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domingo, 29 de julho de 2012

Krishnamurti - Sobre o viver momento por momento

Uma coisa que tem continuidade nunca pode ser nova. Pense nisso a fundo, e verá: não é nenhum problema complicado. Não há dúvida de que, se eu consigo completar cada dia sem transportar para o dia seguinte minhas ansiedades, minhas tribulações, saberei enfrentar de maneira nova o dia de amanhã. O enfrentar o desafio de maneira nova é criação, e não haverá criação se não houver um findar. Você enfrenta o que é novo com o que é velho; por conseguinte, há necessidade de que o velho termine, para você enfrentar o novo. Há necessidade de um findar a todos os minutos, de modo que cada minuto seja um minuto novo. Isso não é nenhuma imagem, nem devaneio poético. Se você experimentar, verificará o que acontece. Mas, nós queremos continuar, subsistir. Queremos uma continuação de momento em momento, dia por dia, porque pensamos que sem continuidade não existimos.
Ora, o que é capaz de continuar, pode se renovar? Pode ser novo? É evidente que só pode haver uma coisa nova, quando há um findar. Seu pensamento é contínuo. O pensamento é resultado do passado; é uma continuação do passado, que em conjunção com o presente, cria, modifica o futuro. Mas o passado, atravessando o presente, para o futuro, é sempre continuidade. Não há solução da mesma. Só na quebra da continuidade se pode ver algo novo. O pensamento precisa se extinguir para que o novo exista. Mas você bem sabe o que estamos fazendo. Estamos nos servindo do presente, como uma passagem do passado para o futuro. Não é o que estamos fazendo? Para nós o presente é sem importância. Ao pensamento, que é a ação do presente, que é a relação presente, não atribuímos importância alguma. Atribuímos importância ao produto, ao resultado do pensamento, que é o futuro ou o passado. Não notou como os velhos contemplam o passado, e também os jovens contemplam o passado, às vezes, ou o futuro? Ocupam-se de si mesmos, no passado ou no futuro, e nunca dão inteira atenção ao presente. Dessa maneira, usamos o presente como uma passagem para outra coisa, não havendo com isso consideração, observação do presente; e para se observar o presente, o passado precisa morrer. Certo, para percebermos o que é, não podemos olhar o presente através do passado. Se desejo compreender você, devo olhá-lo diretamente e não por meio dos meus velhos preconceitos. Porque, nesse caso, estou apenas olhando os meus preconceitos. Só posso olhá-lo quando não existirem preconceitos; por essa razão, precisamos colocar fim aos preconceitos.
Assim, para compreendermos o que é, que é ação, que é relação, a cada momento, há necessidade de estarmos novos; por conseguinte, o passado precisa terminar; e isto não é nenhuma teoria. Experimente, para ver como esse findar não é tão difícil como lhe parece. Enquanto você está escutando, experimente, e verá como é fácil findar completamente o pensamento e ficar apto para descobrir. Isto é, quando você não está influenciado, quando está interessado em alguma coisa, vitalmente, profundamente, você a olha de maneira nova. O próprio interesse expulsa o passado. Só lhe interessa observar o que é e deixar que ele se revele a você. Ao perceber a verdade disso, a sua mente se desocupa momento por momento. Por conseguinte, está descobrindo tudo por maneira nova, e é por isso que o conhecimento nunca pode ser novo. Só a sabedoria é nova. O conhecimento pode ser dado na escola, mas a sabedoria não pode ser ensinada. Uma escola de sabedoria é um absurdo. A sabedoria é descobrimento e a compreensão do que é, momento por momento, e como se pode lhe ensinar a observar o que é. Se lhe ensinam, isso é conhecimento, o qual se interpõe entre você e o fato. O conhecimento, por conseguinte, é uma barreira diante do novo, e uma mente cheia de conhecimento não pode compreender o que é. Você é instruído, não é? E é nova a sua mente? Ou ela está repleta de fatos armazenados na memória? E uma mente que se torna dia a dia em mero repositório de fatos — como pode uma mente dessas perceber uma coisa nova? Para perceber o que é novo, se requer completa ausência de conhecimentos passados. Só no descobrimento do que é, instante por instante, se encontra a liberdade que a sabedoria traz. A sabedoria, por conseguinte, é algo novo, não repetido, não é coisa aprendida de um livro escolar ou Sankara, do Bhagavad Gita, do Cristo.
Vemos que o conhecimento que continua é uma barreira à compreensão do novo. Se, quando você escuta, coloca em atividade seus conhecimentos anteriores, como você pode compreender? Primeiro, você deve escutar. Senhor, um engenheiro tem conhecimentos relativos à resistência de materiais; mas quando vai construir uma ponte, precisa primeiro estudar o local e o solo. Precisa estudá-los independentemente da estrutura que vai construir, o que significa que precisa olhá-los de maneira nova, e não apenas, copiando um livro. Mas há sempre perigo nas comparações, por isso convém usá-las com sobriedade. O que importa é que haja uma renovação e que nela haja criação, ímpeto criador, renascimento constante; e isso só é possível quando morremos a cada minuto. Assim pode a mente receber a verdade. A verdade não é uma coisa absoluta, definitiva, remota. Ela existe para a descobrirmos momento por momento, e não podemos descobrí-la num estado de continuidade. Continuidade, afinal de contas, é memória, e como pode a memória ser nova? Como pode a memória, que é experiência, que é passado, compreender o presente? Só quando o passado está perfeitamente compreendido e a mente vazia, pode ela perceber o presente na sua significação integral. Mas em geral a nossa mente não está vazia. As nossas mentes estão cheias de conhecimentos, e não são mentes que pensam. São mentes que só sabem repetir, gramofones, que mudam o disco de acordo com as circunstâncias. E tais condições, a mente é incapaz de descobrir o novo. Só há algo novo no findar; mas você tem medo disso. Você tem medo de findar, e tudo o que você fala, toda a sua acumulação de atos constituem uma proteção, uma fuga disso. Você, por conseguinte, busca a continuidade, mas a continuidade nunca é nova, nela não pode dar-se renovação, nunca há um vazio onde você possa receber. Assim, a mente só pode se renovar quando está vazia, e não quando repleta de vossas ansiedades, dia por dia; e com o findar da mente, há uma criação, que é eterna.

Krishnamurti – O que estamos buscando? - ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill