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terça-feira, 31 de julho de 2012

Krishnamurti - Conhecimento, Especialização, Excesso Prejudicial

Por que vivemos acumulando conhecimentos? Fazemo-lo para alcançar a segurança, que aliás é essencial em certo aspecto de nossa existência. Pensam alguns que o conhecimento é meio de descobrimento. (…) O conhecimento não impede o descobrimento? Como pode a mente descobrir coisas novas, se, na sua totalidade, ela está preparada para juntar conhecimentos, saber? (…) A mente que possui conhecimentos, (…) saber, deve ficar livre deles, para poder descobrir; (…) (Debates sobre Educação, pág. 227)

Pergunta: Qual a diferença entre a acumulação da memória técnica ou dos afazeres do dia-a-dia, e a acumulação da memória emocional?

Krishnamurti: Isso é muito simples, senhor. Por que o cérebro, como depósito da memória, dá tanta importância ao conhecimento - tecnológico, psicológico e relacionados? Por que o ser humano tem dado tão extraordinária importância ao conhecimento? Possuo um escritório, torno-me um importante burocrata, o que significa que tenho conhecimento de como realizar certas funções, e me torno pomposo, estúpido, grosseiro. (Exploration into Insight, pág. 53)

Pergunta: É isso um desejo inato?

Krishnamurti: Isso dá segurança, obviamente. Dá status. O ser humano adora o conhecimento identificado com o intelecto. O erudito, o estudioso, o filósofo, o inventor, o cientista, estão todos apegados ao conhecimento e têm criado coisas maravilhosas no mundo, como ir à Lua, construir novos tipos de submarinos, etc. Têm inventado as mais extraordinárias e admiráveis coisas, sendo irresistível a maravilha desse conhecimento, e nós o aceitamos. (…) (Idem, pág. 53)

(…) Portanto, tem-se desenvolvido uma desordenada admiração, quase chegando à veneração, do intelecto. Isso se aplica a todos os livros sagrados e sua interpretação. (…) Precisamos, pois, descobrir uma harmonia natural em que o intelecto atue com perfeita lucidez, em que emoções e afeições, cuidado, amor e compaixão funcionem saudavelmente, e o corpo, que tem sido tão despojado, (…) mal usado, volte a sua condição própria. Como você consegue isso? (Idem, pág. 53-54)

Pergunta: Como se pode fazer a distinção entre o conhecimento e a descoberta do novo?

Krishnamurti: É claro, senhor. Quando o conhecimento interfere, não há descoberta do novo. Deve haver um intervalo entre o conhecimento e o novo; do contrário você está apenas considerando como novo o velho. (…) Por que há divisão entre a mente, o coração e o corpo? Vê-se isso. Como pode essa divisão chegar a um fim naturalmente? Como você faz isso - através de esforço, (…) dos ideais que temos sobre harmonia? (Idem, pág. 54)

Krishnamurti: Perguntávamos ontem por que o conhecimento se tem tornado tão importante como meio de iluminação. Aparentemente, todos os mestres religiosos têm insistido sobre o conhecimento, não só no Oriente senão também no Ocidente. E como a tradição é tão forte neste país, resulta realmente importante descobrir que papel representa todo esse pensar sistematizado na consecução da iluminação. (…) (Tradición y Revolución, pág. 143)

Quando se tem desenvolvido destreza em algo, isso confere certo sentimento de bem-estar, de segurança. E tal destreza, nascida do conhecimento, tem que se tornar invariavelmente mecânica em sua ação. Destreza na ação é o que se tem buscado, porque ela nos dá certa posição na sociedade, certo prestígio. Vivendo nesse campo todo o tempo, (…) tal conhecimento e destreza se tornam não só aditivos, senão que terminam por constituir um processo mecânico e reiterativo que, pouco a pouco, adquire seus próprios incentivos, sua própria arrogância e poder. Nesse poder encontramos segurança. (La Totalidad de la Vida, pág. 214)

Atualmente, a sociedade exige de nós mais e mais destreza - quer seja o indivíduo um engenheiro, um tecnólogo, um cientista, um psicoterapeuta, etc. - porém existe um grande perigo em buscar essa destreza que provém dos conhecimentos acumulados, porque nesse crescimento não há claridade. Quando a destreza se torna sumamente importante na vida, não só por ser o meio de ganhar a subsistência, senão porque o indivíduo é educado totalmente para esse propósito (…), então a destreza produz invariavelmente certo sentimento de poder, de arrogância e vaidade. (Idem, pág. 214)

O orgulho, a arrogância e a inveja decorrentes da eficiência em determinada função, nos levam à competição, à desordem, à discórdia e à infelicidade. A plena compreensão da vida traz um novo significado à atividade humana. Reduzir a vida ao nível estreito e fragmentado da luta pelo pão, pelos prazeres do sexo, da riqueza, da ambição, é fomentar desespero e interminável sofrimento. O cérebro opera na área especializada do fragmento, nas atividades egocêntricas, dentro do estreito limite do tempo. Por ser um fragmento, é incapaz de ver o todo da vida. Por mais hábil e refinado que seja, o cérebro desenvolve uma ação limitada, parcial. É a mente que contém o cérebro e não o contrário, e só ela poderá compreender o todo. (Diário de Krishnamurti, pág. 102-103)

Tecnologicamente, os cientistas têm ajudado a reduzir as enfermidades, a melhorar os meios de comunicação, porém também têm incrementado o poder devastador das armas bélicas - o poder de assassinar de uma só vez um número imenso de pessoas. Os homens de ciência não vão salvar a humanidade; nem o farão os políticos. (…) Os políticos buscam poder, posição e empregam todos os estratagemas (…). E exatamente o mesmo ocorre no chamado mundo religioso - a autoridade hierárquica, (…) em nome de alguma imagem criada pelo pensamento. (La Llama de la Atención, pág. 100-101)

A quem chamamos cientistas? Aos que trabalham em laboratórios e que, fora de tal atividade, são seres humanos como nós, com preconceitos (…), com igual cupidez, ambição e crueldade. Salvarão eles o mundo? Estão salvando o mundo? Não se estão utilizando do conhecimento técnico mais para destruir do que para curar? Em seus laboratórios podem estar buscando conhecimento e compreensão, mas não o fazem movidos pelo “eu”, pelo espírito de competição, pelas paixões (…)? (Autoconhecimento, Correto Pensar - Felicidade, pág. 166)

(…) Atuando como cientista, artista, padre, advogado, técnico ou fazendeiro, o cérebro é essencialmente produto da especialização. Incapaz de transcender os próprios limites, de sua atividade emanam o status social, os privilégios, o poder e o prestígio, que ele, o cérebro, cria para proteger-se. Incapaz de ver o todo, a mente especializada, com seu desejo de fama e poder, é a origem de todo conflito social. (Diário de Krishnamurti, pág. 102)

O especialista é incapaz de conceber o todo; vive para a sua especialidade, ocupação mesquinha do cérebro condicionado para ser religioso ou técnico. O talento e a aptidão do homem tendem a fortalecer o egocentrismo e sua ação é sempre fragmentada e conflitante. A capacidade humana só tem significado quando a mente atinge a compreensão global da vida. Caso contrário, a eficiência, um dos subprodutos da aptidão individual, torna seu portador implacável e indiferente à totalidade da vida (…) (Idem, pág. 102)

(…) O cientista utiliza o seu saber para alimentar a vaidade, assim também o professor, (…) os pais, (…) os gurus - todos querem ser alguém no mundo. (…) Que sabem eles? Só sabem o que está nos livros (…) ou o que experimentaram, sendo que suas experiências dependem do seu fundo de condicionamento. Os mais de nós, pois, estamos cheios de palavras, de conhecimentos, a que damos o nome de saber; e sem esse saber vemo-nos perdidos. O que existe, pois, é o temor, oculto logo atrás da cortina das palavras e dos conhecimentos; (…). (Novos Roteiros em Educação, pág. 114)

Assim, onde há temor, não há amor; e o saber sem o amor é destrutivo. É o que está acontecendo no mundo, atualmente. Por exemplo, sabe-se como é possível alimentar todos os seres humanos do mundo, mas não se começa a pôr isso em prática. (…) Se se desejasse realmente pôr fim à guerra, haveria possibilidade de fazê-lo, mas nada se faz, pelas mesmas razões. Assim, pois, o saber sem o amor não tem significação alguma. (…) (Idem, pág. 114)

Os problemas que se apresentam a cada um de nós e, portanto, ao mundo, não podem ser resolvidos pelos políticos nem pelos especialistas. Esses problemas não resultam de causas superficiais, (…). Os especialistas podem oferecer-nos planos de ação cuidadosamente elaborados, mas não são as ações planejadas que irão trazer-nos a salvação, mas tão somente a compreensão do processo total do homem, isto é, de vós mesmos. Os especialistas só têm capacidade para tratar de problemas num nível exclusivo, com o que aumentam os nossos conflitos e a nossa confusão. (O Caminho da Vida, pág. 25)

(…) Ora, para vos tornardes alguma coisa, precisais especializar-vos, (…) e tudo que se especializa logo morre, declina, porque a especialização implica sempre falta de adaptabilidade. Só o que é capaz de adaptação, de flexibilidade, pode subsistir. (…) (A Arte da Libertação, pág. 134)

(…) Está visto, pois, que a especialização é prejudicial à compreensão do processo do “eu”, que é autoconhecimento, uma vez que a especialização não permite a pronta adaptabilidade; e tudo o que se especializa não tarda a morrer, a definhar. (Idem, pág. 135)

Assim, para se compreender a si mesmo, o indivíduo precisa de extraordinária flexibilidade, e essa flexibilidade lhe é negada, se ele se especializa - na devoção, na ação, no saber. (…) (Idem, pág. 135)

Ora, será que a compreensão de nós mesmos requer especialização? O especialista conhece só a sua especialidade (…). Mas o conhecimento de nós mesmos requer especialização? Acho que não, pelo contrário. A especialização implica a restrição do processo total de nosso ser (…). Uma vez que precisamos compreender a nós mesmos como processo total, não podemos especializar-nos. Porque especialização significa exclusão (…). (Solução para os nossos Conflitos, pág. 74)

Pois bem (…) Atribuímos importância à feitura do instrumento, e esperamos, assim, por meio do instrumento, conhecer a vida; eis a razão por que a educação moderna é um verdadeiro fracasso; porque só tendes técnica, (…) cientistas maravilhosos, portentosos físicos, matemáticos, construtores de pontes, conquistadores do espaço - e daí? Estais vivendo? Somente como especialistas; mas, pode um especialista conhecer a vida? Só deixando de ser especialista. (O Que te fará Feliz?, pág. 63)

Requer então a inteligência especialização, a inteligência que é a percepção integral do nosso processo? E pode essa inteligência ser cultivada mediante qualquer forma de especialização? Pois é isso que está acontecendo (…). O sacerdote, o médico, o engenheiro, o industrial, o homem de negócios, o professor - temos a mentalidade da especialização. E julgamos que, para alcançar a forma suprema da inteligência - que é a verdade, (…) Deus, que não se pode descrever - julgamos que para alcançá-la precisamos tornar-nos especialistas. (…) (El Despertar de la Inteligencia, pág. 77)

(…) Você não pode dividir a vida em vida tecnológica e vida não tecnológica. É o que vocês têm feito, e é por isso que levam uma dupla vida. Então nos perguntamos: “É possível viver tão plenamente que a parte esteja incluída no todo? (…) Atualmente levamos uma dupla vida; (…). É assim que vocês dividem a vida e, portanto, ela é um conflito entre as partes. E nós nos referimos a algo por completo diferente, a um modo de viver no qual não haja divisão nenhuma. (…) (Idem, pág. 79)

Vede, em primeiro lugar, como a mente acumula saber e por que o faz; vede onde o saber é necessário, e onde ele se torna um empecilho à liberdade. É óbvio que, para fazermos qualquer coisa - conduzir um carro, falar uma língua, executar um trabalho técnico - precisamos do saber. Precisamos de grande abundância de saber; quanto mais eficaz, (…) mais objetivo, (…) mais impessoal, melhor; mas nós nos estamos referindo àquele saber que condiciona psicologicamente. (Fora da Violência, pág. 133)

O “observador” é o reservatório do saber. O “observador”, por conseguinte, pertence ao passado, ele é o censor, a entidade que julga com base no saber acumulado. O mesmo ele faz com respeito a si próprio. Tendo adquirido dos psicólogos conhecimentos sobre o “eu”, acredita o observador que conhece a si próprio. Ele se olha com esses conhecimentos e, por conseguinte, não se olha com olhos novos. (…) (Idem, pág. 133)

É possível libertar a mente do passado, por inteiro, e, se o é, como poderemos esvaziá-la? Em certos setores, o conhecimento trazido do passado é essencial. (…) Não podemos esquecer, pôr à margem, todos os conhecimentos técnicos que o homem adquiriu através de séculos; mas eu estou falando a respeito da psique, que tem acumulado tantos conceitos, idéias e experiências e se acha aprisionada nessa consciência que tem por centro o observador. (A Importância da Transformação, pág. 14)

Cabe-nos descobrir por nós mesmos (…). O conhecimento, com efeito, tem muita importância e significação. Se desejais ir à Lua, necessitais de extraordinários conhecimentos tecnológicos; (…). Mas, esse próprio saber se torna sério empecilho quando queremos descobrir uma maneira de viver totalmente harmoniosa (…). O saber é o passado, e, se vivemos de acordo com o passado, então, é óbvio, surge uma contradição: o passado em conflito com o presente. (…) (O Novo Ente Humano, pág. 24)

Agora, ao perceberdes que o pensamento perpetua o prazer e o medo (…) - qual o estado de vossa mente ao perceberdes essa verdade? E qual o estado da mente que sabe quando o pensamento é necessário, quando deve ser empregado, logicamente, objetivamente, equilibradamente, e sabe também que o pensamento, que é reação do conhecimento, ou seja, do passado, se torna um obstáculo a uma maneira de viver isenta de contradição? (…) (Idem, pág. 27)

Há, pois, uma ação que vem quando a mente está vazia de todo movimento de pensamento, exceto aquele movimento que é necessário quando o pensamento deve funcionar. A mente é então capaz de dar atenção aos fatos da vida diária. Mas, é ela capaz de funcionar dessa maneira se sois muçulmano, budista, hinduísta, e estais condicionado por esse fundo? Não o é, evidentemente. (…) Porque, se a psique não for transformada, continuareis a fazer, exteriormente, as mesmas coisas - modificadas, talvez, mas sempre segundo o velho padrão. (Idem, pág. 27)

Que lugar tem o conhecimento na transformação do homem? (…) O conhecimento é necessário na vida diária, quando vamos ao trabalho, (…) exercemos diversas habilidades, etc.; é necessário no mundo tecnológico, (…) científico. Porém, na transformação da psique, do que somos, tem o conhecimento algum lugar? (La Llama de la Atención, pág. 80)

(…) Perguntamo-nos se esse conhecimento psicológico pode alguma vez transformar radicalmente o homem, para convertê-lo em um ser humano totalmente descondicionado. Porque se há qualquer forma de condicionamento no psíquico, no interno, é impossível encontrar a verdade. A verdade é uma terra sem caminhos, e chega a nós quando nos livramos de todos os condicionamentos. (Idem, pág. 81)

Ora, o conhecimento é evidentemente essencial, pois, do contrário, não poderíamos funcionar de maneira nenhuma. (…) Mas o conhecimento impede também a clareza de percepção. O que quer que sejais, cientista, músico, artista, escritor – é só nos intervalos em que vossa mente está livre de seus conhecimentos, que há movimento criador. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 177)

A criação, pois, é algo que, não estando sujeito às limitações da mente ordinária, não é continuo. (…) Mas uma mente que seja capaz de ficar silenciosa conhecerá aquele estado que é eternamente criador; e essa é a função da mente (…). A função da mente não consiste apenas em sua parte mecânica, (…) de coordenar as coisas, (…) de destruir e tornar a coordenar. Tudo isso constitui a nossa mente ordinária, a mente comum, que recebe sugestões (…) do inconsciente, mas (…) na rede do tempo. (…) (Poder e Realização, pág. 85)

(…) Essa mente é produto da técnica; e quanto mais se cultivar a técnica, o “como”, o método, o sistema, tanto menos se conhecerá “a outra coisa”, o estado criador. Entretanto, temos necessidade da técnica (…). Mas quando essa mente mecânica, a mente que está ligada à memória, à experiência, ao conhecimento, quando essa mente existe só e funciona sozinha, sem a outra parte, é óbvio que ela só pode conduzir à destruição. (…) (Idem, pág. 85-86)

(…) A técnica pode trazer-nos essa liberdade em que está ausente o “eu”? Só quando o “eu” está ausente, há o poder de criar; a técnica, pelo contrário, dá apenas mais força ao “eu”, ou o distrai, modificando-o ou expandindo-o – e isso por certo não nos dá o poder criador. (Por que não te Satisfaz a Vida, pág. 131)

O saber é uma outra forma de propriedade, e o homem que possui saber está satisfeito com ele; para ele, o saber é um fim em si. Tem ele a convicção (…) de que o saber resolverá (…) os problemas (…). É muito mais difícil, para o homem de saber, livrar-se de suas posses, do que para o homem de dinheiro. É extraordinária a facilidade com que o saber toma o lugar da compreensão e da sabedoria. (…) (Comentários sobre o Viver, 1ª ed., pág. 227-228)

O aumento da prosperidade e dos conhecimentos científicos, no mundo, não trará felicidade maior. Poderá atender, em maior escala, às nossas necessidades físicas (…). Poderá proporcionar mais confortos e comodidades – mais banheiros, melhores roupas, mais geladeiras, (…) carros. Mas essas coisas não resolvem nossos problemas fundamentais, que são muito mais profundos e prementes, e estão dentro de nós. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 111)

Pergunta: Do que dizeis, concluo claramente que a cultura e o saber são empecilhos. Empecilhos a quê?

Krishnamurti: É óbvio que o saber e a cultura constituem um empecilho à compreensão do novo, do atemporal, do eterno. O desenvolvimento de uma técnica perfeita não vos torna criador. Podeis saber pintar maravilhosamente, possuir a técnica, mas podeis não ser um pintor criador. Podeis saber escrever poemas tecnicamente perfeitíssimos, mas podeis, no entanto, não ser poeta. Ser poeta implica (…) a capacidade de receber o novo, sensibilidade para reagir às coisas novas. (…) (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 151)

Como mecânico, cientista, engenheiro, etc., necessitais da continuidade da memória, pois do contrário não podereis exercer vossas funções. Mas a continuidade do pensamento como feixe de lembranças relativas ao “eu” e ao “meu”, e as reações desse pensamento condicionado, tudo isso é tempo psicológico, medo. (…) Assim, para que o medo termine, é necessário que o pensamento termine. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 24)

(…) A humildade é importante, porque a mente sem humildade não pode aprender. Poderá acumular conhecimentos, reunir mais e mais informações, mas (…) são coisas superficiais. Não sei por que tanto nos orgulhamos do nosso saber. Tudo se encontra em qualquer enciclopédia, e é tolice acumular conhecimentos para satisfação do orgulho e da arrogância pessoal. (Idem, 1ª ed., pág. 213)

(…) A mente que está abarrotada de fatos, de conhecimentos, será capaz de receber qualquer coisa nova, inesperada, espontânea? Se a vossa mente está repleta do conhecido, haverá espaço para receber alguma coisa procedente do desconhecido? Não há dúvida de que o saber se refere sempre ao conhecido e com o conhecido tentamos compreender o desconhecido, essa coisa que ultrapassa todas as medidas. (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 151)

(…) O que é eterno não pode ser procurado; (…). Ele se apresenta quando a mente está tranqüila; e a mente só pode estar tranqüila quando é simples, quando já não está armazenando, condenando, julgando, pensando. Apenas a mente simples pode compreender o Real, e não a mente repleta de palavras, de conhecimentos, de ilustração. A mente que analisa, que calcula, não é uma mente simples. (Percepção Criadora, pág. 106-107)

Seleta de Krishnamurti 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill