isolamento. Portanto, em nosso relacionamento, no relacionamento entre mim e você, começo a entender a mim mesmo e o entender a mim mesmo constitui o começo da sabedoria, não é mesmo? Por isso, a busca do real é o começo do amor através do relacionamento. Para amar algo você precisa conhecer esse algo, precisa entendê-lo, não é assim? Para eu amar você preciso conhecê-lo, preciso observar, preciso ser receptivo a todos os seus humores, suas mudanças e não meramente me enclausurar em minhas ambições, buscas e desejos. E ao conhecer você, começo a descobrir a mim mesmo. Sem você, não posso ser e se não entendo essa relação entre mim e você, como pode existir amor? E, sem dúvida alguma, sem amor não existe busca, existe? Você não pode dizer que precisamos amar a verdade porque, para amar a verdade, você precisa conhecê-la. Você conhece a verdade? Você sabe o que é a realidade? A partir do momento que você conhece alguma coisa, essa coisa já passou, não é mesmo? Já se situa no campo do tempo e portanto cessa ser verdade.
Nossa questão é a seguinte: como pode um coração empedernido, um coração vazio, conhecer a verdade? Não pode. A verdade não é algo distante. Está muito próxima, mas não sabemos como procurá-la. Para procurá-la, precisamos entender o relacionamento, não somente com o ser humano, mas com a natureza, com as idéias, assim como a minha relação com você; e para que haja entendimento é preciso, claro, que haja abertura. Se quero entender você, preciso estar aberto a você, preciso estar receptivo, não posso esconder nada, não pode existir um processo de isolamento. No entendimento existe verdade e para entender é preciso haver amor, porque sem amor não pode haver entendimento. Portanto, não é nem o homem nem a verdade que vem primeiro, mas o amor; e o amor somente se concretiza num relacionamento compreensivo, o que significa estar aberto ao relacionamento e, portanto, aberto à realidade. Não podemos convidar a verdade a vir — ela deve vir até você. Buscar a verdade é negar a verdade. A verdade vem a você quando você está aberto, quando está completamente livre de barreiras, quando o pensador deixa de pensar, de criar, de fabricar, quando a mente se encontra muito quieta — não coagida, não drogada, não hipnotizada por palavras, por repetições. A verdade tem de vir. Quando o pensador sai no encalço da verdade, está meramente perseguindo seu próprio ganho. Portanto, a verdade o evita. O pensador só pode ser observado através do relacionamento; e para entender é preciso haver amor. Sem amor não há busca.  

Krishnamurti — Bombaim, 8 de fevereiro de 1948
— Collected Works of J. Krishnamurti —
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill