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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Krishnamurti — A Investigação da Verdade

Será que existe alguma coisa na vida que seja sagrada, alguma coisa não inventada pelo pensamento? O homem vem a interrogar-se sobre isso desde tempos imemoriais. Existirá alguma coisa para lá desta confusão, desta infelicidade composta de trevas e ilusões, alguma coisa além das instituições e reformas? Existirá alguma coisa verdadeira que se situe além do tempo, algo tão imenso que o pensamento não consiga alcançar? O homem sempre pesquisou isso mas, aparentemente, só umas quantas pessoas gozaram de liberdade para poder penetrar nesse mundo. Desde a antiguidade que a figura do sacerdote se vem colocando entre aquele que busca e aquilo que ele espera achar, interpretando e destacando-se como "aquele que sabe" — ou pensa que sabe! — enquanto que aquele que procura é deixado à margem, e segue transviado e perdido.

O pensamento, faça o que fizer, nunca é sagrado. É um processo tão material como nós. No entanto o pensamento dividiu as pessoas em religiões e nacionalidades. O pensamento brota do conhecimento mas o conhecimento jamais é completo — seja com relação ao que for — e como tal deverá ser sempre limitado e separativo. E onde imperar a ação separativa deverá existir conflito, seja sob a forma de comunismo e capitalismo, árabes e judeus ou hindus e muçulmanos. Todas essas divisões têm origem no processo do pensamento, mas onde imperar a divisão deverá haver conflito. Isso é lei. Nada daquilo que tenhamos criado com base no pensamento é sagrado, seja nos livros ou nas igrejas, nos templos ou nas mesquitas; nenhum símbolo é sagrado. Não se trata de religião mas sim duma forma de pensar e duma reação superficial ao que denominamos de "sagrado".

Para podermos explorar a questão da verdade devemos reunir todas as nossas energias e ser cuidadosos para não agir de acordo com um padrão estabelecido mas, ao invés, observarmos os próprios pensamentos, os nossos sentimentos, os nossos antagonismos e medos e irmos além, de modo a que a mente possa encontrar completa liberdade. Para podermos explorar o que há de mais sagrado, o inominável, o intemporal, obviamente que não podemos pertencer a nenhum grupo nem religião, nem podemos sustentar crença nenhuma nem fé, porque toda a fé e crença postulam a verdade de uma coisa que pode bem não existir. É próprio da crença aceitar uma coisa qualquer como verdadeira sem questionarmos o seu objeto através de investigação de nós próprios, pelo emprego da toda a nossa energia e vigor. Nós acreditamos porque a crença traz-nos algum tipo de segurança e conforto, mas aquele que busca o mero conforto psicológico jamais atingirá aquilo que se encontra além do tempo. Portanto temos de fazer uso de toda a liberdade. Será possível sermos livres de todos os nossos condicionamentos psicológicos? O condicionamento biológico é natural mas o psicológic — o ódio, o antagonismo, o orgulho e tudo aquilo que produz confusão — perfaz a própria natureza do ego, que é formado pelo pensamento.

Para o descobrirmos necessitamos de toda a atenção, e não concentração. Meditar é verdadeiramente importante porque se a mente se tornar meramente mecânica, como o pensamento é, jamais poderá atingir aquilo que é total, a suprema ordem e, portanto, a liberdade completa. O universo contém a mais perfeita ordem. Só a mente humana se acha em desordem; contudo necessitamos de uma mente extraordinariamente ordenada, uma mente que tenha compreendido a desordem e se veja livre da contradição, da imitação e do conformismo. Uma mente assim poderá prestar atenção, e ficar inteiramente atenta para com o que faz e todas as suas atitudes no campo do relacionamento. Mas atenção não quer dizer concentração. A concentração é um processo restritivo, estreitecedor e limitado, enquanto que a atenção não tem limites. A atenção possui aquela qualidade de silêncio, mas não o silêncio inventado pelo pensamento nem o silêncio que sucede ao barulho, tampouco o silêncio entre um pensamento e outro. Tem que ser aquele silêncio que não é criado pelo desejo, nem pela vontade nem pelo pensamento. Nessa meditação não existe controlador. Em todos os sistemas inventados pelos mais diversos grupos sempre podemos achar presente o esforço, o controle, a disciplina. Porém, disciplina significa aprender, não ajustar-se; aprender, de modo que a nossa mente se torne gradualmente mais subtil. Aprender é um movimento constante que não se baseia no conhecimento. A meditação consiste em libertar-se do conhecido, conhecido esse que constitui uma forma de medição. Nessa meditação existe um completo silêncio. Só nesse silêncio, pode fazer-se presente aquilo que é inominável.

Krishnamurti - O significado autêntico da meditação — 16 Maio 1982
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill