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terça-feira, 26 de junho de 2012

Krishnamurti - Sobre o Amor

Descobriremos o que é o amor se compreendermos o que o amor não é, porque, sendo o amor o desconhecido, só podemos nos aproximarmos dele depois de rejaitar o conhecido. O desconhecido não pode ser descoberto pela mente que está repleta do conhecido. O que vamos fazer, é procurar compreender os valores do conhecido, considerar o conhecido e, depois de o considerarmos, pura e simplesmente, sem condenação, a mente se tornará livre dele e saberemos, então, o que é o amor. Assim, devemos chegar-nos ao amor de maneira negativa e não, positiva.

O que é o amor para a maioria de nós? Quando dizemos que amamos uma pessoa, o que queremos dizer? Queremos dizer que possuímos a pessoa. Da posse nasce o ciúme, porque se eu o perder, ou a perder, o que acontecerá? me sentirei vazio, perdido. Por conseguinte, legalizo a posse, retenho-o, ou retenho-a em meu poder. Do possuir a pessoa, resulta o ciúme, resulta o temor e os inumeráveis conflitos inerente a posse. Ora, posse não é amor, é?

O amor, por certo, não é um sentimento. Ser sentimental, ser emotivo, não é indício de amor, porque a sentimentalidade e a emoção, não passam de meras sensações. A pessoa religiosa, que chora por Jesus, por Krishna, por seu guru ou por outro qualquer, é apenas sentimental, emotiva. Está se deixando dominar pela sensação, que é um processo do pensamento e o pensamento não é amor. O pensamento é resultado da sensação; assim, a pessoa sentimental, emotiva, não pode, de modo algum, conhecer o amor. Não somos emotivos e sentimentais? A sentimentalidade, a emotividade, são apenas uma forma de auto-expansão.  Estar cheio de emoção não é amor, por certo, porque uma pessoa sentimental pode ser cruel, quando seus sentimentos não são correspondidos, quando não pode dar expansão aos sentimentos. Uma pessoa emotiva pode ser incirada ao ódio, à guerra, ao morticídio. O homem sentimental, lacrimosamente religioso, esse homem por certo não tem amor. 

Perdão é amor? O que subentende o perdão? Você me insulta, eu me ressinto; guardo na memória o insulto. Depois, forçado pelas conveniências ou pelo arrependimento, digo, "lhe perdôo". primeiro guardo, depois rejeito. O que significa isso? Que eu continuo a ser a figura central. Continuo a ser importante; sou eu quem está perdoando. Com essa atitude eu é que sou importante, não o homem que supostamente me insultou. Por conseguinte, quando acumúlo ressentimentos, e depois rejeito esses ressentimentos, e a isso chamo eprdoar, não há amor. O homem que ama não guarda inimizade, todas essas coisas lhe são indifererentes.   Arrependimento, perdão, um estado de relação em que há posse, ciúme, medo — nada disso é amor. São só coisas da mente, não é verdade? Enquanto a mente for o árbitro, não há amor, porque a mente só arbitra segundo seu interêsse de posse, e seu veredicto é sempre em favor da posse, sob diferentes formas. A mente pode apenas corromper o amor; não pode fazer nascer o amor, não pode oferecer beleza. Você pode descrever um poema sobre o amor, mas isso não é amor. 

Por certo, não há amor, quando não há verdadeiro respeito, quando não respeitamos os nossos semelhantes, seja nosso criado, ou nosso amigo. Você já notou que não sabe respeitar, que não sabe ser benevolente, generoso para com seus criados, para com as pessoas ditas subalternas? Vocês têm respeito pelos que estão em cima, pelo patrão, pelo milionário, pelo homem que tem uma suntuosa residência e um título, pelo homem que pode lhes dar uma posição melhor, um emprego melhor, de quem vocês podem ganhar alguma coisa.Mas vocês tratam a pontapés os que estão abaixo de vocês; para esses, você têm uma linguagem especial. Por conseguinte, onde não há respeito, não há amor. Onde não há compaixão, caridade, benevolência, não há amor. E como a maioria de nós se acha nesse estado, não temos amor. Não somos nem respeitosos, nem compassivos, nem generosos. Somos dominados pelo desejo de posse, cheios de sentimentos e emoções, que podem ser dirigidos para qualquer lado, para o assassínio, para a matança, ou para a unificação em torno de algum plano estravagante e ignorante. Em tais condições, como pode haver amor? 

Vocês só conhecerão o amorquando todas essas coisas tiverem cessado, acabado, quando você não possuírem, quando não forem emocionalmente devotos à um objeto. Tal devoção é súplica, é busca de alguma coisa, de maneira diferente. O homem que reza não conhece o amor. Visto que vocês têm inclinação para a posse, visto que buscam um fim, um resultado pela devoção, pela oração, que torna vocês sentimentais, emotivos, não existem, naturalmente, amor; não há amor, é evidente, quando não há respeito. Vocês podem dizer que tem respeito, mas o respeito de vocês é pelo superior, simples respeito inspirado pelo desejo de alguma coisa, ou respeito do medo. Se vocês sentissem respeito, realmente seriam tão respeitosos para com os mais humildes como para os chamados superiores. Como não temos esse respeito, não temos amor. Quão piucos de nós são generosos, indulgentes e caridosos! Vocês são generosos quando quando isso lhes compensa; você são caridosos quando esperam alguma retribuição. Quando essas coisas desaparecerem e deixarem de ocupar as suas mentes, e quando as coisas da mente não mais encherem os seus corações, então haverá amor. E só o amor pode transformar a loucura, a insanidade que vai pelo mundo hoje em dia — e não os sistemas, nem as teorias,  quer da esquerda, quer da direita. Só amam realmente, quando não possuem, quando não são invejosos, ávidos, quando são respeitosos, quando vocês têm compaixão e caridade, quando vocês têm consideração para com sua esposa, seus filhos, seu vizinho, seus pobres criados. 

O amor não pode ser pensado, o amor não pode ser cultivado, o amor não pode ser exercitado. A prática do amor, o exercitar da fraternidade,  está ainda dentro da esfera da mente e, por conseguinte, não é amor. Quando tudo isso tiver cessado, então, nascerá o amor, e você saberão então o que é amar. O amor não é então quantitativo, mas qualitativo. Vocês não dizem "amo o mundo inteiro"; quando sabem amar a um só, sabem amar o todo. Porque não sabemos amar a um só, nosso amor à Humanidade é fictício. Quando você amam, não há nem um, nem muitos: só há amor. 

Só quando houver amor, poderão todos os problemas ser resolvidos, e  conheceremos então a sua bem-aventurança, sua felicidade.

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill