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segunda-feira, 25 de junho de 2012

É Amor o que chamamos de amor?

Sobre o amor
Fomos condicionados a uma idéia do que seja amor, e fazemos do próprio condicionamento, nossa dependente expressão de amor. Muitos não despertam para essa realidade. No entanto, um minucioso e destemido inventário, pode apontar que aquilo a que se referem como sendo amor, não tem nada haver com as qualidades genuínas e inenarráveis do amor. O que elas chamam de amor, se traduz pela preocupação existente por detrás dos velados interesses, da dependência emocional, da busca por segurança, da fuga da solidão, da incapacidade de ficar consigo mesmo, e da inquestionada busca para atender as expectativas estabelecidas pela tradição do grupo social. 

Se formos realmente honestos, através da observação sem escolhas, verificaremos que "amamos" as pessoas enquanto as mesmas se enquadram na imagem que formamos daquilo que nos é mais interessante. Se a pessoa que "amamos" passa a pensar e a agir em não conformidade com a nossa linguagem, com nossas necessidades, com a imagem que formamos como sendo o modo correta dela se comportar, começamos a julgá-la, a preconceituá-la e não raro, a rejeitá-la. Então eu pergunto:

Onde está o amor em tudo isso?

Como pode existir o amor onde existe expectativas veladas ou declaradas, o julgamento e a condição?

Percebo que nas relações, "amamos e somos amados" enquanto não expressamos o que realmente pensamos e sentimos, enquanto sustentamos as zonas de conforto criadas por tais "relações amorosas". Se realmente dizemos o que pensamos e sentimos, se realmente apresentamos o teor da nossa natureza interior e o mesmo não condiz com a imagem e suas respectivas expectativas feitas por terceiros, automaticamente entramos em seus julgamentos e não raro, somos condenados e assim como condenamos ao ostracismo.

O que foi condicionado como sendo amor, não passa de uma série de veladas expectativas de segurança, onde sempre o medo e o apego se fazem presentes nas bases dessas relações. "Amamos" não de maneira incondicional, mas sim, por aquilo que esse amor possa nos proporcionar. Não pode haver amor, onde existe expectativa,  julgamento, desejo de conformação e ajustamento, pois tudo isto , só pode gerar violência, conflito e separatividade. Onde existe o julgamento, onde existe a expectativa não pode existir espaço para a genuína unidade. Onde existe o julgamento, não pode haver confiança, onde existe expectativa, não pode haver liberdade e onde não existe confiança, não pode existir entrega, e assim, pergunto: sem estes, como pode haver um estado de ser cuja essência seja comunhão e real intimidade?

"Amamos" as pessoas, desde que elas estejam suprindo nossas expectativas, quando tomamos consciência de que as expectativas de outrora já não não são reais, descartamos as mesmas, e quase sempre, com elas, as pessoas associadas às mesmas.

Ao meu ver, aquilo que convencionamos chamar de amor, não passa de puro egoísmo, apego dependência das mais variáveis, auto-interesse.

Enquanto há julgamento, há resistência e onde há resistência não há espaço para a entrega que possibilita a comunhão. O julgamento cria a resistência que por sua vez, amplia a ilusão de separatividade. Enquanto houver julgamento, haverá contradição, distanciamento, isolamento, separação - e não haverá a entrega e a ação do verdadeiro escutar que é isento de julgamento, preconceitos e idéias. Só no verdadeiro escutar que é isento do medo - raiz de todo julgamento - poderá existir a comunhão, onde o verdadeiro amor pode se expressar. Para haver uma verdadeira escuta, temos que estar livres de qualquer pensamento, pois o pensamento está condicionado pela experiência passada, pela imagem feita do que seja certo ou errado e se ficamos presos na experiência passada, naquilo que é tradição, de forma alguma poderemos estar no Aberto, onde o autêntico amor possa se expressar.

Percebo que nossa sociedade, com todos seus relacionamentos, se movimenta por meio de imagens. Se não nos relacionássemos por meio de imagens, mas sim com o que é, todo o sistema entraria em colapso, pois não haveria espaço para a moda, que é a grande mantenedora da ilusão. Só precisamos da moda porque nos relacionamos por meio de imagens.

Pode haver amor quando nos relacionamos com imagens, com ilusões e não com aquilo que é? Como posso amar uma pessoa se devido ao medo inconsciente me mantenho preso ao condicionamento das imagens do modelo de pessoa ideal, passado insistentemente pela família, sociedade - pela tradição? A tradição nos trai e ao nos trair nos destrói toda possibilidade de encontrar a capacidade de amar incondicionalmente, pois a tradição está presa numa escala de valores pertencentes a um determinado tempo e espaço (época, região e cultura). O amor não pode estar no tempo, no espaço e nem no pensamento.

Aquilo que convencionamos chamar de amor, não passa de uma mera idéia do pensamento. Pensamos que amamos nossos companheiros, nossos filhos, nossos amigos, nossa pátria, nosso time, nosso emprego, nossos grupo espiritual. PENSAMOS!

Como podemos amar alguém se estamos constantemente a nos julgar? Enquanto estivermos divididos entre aquilo que somos e aquilo que deveríamos ser, não poderá existir o "amor-ser" e sem a experiência interna e pessoal do amor, não poderá existir um transbordamento além-ético para "o aparente exterior". Só haverá um respeito condicionado. Não poderá existir uma autêntica relação entre aquilo que É - somente haverá ilusões e novamente estaremos presos nas imagens.

Creio que precisamos estar atentos para as imagens que criaram e criamos para nós mesmos. Se persistirmos em viver através de imagens, abortaremos toda a nossa originalidade, autenticidade e conseqüentemente, nosso potencial criativo. Como resultado, viveremos sempre atrás de imagem de que somos felizes e satisfeitos com a vida e dessa forma, nunca nos depararemos com propriedade com a realidade de que somos insatisfeitos e sem a aceitação de que somos insatisfeitos, nunca poderemos chegar a uma experiência pessoal da Realidade, daquilo que É.

Creio que se queremos realmente adquirir a capacidade de amar, ou seja, a capacidade de nos relacionarmos com aquilo que é, e não com as imagens que nos convém, temos que nos aprofundar na natureza exata dos nossos pensamentos e na qualidade dos sentimentos gerados pelos mesmos pensamentos, - mas tudo isso, ISENTO DE JULGAMENTO, de escolha dos resultados, pois isso gera o conflito e como podemos amar se nos mantemos num constante estado de conflito? Creio que enquanto vivemos sem a observação, isenta de julgamento, dos nossos pensamentos, com sua origem e seu término, não existe a possibilidade de não criarmos mais confusão e conflitos em nossas relações. Creio também que só podemos adquirir a capacidade de amar e de nos relacionarmos livres da ação de qualquer imagem, quando somos capazes de compreender a origem dos nossos pensamentos, isentos de qualquer esforço para modificá-los conforme um padrão preestabelecido. Se queremos viver a experiência direta do amor, e não daquilo que pesamos ser amor, precisamos pela compreender a nós mesmos por meio da observação, da meditação constante de nossos pensamentos e sentimentos.

O resto - é só imagem!
Outsider44
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill