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terça-feira, 26 de junho de 2012

Krishnamurti — Sobre Solidão


            Sabeis o que significa a solidão, estais cônscio dela? Duvido muito, porque todos nós vivemos mergulhados em nossas atividades, nos livros, relações, idéias, que nos impedem de estar cônscios da solidão. Que se entende por solidão? Uma sensação de estar vazio, de nada ter, de extraordinária incerteza, de não se estar ancorado em coisa alguma. Não é desespero, nem desesperança, mas um sentimento de vácuo, de vazio, de frustração. Todos nós, por certo, conhecemo-lo; os ditosos e os desditosos, os que trabalham muito e os que estudam muito — todos o conhecem. A sensação de uma dor real e persistente, dor que não pode ser abafada, por mais que tentemos abafá-la.
            Acerquemo-nos mais uma vez deste problema, para vermos o que de fato ocorre, o que fazemos, quando nos sentimos sós. Procurais fugir ao vosso sentimento de solidão; tentais prosseguir, engolfando-vos num livro, seguindo um guia, indo ao cinema, cooperando diligentemente em obras sociais, ou pintando, ou praticando devoções e rezas ou escrevendo um poema sobre a solidão. Isso o que de fato se passa. Tornando-vos cônscios da solidão, da dor que ela causa, do temor extraordinário e insondável que a acompanha, buscais um meio de fuga, e este meio de fuga se torna mais importante do que tudo, sendo por isso que vossas atividades, vosso saber, vossos deuses, vossos rádios são tão importantes, não é verdade? Quando se dá importância a valores secundários, eles nos conduzem ao sofrimento e ao caos; os valores secundários são, necessariamente, valores dos sentidos; a civilização moderna, baseada que está nestes valores, proporciona-nos esses meios de fuga — fuga através de nossas ocupações, família, nome, estudos, a arte, etc.; toda nossa civilização está baseada nesta fuga, alicerçada nesta fuga. Isto é um fato.
            Já tentastes alguma vez estar sós? Se o tentardes, vereis como isso é extraordinariamente difícil e quão inteligentes precisamos ser, para podermos estar sós, porquanto a mente não nos deixa estar sós. A mente se inquieta, recorrendo aos costumeiros meios de fuga, e, por conseguinte, que estamos fazendo? Estamos procurando preencher este vazio extraordinário com o conhecido. Achamos meios de estar ativos, de trabalhar para o bem-estar social. Estudamos. Ligamos o rádio. Estamos enchendo aquela coisa que não conhecemos, com as coisas que conhecemos. Tentamos preencher o vazio com conhecimentos variados, relações, coisas de toda ordem. Não é exato isso? É assim que funcionamos, assim que existimos. Ora bem, depois de reconhecerdes o que estais fazendo, pensais ainda que se pode encher aquele vazio? Já tentastes todos os meios de preencher o vazio da solidão. Conseguistes preenchê-lo? Tentastes o cinema, infrutiferamente, e agora saís no encalço dos gurus, ou vos entregais aos livros, ou vos tornais muito ativos, socialmente. Conseguistes preencher o vazio, ou apenas o tapastes? Se o tapastes apenas, ele continua a existir, e portanto, voltará. Se conseguis escapar-lhe de todo, sois trancados num hospício ou vos tornais extremamente embotados. É isso que está acontecendo no mundo.
            Pode esse vazio, esse vácuo, ser preenchido? Se não, pode-se fugir dele, escapar-lhe? Se já experimentamos um meio de fuga e vimos que é sem valor, todos os outros meios de fuga não são também sem valor? Não importa que preenchais o vazio com isto ou com aquilo. A chamada meditação é também uma forma de fuga. Pouco adianta mudar o meio de fuga.
            Como então, descobrir o que se deve fazer a respeito da solidão? Isso só se pode descobrir quando desistis de fugir, não achais? Quando estais dispostos a fazer frente ao que é — o que significa que não deveis ligar vosso rádio, o que significa que deveis voltar às costas à civilização — então a solidão chega ao seu fim, porque se transformou completamente; já não é solidão. Se compreendeis o que é, o que é, então, é o real. Porque está sempre ocupada em evitar, em fugir, em recusar-se a ver o que é, a mente cria seus próprios obstáculos. Temos tantos obstáculos que nos impedem de ver, que não compreendemos o que é e fugimos, por isso, da realidade. Todos esses obstáculos foram criados pela mente, para não ver o que é. Para ver o que é, torna-se necessária não só muita capacidade e muita vigilância de ação, mas, também, que volteis as costas a todas as coisas que construístes, ao vosso depósito no banco, ao vosso nome, e a tudo o que chamamos civilização. Quando se vê o que é, a solidão se transforma.

Krishnamurti – A Primeira e a Última Liberdade – Ed. Cultrix
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill