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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Krishnamurti - A fuga do que É pela ilusão da busca pela verdade

Se nos for possível compreender integralmente o problema do buscar, do procurar, talvez estejamos em condições de compreender o complexo problema da insatisfação e do descontentamento. A maioria de nós está em busca de alguma coisa, em vários níveis da existência — conforto físico ou bem estar psicológico; e dizemos que estamos à procura da verdade ou da sabedoria. Ora, o que significa isso, de fato? O que estamos procurando? Só podemos procurar uma coisa que conhecemos; não podemos procurar uma coisa que desconhecemos. Não podemos procurar uma coisa que não sabemos se existe; só podemos procurar algo que tivemos e perdemos. A busca é o desejo de satisfação.
Em geral vivemos insatisfeitos, exterior e interiormente; e se nos observarmos com toda a atenção, veremos que o descontentamento é apenas a busca de uma satisfação permanente, em diferentes níveis da existência, à qual chamamos verdade, felicidade, compreensão, ou por outro nome qualquer. Basicamente, esse impulso consiste em encontrar satisfação permanente; e, estando descontentes com tudo quanto fazemos, não encontrando satisfação em nenhuma das coisas que tentamos, apelamos para um instrutor, uma religião, um caminho, outra pessoa, na esperança de achar satisfação definitiva. Assim, essencialmente, a nossa busca não visa à verdade, mas à satisfação. O mais de nós estamos descontentes, insatisfeitos, com as coisas como são; e a nossa luta psicológica, nossa luta interior visa encontrar um refúgio permanente; quer seja um refúgio de idéias, quer de relações imediatas, o impulso básico é um desejo de alcançar satisfação completa. Esse impulso é o que chamamos buscar. 
Experimentamos várias satisfações, vários "ismos"; e quando eles não satisfazem, apelamos para a religião e seguimos gurus, um depois de outro, ou nos tornamos cínicos. O cinismo também proporciona grande satisfação. Nossa busca é sempre no sentido de um estado mental isento de toda e qualquer perturbação, de toda luta, na qual haja satisfação completa. Existirá possibilidade de completa satisfação em qualquer coisa que a mente busque? A mente anda em busca de suas próprias "projeções", que são proporcionadoras de satisfação, aprazimento; e no momento em que acha inconveniente uma dessas projeções, larga-a e passa a outra. Isto é, estamos em busca de um estado psicológico tão tranquilizador, tão conciliatório, que elimine todos os conflitos. Se examinarmos profundamente, veremos que um tal estado é uma impossibilidade, a não ser que vivamos na ilusão ou ligados a uma forma qualquer de asserção psicológica. 
Pode o descontentamento encontrar satisfação permanente? E com o que é que estamos descontentes? Queremos um emprego melhor, mais dinheiro, uma esposa melhor, ou uma forma religiosa melhor? Se examinarmos com atenção, veremos que todo o nosso descontentamento é uma busca de satisfação permanente — e que a satisfação permanente é impossível. A própria segurança física é impossível. Quanto mais desejamos estar em segurança, tanto mais ficamos fechados, tanto mais nos tornamos nacionalistas, e o resultado final é a guerra. Nessas condições, enquanto andarmos em busca de satisfação, haverá conflito cada vez maior. 
É possível ficarmos contentes? O que é contentamento, de fato? O que produz contentamento, como ele aparece? Sem dúvida, o contentamento só aparece quando compreendemos o que é. O que produz descontentamento é a maneira complexa por que encaramos o que é. Por causa do meu jeito de transformar o que é noutra coisa diferente, existe a luta do "vir a ser". Mas a mera aceitação do que é também cria um problema. Por certo, para compreender o que é, requer-se vigilância passiva, sem o desejo de transformá-lo em coisa diferente; isso significa que devemos estar passivamente conscientes do que é. Então é possível transcendermos o mero aspecto exterior do que é. O que é nunca é estático, embora a nossa reação possa ser estática. 
Nosso problema, por conseguinte, não é a busca de satisfação definitiva, que chamamos Deus, ou de um melhor estado de relação, mas, sim, a compreensão do que é. Para compreender o que é, requer-se uma mente extraordinariamente ágil, que perceba a futilidade do desejo de transformar o que é em outra coisa, ou de comparar ou procurar conciliar o que é com outra coisa. 
Essa compreensão não vem por meio da disciplina, do controle, ou do auto-sacrifício, mas sim, pelo afastamento dos obstáculos que nos impedem de ver diretamente o que é.
A satisfação é infindável, contínua; e a menos que percebamos isso, somos incapazes de aceitar o que é, tal como é. A relação direta com o que é, eis a ação correta. Ação baseada numa idéia não passa de autoprojeção. A idéia, o ideal, a ideologia, tudo isso faz parte do processo do pensamento, e o pensamento é uma reação a condicionamentos, em qualquer nível. Por conseguinte, o cultivo de uma idéia, de um ideal, de uma ideologia, é um círculo em que a mente fica encerrada. Quando percebemos todo o processo da mente e suas ardilosas manobras, só então há a compreensão produtiva de transformação.

Krishnamurti — O que estamos buscando? - ICK
Conferência realizada em Madrasta em 18 de dezembro de 1949 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill